Prólogo

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Isabella caminhava cuidadosamente e devagar pelas ruas de Washington.

Seus braços estão ocupados com um embrulho rosa que emitia leves sons. A moça apesar de jovem, já possuía uma grande responsabilidade em suas costas. Há pouco tempo atrás estava em um convento sendo abrigada e alimentada por freiras bondosas, mas o seu tempo naquele lugar havia se esgotado e ela precisou partir.

Sem saber pra onde ir ou o que fazer com sua recém-nascida nos braços, ela se deu conta que sua vida estava acabada. Não havia mais saída. O que ela poderia fazer? Era mãe de um bebê de dois meses e não tinha para onde ir ou o que comer, a única coisa que possuía era as roupas do corpo e 100 dólares que havia ganhado de uma das freiras do convento.

O barulhinho que a bebezinha emitia estava ficando mais alto. Ela estava começando a tremer de frio e não conhecia muito bem a cidade para achar um abrigo. Olhou para os dois lados, mas a única coisa que viu era duas mulheres em uma esquina conversando animadamente. O pequeno bebê voltou a chamar sua atenção e Bella decidiu parar embaixo do toldo de uma das lojas fechadas e se sentou no degrau que ali havia.

— Calma! Não precisa ficar nervosa. A mamãe não vai fugir e nem te abandonar, tudo vai ficar bem.

A menininha emitiu outro ruído fofo como se entendesse o que a mãe falava e se remexeu em seus braços procurando o seio. Bella logo notou o que a pequena estava procurando.

— Está com fome, meu amor?

Pelo menos por enquanto a fonte de alimento de sua filha era ela mesma – Pensou Bella. – Em seguida tratou de colocar o seio para fora, e logo o mesmo foi abocanhado pela pequena que estava faminta.

Bella beijou a testinha da filha enquanto a pequena mamava calmamente. Para ela, a maternidade havia sido um presente enviado por Deus, mesmo com toda a história por trás daquela luta que enfrentava todos os dias.

Bella voltou a olhar ao redor e percebeu que as duas mulheres agora a olhavam com certa... admiração? – Bella completamente intimidada, voltou a abaixar o olhar para sua filha que ainda sugava vorazmente o seu seio com os olhinhos quase fechados e uma das mãozinhas gordinhas apoiada no seu outro seio.

Estava tão distraída, que não percebeu a aproximação das duas moças que há pouco tempo estavam no seu "local" de trabalho.

— É uma cena muito linda. – Comentou a loira mais alta.

Isabella se assustou e levantou o rosto rapidamente na direção da voz, só assim se dando conta da presença das moças ao seu lado.

— Obrigada.

— Não precisa ficar assustada, não vamos te fazer mal. Meu nome é Kate e essa aqui – apontou para a loira menor – é Jane. Como você deve notar nós somos... como posso dizer isso sem ser vulgar?

— Para de ser boba e diga logo, somos prostitutas ou putas como preferir. – Jane que estava ao seu lado disse com humor.

— Essa palavra não é legal, eu não gosto de me referir assim.

— Tanto faz, é o que somos mesmo.

— Deixa isso pra lá. – Kate voltou seu olhar para a garota que ainda estava amamentando a filha. – É uma menininha? Parece ser tão novinha, com quantos meses ela está?

— Acabou de completar dois, sim é uma menininha. – Bella sorriu carinhosamente para a filha.

— Suponho que você seja a mãe dela?

Isabella concordou sem dizer nenhuma palavra.

— Me desculpe, eu nem me apresentei, - esticou uma das mãos em direção as moças e cumprimentou – sou Isabella, mas podem me chamar de Bella.

— Muito prazer. – As duas cumprimentaram.

Kate estava muito curiosa ao notar uma moça tão jovem, bonita e com uma filha tão nova nos braços no meio da madrugada naquela cidade, ela queria saber mais sobre a moça, quem sabe assim não poderia ajudar tanto a si mesma como a mulher que estava em sua frente.

— Desculpe minha curiosidade Bella, mas o que uma mulher como você faz andando com um bebê recém-nascido de madrugada pelas ruas escuras dessa cidade?

— Eu... Eu na verdade não tenho para onde ir, estava procurando algum lugar para poder me esconder com ela pelo menos até

amanhecer, mas Sophia estava com fome, foi por isso que decidi parar aqui para amamentar.

— Sabe o grande risco que correu não é mesmo? Sua sorte é que eu e Jane estávamos paradas por ali, sabe-se lá o que pode acontecer por esses lados da cidade.

Isabella estremeceu só de pensar em algo ruim acontecendo com ela e sua filha.

Kate voltou a chamar a jovem a tirando dos pensamentos nada bons.

— Pelo que ouvi você disse que não tem para onde ir, se não tem para onde ir é porque não possui um trabalho ou uma casa, estou correta?

— Sim. – sussurrou.

Kate olhou para Jane como se a amiga pudesse ler seus pensamentos e a loira baixa balançou a cabeça como se estivesse concordando.

— Bella, talvez hoje seja o seu dia de sorte.

— Porque diz isso? – lhe perguntou.

— Olha, nosso horário de serviço já acabou, vem com a gente para nossa casa e assim quem sabe nós não podemos te ajudar? Você não pode ficar nessa rua sozinha, ainda é madrugada e aqui é um lugar perigoso...

— Como vocês poderiam me ajudar?

— Por enquanto somente venha com a gente, por hoje você vai tomar um banho, comer algo e depois descansar em um lugar quente e confortável para sua filha.

— Onde vocês moram? – voltou a perguntar.

Isabella estava com medo de aceitar a proposta das duas moças, mas não estava vendo outra maneira de conseguir um abrigo naquele lugar. Era aceitar a ajuda ou morrer de frio naquele lugar onde estava.

— Não moramos muito longe, mais ou menos uns 15 minutos andando e já estaremos lá.

— Vocês acham que podem me ajudar a encontrar um emprego?

— Talvez... Bom, isso vai depender de você. – Kate comentou.

— Como assim?

— Kate, vamos deixar isso para Victória conversar com Isabella amanhã, ok? Por hoje, vamos somente levar ela e a filha para nossa casa e lá lhe daremos a segurança que ela não vai ter aqui. – Disse direcionando a Bella que concordou com a cabeça.

Sophia soltou o seio da mãe e já estava em um sono profundo. Isabella ajeitou o seio na roupa e se levantou seguindo as duas mulheres que havia acabado de conhecer, mas sabia que possuíam um grande coração. Ela já era muito agradecida pela ajuda das duas moças que a princípio julgou serem vulgares, mas agora, mesmo elas trabalhando como prostitutas percebeu que não deveria julgar as pessoas.

Mal sabia Isabella que um longo caminho estava começando novamente em sua vida, bastava somente ela decidir se esse caminho seria seguido para o bom ou para o ruim.

Daquele dia em diante nada mais seria igual, Isabella Swan estava prestes a recomeçar sua vida de um modo que nunca havia imaginado antes.

A ACOMPANHANTE DE LUXOOnde histórias criam vida. Descubra agora