Capítulo 1:1 - Nova Cidade

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Uma nova cidade aguardava uma nova mãe solteira, e um filho em período escolar indo em direção a sua nova morada, aonde planejavam nunca mais sair de lá.

A viagem, que nas primeiras horas foi regada de muita conversa e papo furado, que era sempre puxado por minha mãe passou, e restou apenas o silêncio das últimas horas de viagem.
A distância entre a antiga vida e a nova era de apenas dez horas, pode até parecer pouco, mas para minha mãe era como tirar um peso das costas. Por sorte, ela conseguiu a transferência, para o hospital de nossa nova cidade, que tem um apelido peculiar, a cidade dos anjos caídos, mas, ficando só entre nós, que nomezinho mais esquisito.

A paisagem durante o caminho mudava muito, saiu das florestas verdes, para os galhos secos que pareciam terem sido tirados de filmes de terror, daqueles bem trash mesmo, do começo do cinema.

As paradas, que contei nos dedos da mão direita pois não passaram de quatro, somente para abastecer o carro ou fazer aquela pausa para o lanche ou o banheiro, mas que era um alívio, para quem ficava apenas sentado olhando para a janela, vendo tudo e todos passar diante dos olhos.

Depois de toda essa peregrinação, que consumiu todas as energias de minha mãe, e até a minha, chegamos na tal cidade, que sinceramente, não era nada diferente de tantas outras que eu já tinha visto. As crianças brincando na praça, os adultos trabalhando enquanto a noite não chegava, os velhinhos sentados no banco da praça jogando conversa fora enquanto a morte não vinha busca-los, e claro, aquele típico cheiro de felicidade do interior, mesmo a cidade não sendo das menores, era até grandinha.
O sorriso estampado no rosto da mamãe, só mostrava o quanto aquela cidade iria ser boa para nois dois... Ou não.

Tínhamos que ir até o local, aonde a empresa que vendeu a casa se encontrava, e não foi demorado, ficava bem perto da prefeitura da cidade. Minha mãe mandou eu esperar no carro enquanto ela ia assinar os papéis e pegar a chave da casa.
Naqueles poucos minutos que passei dentro do carro olhando a cidade, percebi que não era das mais comuns ou normais.

A mãe saiu da empresa, com uma cara de quem não entendeu nada, mas mesmo assim mudou sua feição rápido, e já entrou no carro ligando o motor e partindo para o local. Durante toda a viagem a casa ela não falou nada, simplesmente dirigiu, como se não quisesse contar algo, mas isso era normal, poderia ser algo relacionado ao financeiro dela, até porque na separação o pai tinha levado boa parte dos bens.
Ruas e ruas se passaram, e nos chegamos a nova casa, que não estava em um bom estado, estava meio velha e acabada, mas dava para morar. Depois do carro ser estacionado, descemos e ficamos de frente ao portão, esperando magicamente ele se abrir, mas não se abriu, simplesmente a mãe o abriu, olhando para dentro como se visse um novo futuro.

- ei Jorge, será legal... - dizia minha mãe, abrindo o portão enquanto estendia a mão para mim.

- ...Espero... - falei enquanto tirava as mãos do bolso, fazendo um gesto de relaxamento com os braços.

Chegamos até a porta, abrimos com calma, e ficamos admirando a casa nova, e acreditem, por dentro estava bem mais conservado do que por fora, nem eu acreditei quando vi. Andamos para conhecer toda a casa, bom, típica casa do interior, com os quartos em cima e os cômodos do dia a dia em baixo. A sala, era nem aconchegante, tinha até uma lareira simples para os dias frios, a cozinha que era enorme, não tão grande quanto a da nossa última casa, mas era bem espaçosa, a sala de jantar que não tinha muita utilidade, até porque sempre comia no meu quarto e a saída para o quintal, que iria ser um dos locais menos visitados da casa, pois odiava sair do meu quarto. Subi as escadas, em direção aos quartos, e que sensação estranha, senti um vento gelado no pescoço assim que coloquei os pés no segundo andar mas achei normal, poderia ser apenas uma passagem de ar. O quartos ficavam do lado esquerdo e o banheiro do lado direito. Só havia dois quartos, o meu e de minha mãe, que ela já havia escolhido antes mesmo de estar na casa, só pelas fotos mesmo.

Andei em direção ao meu quarto, e abri a porta bem devagar, achei ele bem maior que meu antigo, mas isso não importava, pois vivia da cama para a mesa do computador mesmo, porém, achei bem bonita a janela que ficava virada para o quintal, dava pra ver a floresta que ficava bem atrás da casa, e claro, a outra janela, que tentei abrir mas estava emperrada. Me joguei na cama, com o corpo todo na cama, menos os pés, pois era largado na hora de me deitar, olhei para o armário que estava aberto, e não havia nada lá dentro, e comecei a pensar como deixaria o quarto tão legal quanto meu antigo. Escuto passos, era minha mãe vindo me chamar no quarto.

- ei Jorge, vamos, me ajude a tirar as coisas do carro. - dizia minha mãe na porta, admirando meu quarto.

- claro mãe.. Já vou... - digo fechando meus olhos, quase dormindo entre as palavras.

Desço, e ajudo a descarregar as malas, e vou descarregando uma a uma, que eram até poucas, pois eu e minha mãe não usávamos tantas roupas assim. Subo ao meu quarto e arrumo o armário, colocando minhas roupas uma a uma, de forma que fiquem arrumadas pelo menos uma vez na vida. Admiro meu quarto mais uma vez, e me jogo na cama novamente, a vontade de dormir é enorme, até porque, nunca ficava acordado tanto tempo assim.
Pego no sono e acabo dormindo....

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⏰ Última atualização: Sep 12, 2016 ⏰

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