NOTA À EDIÇÃO

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SE É VERDADE que os livros têm seu destino, o deste parece ser o mesmo de seu personagem: engordar indefinidamente até estou-rar. Parece mas não é: O Imbecil Coletivo alcança aqui seu tamanho máximo, e o que seu autor tenha a dizer sobre o mes-mo ou similar assunto irá para outros volumes.



Não que o motivo da engorda fosse ilegítimo: haven do constatado que este livro tinha a singular propriedade de provar pelo seu destino a veracidade do seu conteúdo, o autor quis apenas documentar em cada nova edição o progressivo acúmulo das provas. De fato, provado está: duas ou três oumil cabeças pensam muito pior do que uma. À tese de que o imbec il coletivo (o fenômeno, não o livro) é uma coletividade de pes soas inteli-gentes que se reúnem para imbecilizar-se, a intelligentzia local ofereceu, coletivamente, respostas muito mais imbecis do que seus membros isolados lograriam produzir por suas próprias forças.

Para chegar a este C. Q. D., o livro pagou seu preç o: repe-tiu-se além do conveniente, nas páginas finais.

É preciso parar antes que a reação dos demais leitores venha a comprovar outra das teses defendidas neste volume: aquela segundo a qual existem limites intransponíveis para a extensibi-lidade do saco humano.

O Imbecil Coletivo, portanto, encerra aqui a série crescente dos comentários acerca de si mesmo e, satisfeito deter provado tudo quanto desejava, promete que nas próximas ediç ões virá do mesmo tamanho ou talvez, eliminadas eventuais incorreções, um pouco menor.



O autor agradece a todos os que colaboraram, voluntária ou involuntariamente, para o sucesso desta obra, e declara que não está nem nunca esteve brabo com ninguém, apesar dostraços de cão raivoso com que tentaram pintá-lo de maneira escandalosa-mente projetiva, no sentido freudiano da coisa. Também não ligo a mínima para os exercícios de psicologia pejorativa que




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tentaram especular, por trás deste livro, toda ordem de motiva-ções doentias, malévolas, interesseiras ou sinistra s que teriam originado no autor o desejo de produzi-lo. Algo das motivações reais que me levaram a escrevê-lo, bem como daquelas que determinaram certas reações de meus antagonistas, s e mostrará com plena evidência no meu próximo livro, Como Vencer um Debate sem Precisar Ter Razão. Comentários à "Dialét ica Erística" de Arthur Schopenhauer , em curso de publicação pela Topbooks, bem como em outras obras que já escrevi, estou escrevendo ou, Deo juvante, pretendo escrever.



Rio de Janeiro, maio de 1997.



OLAVO DE CARVALHO











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⏰ Última atualização: Sep 12, 2016 ⏰

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