capítulo 1.0 (a origem do som)

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Andar descalço, desnudo adentro dessa névoa escura. Essas árvores que fedem a cadáveres, todas pretas igual tudo por aqui. Até a água que cobre meus pés com tom esverdeado.

- Quem és tu, que me enche de perguntas?- diz o jovem trêmulo.

- Sou seu destino.

-Não! - o jovem já não mais calmo arrasta-se em direção contrária - não se aproxime como da última vez.

De novo, impossível. Só o fato de se aproximar já me fez inúmeras vezes perder a cabeça, não preciso ver aquela cena novamente mesmo que em sonho. É só um sonho.

- É só um sonho, certo?- escapam do jovem as palavras.

- Muito perspicaz, mas sinto dizer que isso vai além do que imagina. - diz de forma curiosa a voz abafada.

- Quando perguntei jamais imaginei uma resposta, droga!- diz o menino inconformado e um tanto desconfortável.- se não é um sonho diga logo do que se trata.

- Na hora certa terei certeza de esclarecer a ti.

- destino não é? - esbraveja ainda tremendo de medo.

pensei que seria algo repetitivo como todas as vezes.

- veja!

- Ela. sempre a mesma cena.

A esse ponto deveria saber que a voz ia desaparecer, sempre assim apesar do desvio que provoquei dessa vez. Ah! Não.

- blurp! Que nojo... - diz o jovem enjoado- essas tripas saindo.- vira-se rapidamente em direção a uma árvore, ainda perdido- aqui já deve ser o suficiente.

Que merda! Aqueles olhos... os verdes cativantes são irresistíveis. Que maldita!

- você!- diz a dona dos olhos verdes enquanto caminha lentamente em direção ao jovem.

- O que significa isso? Responda, voz!- arqueia a cabeça para cima ao perceber a aproximação de duas mãos- anda logo e acaba com esse sonho.

-Sonho?- a jovem arqueia as sombrancelhas e direciona um sorriso confirmativo- finalmente tomou noção da sua atual situação, ou pelo menos a coragem de enfrenta-la.- com o lábio perto, o suficiente, do ouvido do jovem, sussurra- muito bem, agora acorde.

°°°
Fazenda do lawlles, distrito gelado

Manphis

- acorda! Sai dessa cama menino.

- silêncio, consegue ouvir?- diz o jovem abrindo e rapidamente cerrando sua vista.

- não.

- isso é a paz depois que para de falar de manhã antes mesmo do sol nascer e em pleno domingo.- diz num tom irritado.- O que diabos deu em você? Desde que o pai ficou... bom, desde aquele dia vive cobrando incessantemente de mim a perfeição.

- brincalhão- diz a mãe com duas colheradas na cara do filho, ignorando o que foi dito anteriormente- vá trabalhar! Afinal quando não é dia de trabalhar? Nunca me viu parada- ela anda em direção a cortina e a abre- quanto a manhã, não é mais.

- Galo safado- pronúncia o jovem enquanto busca suas calças jogadas no chão- nunca são de confiança - resmunga enquanto põe a calça olhando em direção ao sol.

- vergonhoso, menino. Desça logo para o café. - fala a mãe desviando o olhar enquanto faz sinal de negação com a cabeça- não se perca no caminho.- apontando para escada.

- pode deixar, não vou.

- acho bom!

- Droga! Esses.. degraaaa...us. Ai! - diz o menino agonizando de dor após cair da escada.- Maldição.

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