Perrie continuou observando pelo vidro, agora mais atentamente. Alguns médicos haviam entrado no quarto, conversavam com Trisha que mantinha o semblante triste, ela nem tentara adivinhar o porquê, só conseguia olhar para o rapaz sentado no chão do quarto, com os fones de ouvido e olhos vermelhos, ele parecia completamente devastado e ela não conseguia pensar no que teria deixado-o daquele modo.
Era terrível olhar para Zayn daquela maneira, Perrie nunca descobrira tanto sobre alguém em um dia. Ele sempre aparentou ser o tipo de garoto que debocha de todos e não quer nada com a vida, mas naquele dia, parecia que tudo estava sendo tirado dele, e isso doía. De alguma forma, chegava a ser doloroso vê-lo daquele jeito, Perrie sentia que iria começar a chorar a qualquer momento, ela observava as expressões de seu rosto, mesmo que de longe, ela conseguia sentir a sua dor.
Trisha e os outros médicos haviam sentado e continuavam conversando, ela tentava relacionar ela à Zayn, mas ela não conseguia raciocinar enquanto o via sofrer em total silêncio, e ninguém dentro do 304 parecia se importar. Como se lesse seus pensamentos, Zayn apressou-se em sair do quarto, no corredor, ficou parado por um momento, talvez retomando o fôlego, e então Perrie o assistiu sair as pressas, olhou para o seu pai de relance, ainda dormia, então ela saiu do quarto, dando de cara com Olivia, uma residente conhecida.
- Perrie! Eu soube que-
- Você é um anjo que Deus enviou. - Perrie a interrompeu, ela sorriu desajeitada. - Está de plantão hoje? - a ruiva assentiu. - Ótimo, eu realmente preciso que fique de olho no meu pai, caso ele acorde, diga a ele que estou aqui e não irei demorar, pode fazer isso por mim? - Perrie pediu e Olivia confirmou, então ela seguiu por onde Zayn havia passado.
Só havia um problema, ela não sabia onde ele estava exatamente, mas não demorou muito para que o achasse. Ao olhar pela janela do 3º andar, pôde vê-lo no estacionamento. Correu para o elevador mais próximo, demorava demais, foi de escadas. Ao chegar no térreo, parou e respirou fundo. O que estou fazendo? O que vou dizer? Foi o que pensou, afinal, ela tinha feito todo esse trajeto por puro impulso, talvez ele tivesse razão, Perrie não daria uma boa médica se corresss pelo hospital cada vez que visse alguém em total tristeza.
Passou os braços contra seu corpo por conta do frio e passou a procura-lo pois tudo o que estava ao alcance de sua visão eram carros. Perrie passou por cada um, até que, quase no final da garagem ela o viu, estava sentado no chão, encostado em um carro, fumando. Zayn poderia estar em um clipe da Lana Del Rey como o garoto que odeia a vida mas é bonito pra cacete, ela se sentia péssima por isso, ele estava, visivelmente, destruído emocionalmente, e tudo o que ela vira fora sua beleza?
Pensou no que poderia dizer, mas nada que fizesse algum sentido veio a sua mente, então apenas andou até ele e sentou-se ao seu lado. Zayn ignorou totalmente a presença da mulher e continuou fumando, ela não se importou.
- Eu odeio hospitais. - Zayn começou, ela arqueou as sobrancelhas.
- Eu sou médica. - lembrou.
- Certamente, mas isso não quer dizer que você tenha que amar hospitais. Você deveria amar poder ajudar quem precisa, entende? Mas hospitais são um saco, Perrie. Pessoas morrem todos os dias, e ninguém pode evitar isso.
- Você não está olhando para o outro lado. É verdade, pessoas morrem todos os dias. Mas pessoas nascem todos os dias também. Vidas são salvas e famílias são restauradas. Nós temos que continuar por aqueles que ainda estão aqui, e precisam de nós.
- E se você não tiver ninguém? - ele perguntou enquanto observava o cigarro por entre os dedos.- Então espere, você terá. - ela concluiu e ele a olhou.
A primeira reação de Perrie foi abraça-lo. Ela o abraçou forte pois ao olhar em seus olhos, ela conseguiu ver que ele sentia dor, e ela sabia o quanto era horrível precisar de alguém e não ter.
- O que aconteceu lá, Zayn? Você não precisa me dizer, claro. - ela perguntou enquanto acariciava levemente os cabelos do rapaz, que tentava assimilar o que havia acontecido. Ele enxugou as poucas lágrimas e contou-lhe.
- Eu tenho um irmão mais velho, tinha, acho. Seu nome era Math, ele tinha 28 anos, morte cerebral.
- Eu sinto muito, de verdade.
- Eu sei que sente, obrigado. - ele agradeceu dando-lhe um pequeno sorriso como recompensa, ninguém nunca tinha feito algo do tipo por ele. Sempre fora ele e Matthew. Seu irmão mais velho era inteligente e dedicado, o preferido de todos, mas isso nunca interferiu em seu relacionamento, muitas vezes Matthew fora mais pai de Zayn do que seu próprio pai. Nunca tinham demonstrado interesse no que ele falava ou sentia, mesmo sendo um momento difícil, ele queria muito agradecer à Perrie.
- Escuta, Zayn. Eu preciso ir ver meu pai agora, eu realmente espero que você fique bem, sei que deve estar sendo difícil pra você, então leve o tempo que precisar. - ela falou levantando-se e arrumando a roupa. - Vou ficar aqui a noite toda, eu acho. Então se precisar de alguém, estarei no 303.
• espero que deus me perdoe por ter ficado quase 1 mês sem att e vcs tbm!!!!
• Obrigadinha pelas +400 views, vcs são incríveis ❤❤❤❤
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Cigarette - z&p
RandomEle fumava para distrair-se. Ela odeia pessoas que fumam. isntowers