Prologo

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1 de fevereiro de 2016

Fitando a costa marítima de Sunset Oaks a se afastar de mim, a minha mente foi assaltada por todo o tipo de pensamentos até me começar a doer e eu ter de esfregar as têmporas para aliviar a dor que me estavam a causar.

Comecei a organizar os meus pensamentos um a um, tentando pôr sentido à minha vida.

Ponto Um: porque é que a Penitenciária de Sunset Oaks fica numa ilha perdida no meio do Pacífico a cem quilómetros da pequena cidade da Califórnia e eu tinha de apanhar um avião militar rodeada de homens assustadores com armas em punho para ir até à maldita prisão.

Ponto Dois: porque é que o dito avião parecia ter sido construído há cem anos atrás e ter um ar de que se iria partir a qualquer momento.

Ponto Três: porque é que o tempo mudou completamente esta manhã, transformando o permanente céu azul e temperatura quente em nuvens cinzentas e zangadas começando a dar indícios de trovoada e eu, estupidamente, estava com um vestido fino branco e de sandálias.

Ponto Quatro: porque é que a minha melhor amiga, Io, não compreendia o porquê de eu o ter de visitar pessoalmente quando podia simplesmente mandar o que tinha pelo correio.

"Porque é que tens de ir lá, Ophelia?"

"Podes-te magoar ou pior!"

"Ele é perigoso, O."

"Não te devias relacionar com ele depois do que aconteceu."

"Se o teu pai descobre estás morta. Literalmente."

Eu sabia que Io tinha razão, principalmente, no que diz respeito ao meu pai.

Jason Davis era o Xerife da polícia de Sunset Oaks e tinha uma certa adversidade aos gangues que elegeram Sunset Oaks a Chicago do lado oeste, daí ele levar o seu trabalho demasiado a sério ao ponto de se esquecer que tem uma filha e também ter descoberto o seu lado mais negro, começando a afastar-se do homem sério e composto que era há uns anos atrás.

O meu pai via todas estas concentrações de contrabandistas como uma praga que tem de ser exterminada ao estilo do Texas ― com caçadeiras em riste e zero por cento de misericórdia, independentemente do historial de quem quer que ele esteja a atirar; seja o filho do pastor da igreja ou o irmão do senhor do lixo. Nada o impede de atirar a matar, desde que as ruas de Sunset Oaks fiquem «desparazitadas».

Contudo, eu acredito que há um lado «normal» em todos eles, um lado sempre a querer desistir e ter uma vida normal com uma casa de cerca branca e uma família. E isso entra sempre em conflito na minha cabeça quando o lado negro e dominante dessas vidas é revelado nas notícias, por vezes facturado.

Nem todos escolhem essa vida por quererem e gostarem de recriar nos tempos modernos os antigos filmes dos cowboys, ou gostam dela. E é isso que o meu pai nunca vê, mas como homem da lei ele tem de a defender e não olhar para o criminoso como vítima do Satanás.

Por isso, se Jason Davis soubesse que a sua própria filha estaria num avião para se encontrar com o Vice-Presidente do principal gangue de Sunset Oaks ― Heathens ― que ele tão orgulhosamente prendeu há dois meses atrás; teria o mais grave caso de ataque cardíaco da história.

"Miss Davis, chegamos." Um militar que estava no banco à minha frente disse, levantando-se agilmente.

O nome «Jones» estava bordado a um canto do colete.

Como é que ele conseguia se levantar com o peso do colete ― provavelmente carregado de munições e Deus sabe lá mais o quê. Mais o peso da arma que ele tinha sobre o ombro, como se não fosse nada?

HeathensWhere stories live. Discover now