Por entre becos escuros

Fênix

"Que dor de cabeça, parece que o chão sob meus pés está balançando, isto é real? Eu não estou morta? Afinal, o que houve? Onde estou? Porque parece que eu sou uma nova pessoa, não me lembro muito de antes, será que estou louca?"
"Ouço uma porta bater, vozes e sussurros"
Abro meus olhos, a luz é  muito forte, tudo é tão branco, estou em uma cama de hospital, eu viro a cabeça e vejo um médico e uma enfermeira conversando na porta do quarto.
- O paciente está muito debilitado, a violência que ele sofreu foi muito grave, foi um milagre ele ter sobrevivido sem nenhum trauma.
- Deus cuide deste paciente. Dr. Parker, se me der licença tenho de verificar a paciente July Jackson.
Foi ouvir meu nome que eu acordei desta viajem, sou eu, é  de mim que a enfermeira está falando, mas antes, antes ela se referiu a um paciente.. É ele! Ele não morreu, Deus deixou que ele ficasse, mas ele está mal, está muito machucado.
- Onde ele está?
O médico e a enfermeira não viram que eu havia acordado, e meu grito foi recebido com um susto, eles estão ao lado da minha cama em instantes.
- Hey, Sra. Jackson, está tudo bem, você está segura agora, fique calma.
Por um momento, vi aquele homem ao meu lado... A voz do médico, tão calma, quase se fez passar pela dele, mas é  impossível comparar uma voz que foi feita para ajudar com aquela que esconde um mistério, a voz dele é  como um sussurro em meu ouvido, um calor que percorre meu corpo. Quem é aquele homem? Porque me salvou? Porque ele meche tanto comigo? É só pensar em sua silhueta parada em meio a escuridão, que algo toma posse de mim, não é  meu isto, está sensação de que em algum lugar alguém é capaz de se arriscar por mim, eu não sou de me apaixonar facilmente, mas ele, ele conseguiu me fazer diferente.
Eu estou queimando, queimando por ele!
- Onde ele está? Como ele está?
Estou histérica, tremendo, suando, mas a enfermeira está me mantendo sob controle, é  óbvio que está! Ela está colocando algum remédio na minha bolsa de soro. Só ouço quatro palavras:
- Apenas feche os olhos.
Eu fecho meus olhos...
"De novo não, não quero ficar vagando aqui, minha mente está tão confusa, eu quero vê-lo, quero saber o que aconteceu depois que desmaiei, quero sair desta cama, mas estou fraca, é  como uma paralisia que se instala em meu corpo, estou vulnerável, mas a única coisa que aquece minha alma, é  esse desejo insistente de querer olhar para ele, ver seu semblante que tanto ilumina minha alma, eu preciso dele, é  tão novo, tão intenso, ele apareceu quando tudo me havia caído, apareceu e fez tudo se levantar, ele incendiou minha vida!
Abro os olhos, ainda estou nesta cama de hospital, mas estou calma, agora eu sei que uma hora minhas perguntas serão respondidas, eu tenho de esperar.
Estou sozinha no quarto, olho para todo lado, não há ninguém. Ao lado da cama tem um botão preso a parede, deve ser como aquele visto em filmes, em que se aperta para chamar a enfermeira, eu o aperto, uma, duas, três vezes só por via das dúvidas. Não se passam nem dois minutos desde que apertei o botão e uma enfermeira entra pela porta.
- Bom dia, Sra. Jackson, como...
- Eu estou bem, calma por final, só me diga por favor, onde está aquele homem?
- Homem? Ah sim! Aquele que salvou sua vida?
- Sim, eu preciso vê-lo.
- Ham...Ham..., isto não vai ser possível agora, a situação dele não permite visitas.
- Não? Onde ele está? Ele está bem? Por favor não minta para mim!
- Sra. Jackson, ele está morrendo.