Prólogo

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Parada. Completamente imóvel. Minha mente vagava em milhões de coisas, mas a principal era "Como eu cheguei a esse ponto?". Eu estava ali, morta. Morta. Jogada naquele chão sujo. Como eu cheguei a esse ponto? E por que eu estou me vendo? Por que eu estou pensando? É assim a morte? Nos vemos e nos arrependemos? Bom, eu não me arrependo. Não me arrependo de ter ido até o fim a procura do meu irmão, eu o achei e morri por ele. Não me arrependo.

Caminho lentamente até meu corpo estirado no chão e me sento. Analiso- me de cima a baixo, cada machucado, cada gota de sangue. Tiro uma mexa de cabelo do rosto e vejo um pequeno corte em minha testa. Ele brilhava. Pequenos pontinhos brilhantes, pareciam purpurina, mas não era. É como se aquilo retratasse os pensamentos. Milhões e milhões. Memórias vagando, ideias surgindo, a vida. Eu estava viva? Mas por que eu não estava respirando? E por que estou me vendo ?
Ouço passos se aproximando, levanto meu olhar e vejo uma garota vindo desesperada em direção a meu corpo morto. Ou quase. Atrás dela, vinha um garoto alto, de cabelos cacheados. Eles estavam ali, chorando a minha morte, mas eu não podia estar morta. Por que eu estou me vendo?
O garoto se agachou a minha frente e tocou a abertura em minha testa, logo ela se fechou. Minha forma tremeu, eu sentia cada ponto explodir, e então, eu abri o olhos.
Agarrei-me a coisa mais perto e suguei o que parecia ser todo o ar da terra, aquilo fez com que minha garganta ardesse. Ergui o olhar vendo o garoto. Seus olhos eram negros, totalmente, um buraco negro. Tentei erguer meu corpo, mas algo me impedia de levantar, um corpo na verdade.

- Deixe- a levantar. - o garoto murmurou levando sua mão até o braço da garota para puxa- la. Assim que ela se levantou, sentei-me. Meu corpo reagiu negativamente, senti algumas partes formigarem, outras explodiam em dor. Minha garganta estava seca, eu estava com sede, uma sede horrível, eu estava com uma sede inexplicável.

- Harrr... - Tentei falar, mas minha garganta raspou e minha voz ficou falha. Ele me lançou um olhar apreensivo e ao mesmo tempo dolorido. Ele carregava um bolsa pendurada nos ombros, logo ele a abriu e tirou uma garrafa de lá. O liquido era escuro, o que me fez recuar antes de pegar. Ele apenas assentiu, como se dissesse que era necessário que eu bebesse aquilo. Peguei a garrafa receosa e abri. Antes de leva- la a boca, levei ate o nariz por instinto. O cheiro concluiu o que eu suspeitava, sangue. Eu não questionei, apenas bebi. Cada gole que eu bebia, a dor ia cessando. Meu corpo parecia ser preenchido por aquele liquido que a alguns segundos, eu achava horrível. O gosto era bom, mas por quê? Isso não fazia o menor sentido, humanos não bebem sangue e acham bom. Eu sou humana, certo?
Logo o líquido se acaba e no impulso joguei a garrafa para longe. Eles me olhavam atentos e curiosos.

- O que foi? - Agora minha voz saíra normal.

- Você está bem? Se sente melhor?- A garota perguntou, sua voz estava tremula. Assenti, mas eu não tinha certeza.

- Aonde está o...? - Perguntei olhando em volta e só então percebi que havia vários outros corpos a minha volta, a diferença é que estavam destroçados.
O silêncio pairou, restando apenas o barulho de nossas respirações. Eles sabiam de quem eu estava falando. O pânico me consumiu. Sentia o nó se formando em minha garganta. Estava pronta para perguntar novamente, mas o garoto me interrompeu.

- Abby... Ele está morto...

As lágrimas quentes desceram pelo meu rosto, pingando na terra onde eu ainda estava sentada. Eu queria sair dali, voltar para casa correndo e bater na porta dele. Eu queria ver o sorriso simpático de sua mãe e o seu sorriso cafajeste vindo logo atrás. Mas isso não iria acontecer.

- E o meu irmão? Ele está bem? - Perguntei já esperando o pior, mas o garoto assentiu fazendo-me suspirar aliviada. - Eu quero ver ele...

- Ele está por ai, não sei aonde, mas eu sei que ele está bem. Você lembra de algo do tempo que ficou apagada? Você viu algo? Viu alguém?

- E- eu me vi... - Estava incrédula.
Achei que havia voltado, que eu iria continuar a minha vida e que o único problema seria explicar para a minha mãe porque sumi e demorei tanto pra voltar.

- Não teve nenhuma pista do que se transformou? Demônio, vampiro, lobisomem ou algo do tipo?

- O que? Você pirou? Como assim? - Eu queria fazer milhões de perguntas, mas a minha voz foi diminuindo enquanto um ser de branco surgia das sombras e vinha andando até nós. Sua blusa e sua calça eram brancas, nenhuma mancha. Seus pés estavam descalços, seus braços eram cobertos por várias tatuagens, seu rosto parecia ser de porcelana e seu cabelo era alinhado em um perfeito topete dourado e reluzente.

Meu corpo praticamente voou, em questão de milésimos de segundos eu estava correndo e me jogando ao seus braços. Os mesmo se envolveram fortemente em volta de minha cintura, um sorriso se formara em meus lábios, tamanha felicidade não cabia nele.

- Eu pensei que tivesse te perdido. - Murmurei perto de seu ouvido.

- Aparentemente você não vai se livrar de mim tão cedo. - Sua voz estava diferente, sombria. Afastei-me e olhei em seus olhos, o mel havia sido tomado pelo negro. Afastei-me mais ainda, dessa vez dos três ali.

Meu corpo foi puxando para o chão, a minha voz foi tomada me impossibilitando de gritar. Minhas pernas e braços ficaram retos e imóveis. E logo os meus olhos se fecharam.
Eu estava ali. Completamente imóvel de novo, mas dessa vez meu peito subia e descia conforme eu respirava.

Olá pessoal, como vão?
Mais uma vez, eu resolvi mudar a história, e cá estou eu, postando novamente. Mas dessa vez, eu acho que dá certo hihihihi. Bom, eu vou tentar deixar a história mais adulta, sem aquele clichê adolescente com cenas pobres e sem sentido. Porém, isso vai demorar, porque eu estou me afogando -literalmente- em matérias dá escola. Talvez tenha capítulo​ uma vez por mês... Também, talvez eu esteja criando muita expectativa de que terei leitores fiéis dessa vez. A minha teoria do porquê de vocês não lerem antes, era que o primeiro capítulo era totalmente entediante, e também por causa do clichezinho adolescente; creio que agora esteja mais chamativo. Eu fiz o meu melhor, e fazem 4 anos que eu tento fazer essa história dar certo. Por favor, me ajudem.
Ps:Críticas construtivas são bem vinda.
Com amor e carinho,
Luh ❤ ∆

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