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      Fogo.

      Observo ele tomando forma em minha vila no momento em que estou voltando da escola com minha irmãzinha casula: Naomi.

       – Josué? – Sua voz soa temerosa, ela também percebeu o que isso significa.

      – Hamas está atacando. – É tudo o que eu digo antes de pegar sua pequena mãozinha e sair correndo na direção do fogo, praticamente a arrastando pelo caminho de terra batida. – Mãe? Pai? Schindler? – Chamo, assim que chegamos perto da nossa casa, mas fomos brutalmente impedidos pela grande parede de fogo que cerca nossa casa antes mesmo de conseguirmos nos aproximar muito.

       – Mãe?! – Naomi grita, suas lágrimas escorrendo pela pequena face.

      Outra bomba. Dessa vez atingindo a casa ao lado. Em um movimento instintivo me jogo sobre Naomi, na tentativa de protegê-la da explosão. Escuto seu grito de desespero em baixo de mim enquanto o calor da explosão queima a minha pele como ácido.

      Não sei quanto tempo se passou. Acho que alguns segundos. Mas em minha mente, foram horas. Tudo o que eu sei é que desperto com Naomi me sacudindo, suas lágrimas caindo incessantemente. Me levanto em meio à dor com um gemido.

      – Está tudo bem. – Digo, a confortando, tentando parecer forte. – Vamos sair daqui. – Naomi engole o choro e assente, me ajudando a levantar. Corremos o máximo que minhas pernas queimadas permitem, desviando das chamas e poeira que se levantam a cada passo que damos.

       – Para onde estamos indo? – Pergunta Naomi em meio aos estrondos das explosões.

      – Papai sempre me disse que, caso estejamos em apuros, temos que ir para a faixa de Gaza. É o lugar mais seguro por enquanto.

      Naomi apenas anui, e aperta a minha mão com mais força. Deixo-me ser guiado pelos meus instintos, e corremos até nos depararmos com um enorme muro que bloqueia nossa passagem.

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