Louis chegou cinco minutos mais cedo. É a primeira vez em toda sua vida que ele está sendo pontual, e provavelmente isso seja uma vergonhosa reflexão do quão faminto ele está por um pedaço de Harry. Cinco minutos mais cedo é praticamente motivo pra ele ganhar um prêmio. Ele estava orgulhoso de si.
Mas o orgulho foi arruinado, claro, pelo fato que Harry tinha sido ainda mais pontual e já estava numa mesa com duas canecas quentes de chá esperando por eles, mas Louis estava muito distraído com a camisa estilo gola Henley agarrada ao peito de Harry para ficar reclamando sobre pontualidade.
É um começo que promete, apesar de tudo. O sorriso de Harry é caloroso e amigável, e ele conseguiu escolher a marca favorita de chá de Louis sem mesmo conhecer ele. Em algum ponto entre dizer Olá e sentar, Louis teve quedas de frequência cardíaca e seus nervos afloraram.
– Então, eu estava pensando - Harry começou, sentando-se em sua cadeira e puxando as mangas, que acabaram por revelar um punhado de tatuagens em um braço. Louis salivou um pouco. – Você coloca seu número de telefone no livro de todo cara que vai até a sua livraria?
– Só no dos bonitos - Louis disse e sorriu – E você liga pra todos os garotos loucos de livrarias que te dão telefones?
Harry cruza os braços sob seu peitoral e sorri de volta.
– Só para os bonitos.
– Oh, você está muito mais espirituoso hoje do que estava na loja - Louis brinca.
Harry sorri.
– Bem, eu admito que eu estava impressionado pelo par de olhos azuis e pelo bronzeado, mas agora eu estou me acostumando com seu rosto, então... - Harry deu de ombros.
É um forte começo, e mais brega do que qualquer coisa que Louis imaginaria. Mas Louis ainda assim sente seu rosto mudar para dez tons diferentes de vermelho e tem que olhar para seu colo numa tentativa de parar de rir para Harry como uma garotinha de escola.
– Isso foi meio que um elogio indireto, mas eu vou aceitar - Ele diz ao que consegue se recompor – Mas de verdade, me diga algo sério sobre você. Porque eu poderia sentar aqui e ficar o dia inteiro assim com você, mas eu acho que meus amigos ficariam desapontados comigo se nós conversássemos por horas e eu voltasse sem saber aonde você trabalha ou algo do tipo.
Harry o encara com um certo tipo de olhar quando Louis menciona sobre trabalho, como se tivesse sido surpreendido. É aquele olhar que alguém te dá quando eles acham que você deveria saber alguma coisa, mas você não sabe. Louis está familiarizado com esse tipo de olhar, Liam o olha desse jeito o tempo todo. Ele franzi sua testa mas antes de Louis perguntar o que houve, ele sorri novamente.
– Eu estou numa banda, na verdade.
– Oh? Que tipo de música?
– Uhm... É como se você tivesse juntando Kings Of Leon com The Black Keys? Rock com um pouco da vibe indie. Nós costumávamos ser mais intensos, mas… - Harry deu de ombros – Nós temos guitarras e bateria, mas nenhum baixo, uma coisa tipo White Stripes.
Louis sorri ao que Harry cita as bandas que ele já ouviu falar mas nunca realmente chegou a escutar, fingindo que sabia exatamente do que Harry estava falando.
– Você está indo bem com a banda?
Harry riu. Louis inclinou sua cabeça, confuso. Ele não acha que disse alguma coisa engraçada.
– Você pode dizer que sim. Eu perguntaria o que você faz, mas eu já sei. A menos que você tenha algum trabalho secreto.
– Na verdade eu sou um prostituto. E um super herói. Não conte pra ninguém - Louis tomou um gole de seu chá tentando não rir contra a borda da caneca ao que Harry ria novamente – Mas falando sério, eu queria ser ator mas isso não funcionou pra mim.