Capítulo Único.

2K 330 361
                                    



É a primeira vez em que JongDae e eu ficamos sozinhos assim. Estamos presos numa salinha de limpeza da SM, apenas nós dois, no escuro e no frio. Os membros do EXO decidiram fazer um jogo, quem errasse iria fazer a limpeza da sala de ensaio. Nós dois perdemos o jogo e após limparmos tudo, fomos guardar os produtos, mas alguém acidentalmente nos trancou ali. Eu estou congelando, tremendo. Ele também.

-Hyung, não iria amenizar o frio se ficarmos próximos?-JongDae diz, me encarando. Em resposta, eu aceno positivamente com a cabeça e percebo que ele se aproxima de mim.

-Juro que mato a pessoa que nos trancou aqui, mesmo que tenha sido acidental.-Digo, suspirando.

-Você é fofo demais para matar alguém, Minseok. -Ele sorri largamente. A pouca iluminação fornecida pelo luar, que ultrapassava as vidraças escuras da janela me permitiam analisar o rosto de JongDae. Ele é tão lindo sem maquiagem, sorrindo, ainda mais quando estamos juntos desta forma.

-Assim está melhor... -Apoio a cabeça no ombro esquerdo dele. O frio estava sendo substituído por um estranho calor. Ele não vinha de fora. E sim, de dentro, eu me sentia aquecido por dentro, era uma sensação estranha...

O fato de estar trancado com ele me deixa feliz de certa forma, ultimamente nós trabalhamos muito, muito mesmo, e quase o tempo todo estávamos com nossos companheiros do EXO. Eu não tinha oportunidade de estar com ele. Sempre que eu tentava falar com JongDae a sós, alguém interrompia, a noite no dormitório, nós ficávamos exaustos e dormíamos até que chegasse a hora de levantar, comer e trabalhar. Então eu tenho que aproveitar este momento com ele, pois é algo muito raro de se acontecer...

-Está calor, não está?-Ele começou a retirar a camisa, eu o observei, corando.

-Não, não está. -Empurro suas mãos e começo a abotoar a camisa dele- Você ficará doente se retirar suas roupas neste frio.

-Mas não estou com frio.-Ele coloca suas grandes mãos sobre as minhas e nos observamos por longos instantes. Meu coração batia mais forte e mais rápido. Sabe quando dizem que quando morremos, nossa vida inteira passa diante de nossos olhos? Algo parecido aconteceu comigo neste momento, mas o que passou diante de mim foram todos os momentos em que tive com JongDae, desde quando nos conhecemos, até hoje. Quando me dei conta, já estávamos lentamente aproximando os lábios um do outro. O empurrei e corei tão forte quanto um tomate maduro. Ele pareceu decepcionado e abotoou a camisa novamente, ficando em silêncio.

-JongDae...-Eu segurei seu pulso levemente e o encarei com os olhos brilhando.

-O que?-Ele segurou minha mão e me encarou de volta.

-Eu...-Me encolhi ao vê-lo me encarar com um olhar tão profundo. Me senti envergonhado. Aquela talvez fosse minha única chance de me confessar para ele, já que não ficamos sozinhos. E mesmo que nossa amizade se arruíne ~coisa que não quero de modo nenhum~, eu quero que ele esteja ciente dos meus sentimentos, mesmo que eu tenha quase certeza que é um amor platônico. Afinal JongDae é hétero...

-Seja lá o que quiser dizer, diga. Só não se arrependa depois.

-Eu gosto de você.-Me senti explodir por dentro. Uma enorme explosão de sentimentos. O "calor" aumentou e me senti trêmulo e nervoso, mas naquela altura, não poderia mais parar -Não como amigo. Eu quero ser seu namorado. Eu quero ver você sorrir mais vezes. Quero te abraçar mais vezes, sentir seu toque mais vezes. Eu queria poder te beijar, sem ter vergonha que as pessoas nos olhem, queria poder andar de mão dadas como casais fazem, eu queria ouvir você sussurrando um "eu te amo" em meus ouvidos. Eu queria que você escrevesse uma música romântica e cantasse ela só para mim. Eu estou dizendo o que penso, correndo o risco de magoar você e a mim mesmo, por que quero que receba meus sentimentos, mesmo que não os possa corresponder. JongDae, eu te amo, desde quando te conheci.

JongDae arregalou os olhos após minha confissão. Eu então fechei meus olhos bem apertado para não vê-lo rir da minha cara e nem dizer o que sempre dizem, "vira homem". Quando percebi que ele havia ficado em silêncio, abri meus olhos lentamente e o encarei. Ele sorria serenamente enquanto me encarava com afeto. O mesmo levou a mão direita até o topo da minha cabeça e afagou meus cabelos.

-É isso o que queria me dizer? -Ele riu leve e brevemente.

-Por favor, não ria! Eu estou sendo sincero sobre meus sentimentos, eu sei que você é hétero e que nunca ficaria com outro homem, principalmente eu, que sou seu melhor amigo, mas eu não quero guardar meus sentimentos somente para mim mesmo mais.

-Quem disse isso?

-Disse o que?

-"Eu sei que você é hétero e que nunca ficaria com outro homem, principalmente eu, que sou seu melhor amigo"

-............

-Eu nunca disse que era hétero. Eu nunca disse que nunca ficaria com um homem. E nunca disse que você é meu melhor amigo.

-Então eu sou menos que isso, para você?

-Não, é claro que não... -Ele me puxou para mais e mais perto -Eu também gosto de você MinSeok. Não como amigo, como um homem, da mesma forma como você diz gostar de mim. -Meus olhos se enchem de lágrimas e sinto ele acariciar meu rosto suavemente. - Eu sempre quis acariciar deste jeito as bochechas do porquinho-da-índia mais fofo de toda a Coréia.

-Eu não sou um porquinho-da-índia. -Enxugo as micro-lágrimas em meus olhos e o encaro.

-Mas parece um. E se fosse, eu te trancaria só para mim dentro de uma gaiola. -Ele dá uma leve risada e logo me observa sério-Hyung...

-O que? -Continuo o encarando.

-Você quer ser meu... hmm... você sabe... meu namorado?

-Foi pra isso que me confessei. -Me senti explodindo por dentro, como um monte de pipoca no microondas, estourando para todo e qualquer lugar aleatório. - Sim, eu quero.

JongDae deu o mais belo sorriso de todos os que já o vi dando, me puxou pela cintura e aproximou tanto seu rosto do meu, que pude sentir sua respiração, até que nossos lábios se tocaram. Ele me beijava lentamente. Sua boca era macia e sua língua tinha um gosto adocicado. Era uma noite muito fria, com neve, escura, molenga. Mas naquela salinha de limpeza em especial, estava muito quentinho. Quando nós finalmente paramos de nos beijar, ouvimos a porta da salinha se abrir, e KyungSoo dar um sorriso maroto para nós. Foi tudo obra dele, aparentemente.

-Os pombinhos podem sair agora, de nada por ajudá-los a se tornarem um casal.

Eu me levantei e corri atrás dele, que correu também, mas quando finalmente consegui o encurralar, apertei sua mão e me curvei.

-Obrigado, dongsaeng.

Daquele dia em diante, JongDae e eu nos assumimos como casal.




Eu nunca me esquecerei daquele dia.

One Shot- A sala de limpeza.Onde histórias criam vida. Descubra agora