Deixe-me entrar

Capítulo VII

Já estava na hora de sairmos, todos estávamos vestidos com o uniforme da Caça, e com todas as armas necessárias. Estava tudo pronto, menos eu. Minhas pernas estavam travadas. O pânico me consumia. Eu só conseguia pensar no Owen.

- Abby... vamos, por favor. - Ryan insistiu pela milésima vez. - Se não cumprimos a missão, estamos ferrados.

- Ok... eu estou indo. - Respirei fundo tomando coragem. - Vamos.

Sai da casa sendo seguida por Ryan, fui para um dos carros com o Justin e Chris, e no outro foram Chaz, Ryan e Caitlin.

Eu estava travada, em um efeito eterno de uma droga qualquer. Sentia cada pelo do meu corpo se arrepiar. Gotas de suor desciam pela minha testa. Os batimentos do meu coração estavam descompassados. E aquilo que eu consegui fugir por três meses, voltou. As visões estavam de volta, mas dessa vez não era o Harry.

- Olá, maninha. - E lá estava ele, em carne e osso na minha frente. Sendo real ou não, o Owen estava ali na minha frente.

Olhei para os lados conferindo se estávamos realmente a sós. O lugar era totalmente branco. Chão, teto e paredes. Branco. Branco e gelado. O cheiro era de morte e o cheiro parecia vir de mim. Na verdade, eu me sentia totalmente morta.

- O gato comeu sua língua?

- O que... Como você está aqui?

- Eu me entreguei a uma pessoa. - Ele cruzou os braços e me analisou de cima a baixo. - Seu amiguinho, o Harry, ele tem uma ligação direta com a sua cabeça, Abby. Mas ele me disse que tem outras pessoas conseguindo entrar. Você tem que me contar quem é.

- Eu achei que era você... Owen, eu estou com medo. A voz... Ela disse que está na minha hora. Owen, por que está na minha hora?

- Abby, você não pode completar essa missão. Você não pode matar nenhum infectado. Não comece uma guerra.

- Guerra?

- Eu fiz coisas erradas... Eu fugi todo esse tempo, mas deveria ter me entregado antes. Eu conheci seres horríveis, Abby. Vocês estão em desvantagem. Eles querem acabar derrubar o Conselho para poderem viver em paz no mundo. Se essa guerra começar, nós não teremos chances, Abby... Não são apenas vampiros e demônios. São todos os seres sobrenaturais que você imaginar.

- E você só conta isso agora. - A Taylor surgiu, sim, ela surgiu do nada.

- Você não entendeu a parte da privacidade?

- A parte que eu falei da conexão direta com a mente da Abby você não entendeu né? E todos sabemos como a Taylor é intrometida. Enfim, nós escutamos tudo, desde o início. - Harry também surgiu ao meu lado. Depois de 3 anos, nós finalmente estávamos realmente próximos um do outro. Ele sorriu mostrando suas covinhas. Ah... Aquelas covinhas... - Oi amor.

Ele se aproximou e senti sua respiração se misturando com a minha. Seus olhos me encaravam atentamente, não ligando para mais nada além de mim.
Após segundos de intensos sentimentos, ele encostou os lábios nos meus e me puxou para junto de si, me envolvendo num beijo quente, carinhoso e cheio de desejo. Achei que tudo o que estava sentindo iria sumir, mas todo aquele turbilhão continuou ali fazendo meu corpo saciar a sensação de ser amada.

- Vocês dois me causam ânsia. - Ouvi Taylor resmungar e me separei do beijo, rindo.

- E você é estraga prazeres. - Harry disse entre dentes.

- Da para vocês se concentrarem na parte da guerra, submundo, mortes... - Owen estava balançando os braços como se tentasse chamar atenção.

- Não tem como não matar os infectados de hoje. O papai está irritado, eu estou praticamente sendo obrigada a estar aqui. Nada de ruim vai acontecer gente, calma.