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-Mizu! Você não sabe oque é o amor. – Um silêncio, pessoas concentram pensamentos, dúvidas vindo de ambas as partes, dentro de um consultório bem arranjado num quarto ao fundo da lavanderia de um apartamento, um excelente e favorável lugar para, sentados ao chão sob o carpete, um adolescente e uma terapeuta ficarem à vontade, pareciam colegas de escola mesmo que ela já estivesse formada á anos e trabalhando como terapeuta e ele ainda no colegial. Cristina e Rodrigo ficaram em silêncio, ela olhava diretamente para ele, e ele olhava para o nada, só pensava no que ela quis dizer sobre ele não saber oque era o amor, será porque ela sabia que ele nunca havia tido uma namorada? Ou será que ela presumia maldade naquele garoto? – Mas como assim? – perguntou Rodrigo meio sem graça esperando ouvir uma verdade inesperada, porém oque ouviu foi elogios e justificando a psicóloga falou: - Mizu, você é uma pessoa especial, muito boa, gosta de ajudar os outros, é atencioso, trás alegria onde chega, tem uma bondade tão grande mas você não sabe disso. – Rodrigo ficou confuso porém reconhecia suas bondades. – Você quer dizer que eu não vejo toda a cativação que tenho pelas pessoas? – Cristina olhou bem no fundo dos olhos do rapazinho: -Se você soubesse o quanto você tem guardado dentro de você não deixaria tantas coisas que não te fazem bem sufocar as que podem te levar ao amor, não basta você saber trazer felicidade aos outros e você não ter a sua própria felicidade. – Mas a minha felicidade está em trazer felicidade aos outros. –explicou Rodrigo – Os palhaços são assim! Aquele personagem que representa a alegria também sofre, tem dores e chora, e muitos deles são mais tristes do que a própria alegria que transmitem em suas palhaçadas, o Mizu é aquele garoto que todo mundo vê como bagunceiro, sempre está aprontando alguma, está fazendo uma gracinha pra chamar a atenção dos outros mas no fundo isso te traz mais carência, é uma ausência dentro do alicerce de suas necessidades , porém você as preenchem com aparências e muitas delas são passageiras e logo você é induzido a ir atrás de mais.  – Rodrigo não matutou, parecia ter entendido oque ela quis dizer: - Como se eu fosse uma caixa, posso guardar e carregar comigo oque eu quiser, seja lá coisas boas ou ruins, porém é preciso identificar-las ? – Isso mesmo! – Sorrindo, Cristina compartilhava o seu orgulho por aquele garoto pois enxergava o brilho dele, e reforçou: – Mas oque você não pode é deixar as coisas boas no fundo da caixa e abarrotar as ruins por cima, pois ficará difícil de saber quais coisas boas você tem, e para encontrá-las você terá que mexer nas ruins primeiro. – Rodrigo compreendeu sem nenhuma dificuldade, parecia que este assunto já era bem comum, só não se convenceu de oque tudo isso tinha haver em ele não saber oque era o amor: - Mas porque eu não sei oque é o amor? Oque irá acontecer quando eu descobrir? O amor são as coisas boas? – Quase!  Pausou Cristina. – O amor é soberano sobre todas as outras energias ( ainda, se eu falasse a língua dos homens, se eu falasse a língua dos anjos, sem amor, eu nada seria. -música da Legião Urbana), vou te contar uma história que ilustra bem oque estou falando:
No início dos tempos o homem tinha o poder supremo, o poder de Deus! Assegurando o progresso do homem, não só fez à sua imagem e semelhança, como também lhe deu os seus poderes. No começo era tudo novidade, alegria, gozo e empolgação, até que o homem se entediou com tudo aquilo e já não sentia tanta graça, talvez porque todos faziam as mesmas coisas, e começaram a querer um se prevalecer sobre o outro, assim começou uma guerra. Deus imediatamente retirou o poder supremo de todos os homens, pois iriam se auto destruir e destruir o planeta terra também,  assim, ao retirar o poder supremo do homem Deus chamou um anjo e lhe perguntou: - Preciso esconder esse poder onde o homem não encontre, mas onde? – o anjo sugeriu que fizesse um buraco bem fundo e enterrasse lá. – Não! O homem vai cavar e irá encontrar. – o anjo teve outra ideia: - então coloque no mais fundo os oceanos. – O homem vai aprender a mergulhar e vai achar. – Então coloca no céu! –deduziu o anjo – Também! O homem vai aprender a voar! – o anjo não tinha mais nenhuma ideia, e Deus lhe disse: - Já sei onde vou esconder o poder supremo, vou esconder num lugar onde dificilmente o homem vai procurar, e se encontrar , antes terá que superar todas as energias que o envolve para assim poder usar esta força! – o anjo invejando a divindade esplêndida perguntou: - mas onde o senhor vai esconder esse poder supremo? – então Deus disse: - Vou esconder dentro do próprio homem, pois antes ele vai procurar em bens materiais, em vícios, em prazeres superficiais, muitos vão morrer sem ao mesmo chegar próximo ao poder, e a única forma de utilizar-se desse poder que está dentro de si, primeiramente ele terá que aprender a amar.

