"I wish that i had known in that first minute we met, [...] i didn't believe them when they called you a hurricane thunderclap."
Desci as escadas amaldiçoando o elevador que havia resolvido não funcionar justamente quando eu mais precisava dele. Equilibrei a pilha de pastas em um de meus braços e empurrei a porta com a minha mão livre.
Irritação, confusão e frustração foram as únicas coisas que eu fui capaz de sentir nos últimos dias. Eu não comia, não dormia, não lia nada além daqueles malditos arquivos que não me levavam a lugar nenhum. Suspirei, me preparando para mais um dia exaustivo de investigações que provavelmente me fariam encher o cu de álcool no final do expediente e me renderiam uma enxaqueca terrível amanhã.
-Muito bem, garotas. -Iniciei. Vários pares de olhos castanhos viraram para me encarar. -Queiram me acompanhar até as... -Minha frase foi interrompida bruscamente quando algo se chocou contra as minhas costas. A surpresa foi tamanha que travei por um momento antes de me virar. Caída de costas, se encontrava uma menina. Mesma faixa etária das demais, entre 16 e 19 anos. Mesmo cabelo cor de chocolate, entre um e sessenta e um e sessenta e sete. O celular da garota estava espatifado no chão, o que significava que ela provavelmente se chocou contra o meu corpo porque estava ocupada demais mexendo no mesmo para prestar atenção por onde andava.
-Você vai ficar parado aí feito uma estatua? -A voz dela se fez presente, e que presença. Não foi necessário mais do que uma frase para eu sentir em meus ossos seu espírito. E sua petulância também.
-Desculpe? -Perguntei, erguendo uma sobrancelha. Ela bufou.
-Pensei que pelo menos os caras velhos possuíam um pouco de educação, eu hein. -Meu queixo caiu, mas nenhuma palavra foi proferida de imediato, levaram alguns segundos para que eu recuperasse a minha voz e a minha dignidade.
-Não sou velho, criança.
-Que seja, eu também não sou criança e ainda sim é como me chama. -Ela deu de ombros, me perguntei quando ela iria se mexer para levantar dali. Permaneceu me olhando. -Sério? Nenhuma mão estendia? Nenhum "desculpe por ser um poste e te fazer cair?"
-Da ultima vez que eu chequei, qualquer pessoa com visão enxergaria um cara do meu tamanho. Então, a não ser que você seja cega, creio que a culpa é exclusivamente sua por usar o celular ao mesmo tempo que anda, docinho.
-Não me chame assim. -Ela praticamente rosnou. -Não sou seu docinho. -A morena se levantou, batendo a poeira do traseiro. -Afinal de contas, quem diabos é você?
-Agente Ian Somerhalder. -Respondi. -Estou aqui para conversar com cada uma de vocês.
-Ótimo. -Ela disse, com a voz recheada de ironia. -Passaremos horas trancados em uma sala fechada. Mal posso esperar. -Que criaturazinha mais petulante! Eu estava, no mínimo, ultrajado. Não me gabando, mas a maioria das garotas não tinham tempo para me insultar por estarem ocupadas demais praticamente babando. E agora aquele ser que mal batia no meu ombro me vinha cheia de ironias e... petulância.
-Qual é o seu nome? -Perguntei.
-Louise Taylor. -Respondeu, sem nem me olhar no rosto.
-Hm. -Respondi, também tentando não dar mais atenção a ela do que o estritamente necessário. -Bom garotas, por ordem de chegada, o que significa que a Senhorita Taylor aqui, -Apontei para a criatura incrédula ao meu lado. -É a ultima da fila. -Sorri de lado, satisfeito por ter causado algum desconforto na menina que me conhecia a cinco minutos e já tinha feito isso uma dezena de vezes.
-Isso é ridículo! Quem foi que inventou essa regra idiota? -Ela perguntou.
-Hm, acho que fui eu mesmo. -Respondi, irônico. Ela me lançou um olhar de morte, daqueles que eu agradecia por ter gente o suficiente em volta para impedir caso ela tentasse me estrangular com a camisa xadrez que amarrava na cintura. Ela começou a andar em direção ao elevador, e mais uma vez eu sorri satisfeito antes de dizer:
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Beautiful Journey
Romance"Eu já tentei dizer a eles, num momento de lucidez, que isso acontece porque eu sou muito mais ela do que sou eu. Compartilhávamos o mesmo coração. Éramos a mesma alma habitando diferentes corpos. Pode um homem esquecer seu nome? A resposta s...