08/07/2016 17:30h.
Vi Damares pela primeira vez.
Como conheci a protagonista dessa história não é importante, foi um acaso, minha falta de timidez e a espontaneidade da garota que já trabalha com sete anos.
Porto Seguro foi a melhor viagem de formatura que eu poderia ter tido, mas a cidade para Damares não era tão colorida ou tão cheia de graça como foi pra mim.
Nos primeiros cinco minutos de conversa com a filha da moça que fazia tranças na porta do meu hotel, eu tentei conquista-la, cócegas na barriga e sorriso calmos.
Dez minutos após eu saber seu nome, ela já estava em meu colo, comprida e magra a menina se fez grande perto de mim, mas isso não a impediu para que cruzasse os braços no meu pescoço e enlaçasse suas pernas em mim é carinhosamente, assim ela compartilha comigo detalhes da sua vida.
Ludimillah era como ela gostaria de se chamar, assim, exatamente assim, "cheio de letras chiques" segundo ela mesma me descreveu.
Damares perdeu uma irmã bem nova, ela não se lembra da feição, apenas do carinho.Eu compartilho um segredo de família "Minha mãe sempre me falou, que quando perdemos alguém que amamos, essa pessoa se torna uma estrela, você sabia disso?" Damares me olha e ri, não acreditando, ela ri da minha imaturidade e pede pra eu parar de ser boba, mas ela não desgruda os olhos do céu.
Depois de um tempo, um largo espaço de tempo, mas em que minutos não me recordo mais, eu me despeço da menina, relutante ela me convida para vê-lá amanhã novamente, eu dou tchau com a certeza que seria a última vez.09/07/2016 11:00
Eu acordo cedo, saio do quarto e vou para a piscina do hotel, perto da hora do almoço e no meu último dia de viagem eu decido que devo ir á calçada na frente do Sarana para comprar lembranças á minha família. É com surpresa que encontro Damares sorrindo em minha direção. Ela senta em uma toalha estendida com alguns brinquedos velhos e surrados. "Eu trouxe pra gente brincar". Essas palavras me tocam e me fazem pensar que nosso encontro de ontem a noite significou algo pra ela. Depois de decorar os nomes das bonecas sujas e vesti-las para um baile, Damares reclama que está com fome, perto da hora do almoço meu estômago também reclama, mas eu tomei café da manhã e comer agora seria gulodice. Não para a menina que não comia nada desde ás 6 da manhã. Sua mãe lhe dá um pacote surrado de pipoca que me parecia ser de ontem, não devia ter mais que uns dois punhados de pipoca, mas a garota não se importa, ela me oferece, ela insiste em que eu divida o pacote com ela.
Eu presenciei o dia de uma menina de sete anos da qual conta os problemas em casa com a maior naturalidade do mundo enquanto faz tranças no meu cabelo e conta dezenas de histórias. Penso eu que nem em três anos de ensino médio, eu aprendi tanto como aquele dia 08 e 09 de julho, aquela menina me fez entender questões simples em algumas horas de conversa. Eu gostaria que todos pudessem conhecer alguma Damares na vida. E para completar, aqui não se encontra nem metade do que eu ouvi e presenciei naquela noite e naquele dia, era preciso contar sobre a garota de 17 anos que levava consigo o filho Lucca de oito meses, enquanto a filha de 3 anos a esperava em casa. Seria preciso também contar sobre a mãe de Damares que desabafou sobre o preço do feijão e deu seu testemunho simples sobre política, nenhum filósofo renomado vestido de Calvin Klein seria capaz de depor sobre o governo sendo tão direto e rico em palavras.
Damares conquistou um espaço no meu ser, e eu tenho certeza que a levarei para conhecer cada canto do mundo dentro de mim.
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