Devaneio

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Andando por esta avenida, onde carros vem e vão, eu vago entre esta multidão de pessoas e penso: "O que eu estou fazendo?", perdi meu emprego a dois dias, bati meu carro em uma árvore e minha família me esqueceu, estou sem rumo, me sinto inútil e simplesmente não tenho a quem me segurar, eu começo a correr e entro em um beco escuro, meus pensamentos se transformam em lágrimas, "Eu quero sumir", mas assobios me tiram desse devaneio, abro os olhos e vejo quatro homens vindo em minha direção.
- Psiu, hey gatinha!
Uma onda de terror toma conta de mim, e quando penso em fugir, já estão me prendendo contra a parede, sem reação, sem chance de defesa, a superfície áspera das pedras arranhando minhas costas, as oito mãos tomando posse do meu corpo, não consigo me mover, eles estão me apertando, tomando parte de mim, uma boca molhada mordendo meus lábios, sinto gosto de sangue, eu tento gritar, mas me impedem, eu me debato, mas não sou forte o bastante para aqueles homens. Em minha mente, eu penso em desistir, "Não quero mais resistir, uma hora ou outra isto vai acabar, então que façam o que querem comigo", mas não, eu me recuso a ser estuprada, eu volto a realidade, eu quero gritar por socorro, mas de repente eu sinto a pressão sob meus lábios se acabarem, as mãos que antes seguravam minha cintura agora deslizam por minhas coxas, eu sinto um frio na barriga, sei que não falta muito para estarem em mim, nao quero que sejam parte de mim, não tenho medo da dor, e sim tenho medo do desprezo que eu posso me tornar. Um choque elétrico percorre meu corpo, eu estou no chão, eles me jogaram e bati a cabeça no impacto, estou vagando e sei que não posso mais fugir, ouço um som metálico, é o zíper da minha calça sendo aberto, estão abaixando-a, eu me debato, uso todas as minhas forças, mas é  inútil, é  tentar em vão, estou presa a isto, ninguém pode me ouvir, eu estou pronta para me render, vou parar de lutar ...
- Soltem-na, larguem-na agora ...

Por entre becos escurosOnde histórias criam vida. Descubra agora