-Deus é amor! – afirmou Rodrigo concluindo a história contada. – Deve ser por isso perto da minha casa tem uma igreja com o nome Deus é amor – sorriu ironicamente Rodrigo.
- É, literalmente sim. – sorriu Cristina. – Você entende Mizu? O amor é um sentimento simples, mas é preciso ser puro e isso é oque dificulta o seu alcance, pois a pureza significa estar limpo, imune a qualquer sentimento ruim. – esclarece Cristina. Rodrigo ficou entusiasmado em querer descobrir essa energia, pois desde já isso trazia forças, auto estima, vontade de fazer o bem e viver.
Já se passara 1 hora de terapia, o próximo paciente já havia chegado e aguardava na sala, Rodrigo e Cristina se levantaram, deram uma esticada nas pernas, saíram na expectativa da próxima consulta na semana seguinte, principalmente Rodrigo que parecia não querer ir embora, preferia ficar lá e conversar mais. – Tchau Mizu, pense na história que eu te contei, na hora certa você irá entender, é só uma questão de tempo.
O tempo, é o espaço de transação das energias, o tempo é o momento disponível para que algo se realize, é um medidor de dosagem das energias, é física pura pois trata-se do efeito ação e reação, seja a curto ou longo prazo.

O elevador chegou, quando as portas automáticas se abriram Rodrigo defrontou-se ao grande espelho no fundo do elevador, viu-se tão bem que algo o preenchia, era o seu brilho,  sentia-se diferente mas não sabia definir, como se sua auto estima estivesse no auge e se pudesse sairia sorrindo para todo mundo num gesto de agradecer por todos existirem, e por que não? – Tchau seu Augusto, obrigado. – Despediu-se do porteiro exibindo felicidade. – Tenha um bom serviço. – seu Augusto apenas levantou o braço.
Na rua caminhava em direção à escola que estudava, era perto, vizinho do prédio de Cristina, ele estudava no período da manhã, geralmente ficava na parte da tarde para aula de educação física, ou treinar no time de futebol da escola, inclusive o dia da sua consulta com a psicóloga era o mesmo dia do treino. Havia pouco tempo que conhecera a Cris, foi uma colega de classe que conversando com Rodrigo sugeriu que ele fosse à essa psicóloga e que ele ia se identificar, esclareceu que psicólogos não são para loucos nem problemáticos, tratava-se de uma terapia e ela mesma frequentava à anos, e que ele poderia se conhecer melhor. Rodrigo tomou fé pois essa colega chamada Juliana Psaros era uma das melhores da sala, não digo “CDF”, mas era ponderada e passava confiança com naturalidade.
Chegando à portaria da escola parou para falar com os seguranças, sempre fazia ou falava algo engraçado que todos riam, aquela escola era praticamente sua casa, gostava de ficar lá, estudava nela desde a primeira série  e já estava no primeiro colegial, seriam 9 anos de escola, mas era o décimo pois repetiu no ano anterior. A verdade é que Rodrigo nunca foi de tirar notas boas, todo ano ficava de recuperação e passava ”raspando”, ele era muito disperço e não conseguia se concentrar, raramente conseguia ler um livro por completo, pois lia apenas passando os olhos sem ao menos saber doque estava lendo, ficou de recuperação da quinta à oitava série, ficava triste por perder duas semanas das férias e preocupado por não ser aprovado, sempre ficava de recuperação em duas matérias e geralmente com mais dois colegas, onde a cada ano, um deles reprovava, Rodrigo consentia a decepção dos reprovados, imaginava a reação dos pais deles, teriam que deixar a turma que tanto conviveram, via aquilo como uma grande perca, mas por outro lado suspirava a sua aprovação. Até que na recuperação da oitava série Rodrigo não precisou fazer as provas finais, pois seu pai morreu bem no dia, entenderam que ele não teria condições de fazer a prova pelo menos naquele ano, então foi proposto que no próximo ano ele não poderia ficar de recuperação, chegava então o primeiro colegial.
Colegial, a terceira e última etapa do ensino fundamental, naquela escola o uso do uniforme era obrigatório até a oitava série, agora no colegial, podia escolher as roupas que queria ir para a escola, claro com algumas restrições, mas o interessante era que cada aluno podia expor  o seu estilo, sua tribo, porém Rodrigo não era ligado à isso, usava oque tinha e o que isso se relaciona com o assunto deste livro foi um método de energização que ele utilizou sobre as coisas materiais que possuía incluindo as roupas; logo estarei relevando este conceito.
Mas, antes de falar sobre o colegial a diante, sobre a terapia dele com a Cris, precisamos entender em que situação Rodrigo encontrava-se, portanto, regressemos:

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