Evie não viu Peter novamente até mais tarde naquele dia. Estava apanhando as pétalas caídas de um vaso de rosas na biblioteca quando ele entrou... De jeans e camiseta agora, o que enfatizava o peito bem torneado e os ombros largos. Os cabelos estavam úmidos do banho e o maxilar barbeado. Todavia, ele parecia cansado, com sombras escuras sob os olhos magníficos.
Pela primeira vez, Evie começou a pensar na situação pelo ponto de vista de Peter. Aquela mansão esplendorosa, que estava na família por gerações, era herança dele. Não era de se admirar que ficasse furioso pela decisão do pai. Ser forçado a se casar com uma estranha para obter o que era seu por direito enfureceria qualquer pessoa.
Mas porque Lewis a escolhera para o filho? Evie lhe falara em poucas ocasiões sobre sua infância difícil e sobre como um dia gostaria de se casar com um homem que a amasse, de ter sua própria família e a segurança que lhe faltara quando criança. Tinha sido então que Lewis sugerira — Evie pensara que de brincadeira — que ela se casasse com seu filho rico e bem sucedido e enchesse a casa de bebês Barney. Aquela fora uma das poucas vezes em que havia mencionado o nome de Peter.
— Eu tinha começado a fazer o jantar — disse ela. — Não sabia quais eram seus planos, então cozinhei o bastante para dois.
Ele lhe deu um sorriso sardônico.
— Está ensaiando o papel de esposa devotada para nosso casamento temporário?
— Interprete como quiser, mas eu apenas estava tentando ser gentil — murmurou ela.
Peter prendeu-lhe o olhar por diversos segundos.
— Notei que suas coisas estão no quarto conectado ao do meu pai. Se não estava dormindo com ele, como alega, por que usou aquele quarto em particular, quando há inúmeras outras suítes na casa?
— Eu pretendia sair do quarto assim que você me informasse onde ia dormir — replicou ela. — Não tinha certeza de como você se sentiria dormindo na cama em que seu pai morreu.
Uma sombra passou brevemente pelos olhos claros.
— Você estava com meu pai quando ele morreu?
— Sim. Ele me pediu para ficar ao seu lado. Disse que não queria morrer sozinho.
Peter se virou e, andando até as janelas, olhou para a enorme piscina de água cristalina, as costas eretas e a postura rígida. Alguma coisa sobre Peter Barney a fez pensar que, apesar da óbvia raiva dele em relação ao pai, no fundo era um garotinho que o amara um dia.
— Sr. Barney? — chamou ela após um longo silêncio.
Ele se virou para encará-la, os olhos azuis não revelando nada.
— Pode me chamar de Peter — disse com um sorriso tenso. — Não acho que precisamos de cerimônias nas atuais circunstâncias.
— Hmm... Vou transferir minhas coisas para um dos outros quartos. — Evie se dirigiu à porta.
— A Suíte Rosa é provavelmente a mais confortável — murmurou ele. — Era a favorita de minha mãe. Ela mesma a decorou... Uma das últimas coisas que fez antes de falecer.
Evie se virou para fitá-lo. A expressão de Peter havia suavizado, como se a lembrança da mãe tivesse removido a camada de cinismo que geralmente usava.
— A governanta me contou que sua mãe faleceu quando você e seu irmão eram pequenos — disse ela. — Isso deve ter sido difícil para você.
Peter deu um sorriso sem humor.
— A vida continua, não, Evie? Morte, desordem e doença acontecem com todos nós num momento ou noutro. O truque é apreciar a vida o máximo possível antes que uma dessas coisas o atinja.
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Sweet Soul
RomantikPara receber sua herança, ele, Peter Barney, precisava se casar... Com ela, a interesseira ex-amante de seu pai. Ele a trataria como a interesseira que pensava que ela fosse. Ele se casaria, a levaria para a cama e a destruiria. ATENÇÃO: Essa histór...