Capítulo 8

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Abri meus olhos devagar e observei o quarto desconhecidamente rosa, que na escuridão se tornava sombrio devido aos inúmeros rostos presos em portas retratos cuidadosamente posicionados. Levantei-me e acendi a luz.

Observei as fotos e me deparei com uma linda menina com cabelos longos e um largo sorriso no belo rosto. Ela estava em um lindo jardim e em seu dedo havia pousado uma borboleta azul. O verde olhar dela para a foto era indecifrável, apesar do seu rosto sorridente. Como eu não a reconheceria? Minha mãe. Nessa foto ela deveria estar com a minha idade.

- É minha foto preferida. - disse Beatrice

Olhei para porta assustada. Não havia notado sua presença.

- Vamos almoçar querida. Quando voltarmos ajudo você a ajeitar suas coisas.

Fomos até a lanchonete que ficava a frente da casa. Havia vários jovens em grupo conversando e rindo. Lembrei-me de quando eu ia almoçar com Kat e Lola.

- Aposto que gosta de batata frita. Estou certa?

- Sim, eu gosto. - Deixei que meus lábios sorrissem.

Ela pareceu satisfeita com minha reação.

- Sente-se aqui, querida. - Apontando para a mesa próxima ao balcão. - Vou providenciar nossa comida.

Ela entrou em uma pequena sala ao fundo, onde eu acredito que seja a cozinha.

Passei a observar os funcionários. Todos usando blusas vermelhas com o desenho de uma grande borboleta azul no peito esquerdo. Contei-os. Quatro ao total. Um homem com a barba por fazer e a cabeça raspada ficava no caixa. Duas mulheres gordinhas saiam de tempos em tempos com lanches de dentro da sala onde minha avó havia entrado. E um jovem de pele negra servia os pedidos.

Fitei minhas unhas que estavam com o esmalte vermelho descascado. Como por impulso, comecei a passar a ponta de uma unha contra a outra para retirar o resto da cor.

Ouvi uma voz a minha frente. Alguém no balcão. Eu, pelo canto dos olhos, olhava apenas para seus pés. Usava em tênis branco da Nike. Eu conheço esse tênis. Cris, namorado da Kat usava um bem parecido. Lembro-me do quanto ele se gabava por ter sido dispendioso.

- Beatrice. Querida, onde estás? - O menino de tênis caro falava em tom sarcástico.

- Olá, querido. - Ouvi sua voz em resposta - O de sempre pra viagem?

Parecia que esse diálogo era costumeiro entre eles.

- Você me conhece bem. O de sempre. - Sem tom de voz era ainda de brincadeira.

- Já conhece minha Neta? Ela chegou hoje de viagem. Vai estudar na mesma escola que você.

Ao perceber que agora ela falava de mim, levantei o olhar. Primeiro para ela, depois para ele.

- Não, acho que não nos conhecemos. - Seus enormes olhos azuis me hipnotizaram. Ele sorriu. Olhava cada detalhe do meu rosto como se me avaliasse.

- Tudo bem? Haam.. - Ele disse estendendo a mão

-Meg. Meu nome é Meg. - Levantei a mão para cumprimenta-lo.

Ele sentou na cadeira a minha frente.

Olhei novamente para o balcão, mas Beatrice já havia desaparecido.

- Sua avó havia me contado que a neta dela viria morar aqui. Mas ela se esqueceu de me avisar que era tão Linda assim. - Ele sorria com o canto dos lábios.

Corei. Ele era um nota 11. Com certeza. Se a Kat o visse, sem duvida diria que ele era um 11.

Passei a mão pelos cabelos tímida, tentando frustradamente esconder o sorriso.

Amarga MegOnde histórias criam vida. Descubra agora