Desde menina você é ensinada a se odiar aos poucos.
Afinal, ninguém suporta as meninas convencidas.
Você não deve se reconhecer inteligente, ou se achar tão esperta. Não deve se sentir bonita, inclusive você nem é mesmo, com essa barriga cheia de dobrinhas e este rosto doente cheio de espinhas, o cabelo que não é o da revista.
Se você fizer alguma coisa bacana, esconda ou diminua. Se você é boa com idiomas, ou desenha, ou gosta de música, ou é uma boa esportista, não tenha orgulho disso. Aprenda que na realidade você "nem é tão boa assim". Quando alguém te elogiar, discorde, diga que nem é tanto assim.
Pessoas gostam de meninas humildes.
Aos poucos, de tanto repetir a postura você internaliza. Aprende que na realidade, você realmente não é tão boa e nem faz nada tão bem assim. Você desenha, né, meio torto, não é tão legal quanto o das outras pessoas, melhor não mostrar. Você está gorda, melhor uma roupa mais frouxa, começar outra dieta. Olha o seu rosto, é realmente hora de por mais maquiagem.
Em doses homeopáticas você aprende que é insuficiente.
Não aceita mais elogios e duvida de si mesma. Não reconhece nada de bom no que faz. Se está sozinha é óbvio que é porque é pouco atraente ou interessante, e quando alguém se relaciona com você, você dá graças a deus pela misericórida daquele ser em te querer. Se ele te largar nunca mais vai aparecer ninguém.
Bem vinda ao rolê da baixa auto estima.
A única coisa que a cultura da auto-depreciação traz é um elevado índice de pessoas depressivas.