Aula 3

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2.7 LÂMINAS DO SUBTERRÂNEO

A magia para fazer mal ao inimigo foi identificada por Platão, nas Leis, como katadesmos ou defixiones. O nome deriva do verbo katadeo, que significa amarrar, prender, imobilizar alguém embaixo da terra. O termo tece aproximações no sentido de afundar, enterrar, ocultar e tem como equivalente no latim a palavra defixio, ou seja, fixar embaixo junto ao mundo dos mortos. As duas palavras nomeiam as finas lâminas de chumbo que circularam no universo do Mediterrâneo grego e romano do séc. V a.C. até o VI d.C. O uso das lâminas de chumbo para prejudicar o inimigo resistiram às mudanças de contexto sociocultural de Atenas como a consolidação do regime democrático, ultrapassou o período de crise da forma de governo democrático com as investidas da realeza de Alexandre da Macedônia e a subordinação ao Império Romano.

- Platão conhecia bastante o mundo bruxo?

- Sim, como podemos ver em suas obras sobre os mundos paralelos.

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"CARTA PARA O ALÉM: Os deuses evocados nas lâminas são Hecate, Hermes, Perséfones, Hades, Cérberos. Todos pertencem ao mundo subterrâneo e têm o epíteto de ctônios, cuja função é deter e manter no mundo dos mortos os inimigos. A única divindade ausente nas lâminas é Caronte, que nunca é mencionado."

Várias lâminas de chumbo foram encontradas em cemitérios, nos santuários, em poços d'água e nos leitos de rios em Atenas. A incidência maior e mais documentada é o Cemitério do Kerameikos, em Atenas, atravessado pelo rio Eridanos, cujas escavações estão sob a responsabilidade do Instituto Alemão de Arqueologia, o German Archaeological Institute in Athenas.

"Não procure ganhos injustos; eles são equivalentes ao desastre." - Hesíodo, Os Trabalhos & os Dias.

As lâminas de chumbo identificadas também como tabletes de imprecação apontam para uma diversidade de modelos de fórmulas mágicas inscritas nas superfícies dos defixione, tais como maldições contra testemunhos de processos judiciais, imprecações contra atividades comerciais, contra adversários de disputas atléticas e solicitação para eliminar um rival envolvido em triângulo amoroso. Os arqueólogos alemães e ingleses identificam o total de 2500 lâminas de chumbo com maldições espalhadas por diferentes museus públicos e coleções privadas da Europa. Deste total, apenas 600 foram identificadas e catalogadas. No Brasil, o Núcleo de Estudos da Antiguidade, da Sede de Attalea – UERJ, detém as cópias de 250 lâminas em processo de tradução para uma futura publicação.

A magia de fazer mal ao inimigo manteve o ato de enterrar objetos nos túmulos, como unhas e cabelos da vítima amaldiçoada.

- Até hoje se vê pessoas entendedoras fazendo isso: colocando nome ou foto de inimigos dentro de um caixão e tudo mais.

- Sim. Essa ideia parte do conceito de canalização de energia. Sendo a magia inerente ao homem, o homem mágico agrega sua energia a seus pertences. A lealdade da varinha se fundamenta nisso. A varinha de relaciona tanto com o seu portador, que cria um laço de lealdade. O mesmo acontece com outros pertences, de forma mais amena.

As inscrições presentes na superfície das lâminas são conhecidas desde o século XIX; começaram com o filólogo Albrecht Dieterich que lançou a ideia de reunir todos os papiros com as maldições, porém o trabalho só foi concluído pelo seu aluno Richard Wünsch. As publicações com as últimas descobertas estão no livro de D.R.Jordan em 1985 e Maria A. Jimeno em 1999, ambos ainda não traduzidos para o português.

História da Magia - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora