- Pai e Mãe -

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"Para Shinji Ouji, meu precioso filho.
Tenho certeza que será difícil de acreditar no conteúdo dessa carta, mas peço que faça algum esforço. Sou Urufu Ouji, o patriarca do clã dos caçadores, Clã Ouji, ou a grosso modo...seu pai.
Provavelmente deve estar se perguntando o por que de ter sido deixado na mata para ser criado pelos lobos próximos de nossa antiga aldeia ao invés de ter sido criado no luxo e mordomia de alguém da realeza, bom... é isso que irei contar para você, filho.
Como sabe pelas ultimas cartas, existem muitos clãs pelo país, e nem sempre sua relação é das melhores, que acaba resultando em guerras, mortes, vingança e por fim...ódio. Eu sempre odiei as leis dentre os clãs, e acabei me envolvendo com uma garota do clã com mais aversão a nós, o Tatsumaki, aqueles malditos estavam pra invadir e converter nossa aldeia aos costumes deles, e em uma de minhas caçadas matinais acabei cruzando com uma integrante deles, mas por algum motivo ela não tentou me matar e nem sequer correu de mim, apenas se aproximou eu passou suas delicadas e pequenas mãos em meu rosto, sua expressão tímida e curiosa me deixava com alguma especie de atração por aquela mulher de olhos negros e longos cabelos azuis que se entrelaçavam como ondas no mar.
A partir daquele dia, sempre nos encontrávamos no mesmo lugar que da primeira vez, afinal ninguém nunca caçava por lá, e toda essa atração resultou em amor, que tempos depois criou um bebê, você. Mas não demorou até que o patriarca dos Tatsumakis descobrisse a sua existência, sua mãe tentou o proteger e assim foi taxada como traidora e simpatizante dos Oujis, que fez com que fosse presa em cativeiro e interrogada pela elite daquele maldito clã, eles a torturaram de tal forma tão brutal que sua pobre cabeça inocente não resistiu, com sua sanidade totalmente esmigalhada, tudo que restou da mulher que amei era apenas um corpo vazio e sem vida, mas pra eles nao era o bastante, a executaram na frente do clã apenas para mostrar aos outros o que fariam se os "traíssem".
Dias depois, vieram atrás de você, eram muitos, eu tentei lutar , mas era impossível! Eu fui obrigado a te esconder na mata , não queria que se machucasse por minha culpa,nem que fosse um simples arranhão, jamais me perdoaria por causar dor a um filhote, principalmente o MEU filhote!
Não sei o que te aconteceu depois, apenas lhe deixei essa mochila e as cartas com os selos especiais, que já deve ter percebido.
Por fim, eu não sei o que eles queriam com você, mas não era algo que esqueceriam tão cedo, creio que ainda estão atrás de você, apenas peço uma coisa: se for fugir, não deixe que ninguém seja ferido por sua culpa é se for lutar, jamais se segure, vá com tudo contra esses maníacos doentios desse clã amaldiçoado!"
As mãos rústicas e musculosas que ligavam carta até o corpo musculoso do rapaz dominado pelo sentimento de vingança tremiam freneticamente, ele guarda a carta e solta sua longa trança deixando seus longos e maltratados cabelos negros e verdes soltos, arrumava sua calça com grandes rasgos por toda sua extensão e levantava dando um longo suspiro.
Sua busca por respostas e por vingança pela sua mãe e pai começava nesse exato momento.

Ouji - O Conto do LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora