Capítulo 1

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O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano.

Isaac Newton


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Eu adorava caçar as conchinas que estavam no mar! Era simplesmente ADORÁVEL!
Elas eram sempre esplêndidas e sempre eram diferentes umas das outras, como se tivessem sido pinceladas por um caprichoso pintor, que fazia questão de dedicar-se a cada uma delas.

Eram simplesmente lindas, mas talvez não fossem mais lindas que o por do Sol, porque, ah! O por do Sol era de tirar o fôlego de qualquer um. Vê-lo descer devagar, e desaparecer embaixo do mar, era lindo...

- Roménia! Aonde você está?

Escutei minha irmã gritar. Havia até esquecido que deveria levar para ela as folhas de bananeira que ela havia abandonado o outro dia perto da casa de Daya.

Olhei por cima do ombro e a vi observar a praia, com a brisa balançando seus cabelos loiros, tentando me achar. Dei risada, afinal ela nunca conseguiria fazê-lo já que eu estava agachada perto de algumas plantas, fazendo impossível ela ser capaz de ver-me ali.

Decidi por levantarme, pegando a conchinha que tinha encontrado por ali e fui caminhando em direção a Isabel que já havia me visto e me esperava com as mãos na cintura batendo um pé.

- Onde estava mocinha? E onde estão as folhas? - ela perguntou já começando a caminhar. - Se demorarmos papai vai ficar furioso, sabe disso não é?

- Eu sei, eu sei... mas foi você mesma que esqueceu as folhas o outro dia por andar de fofoca, - falei rindo quando ela me lançou um olhar repressivo - além do mais, o que há tanto para se fofocar, se nem duzentas pessoas vivem na Ilha, é pouca gente pra tanta fofoca!

- Ora Menia, você sabe que sempre há alguém aprontando algo não é? - E parando de repente ela se virou rapidamente pra mim. - Você não sabe não é?

- Hum, acho que não - falei dando de ombros, afinal, na maioria das vezes eu não sabia de nada, e se sabia, era graças às minhas irmãs que estavam sempre falando e falando em casa, assim não havia maneira de não saber o que se passava na Ilha.

- Sabe o filho do senhor Pinnock? Então ele disse que não quer mais ficar aqui! Que vai embora e não volta mais! - a medida que falava esbugalhava os olhos.

- O que!? Ele está louco! Quando ele disse isso? - perguntei totalmente em choque, afinal, ninguém nunca tentava ir embora da praia, mas quem já tentou ou ficava perdido e voltava (como se estivesse andando em círculos) ou desaparecia pra sempre.

- Ele anunciou ontem a noite. E o seu Pinnock ficou furioso! E se fosse um filho meu até eu ficaria! Imagina que loucura tentar ir embora! - Respondeu ela enquanto continuava a caminhar.

- Por que ele faria isso? - Falei pensando num motivo para isso.

- Ah, vai saber né, - disse ela dando de ombros e pulando por sobre uma árvore que havia caído já fazia muitos anos - mas o que me disseram foi que ele brigou com alguém e por isso que decidiu ir embora.

- Sério? Só por uma briga? Essa estória está mal contada - falei justamente no momento em que chegamos ao centro da vila. - Ah! Suas folhas estão com a Felicity, ali na casa dela.

- Tudo bem, vou ali então... - disse minha irmã caminhando em direção à casa de sua amiga, e virando pra mim disse - vá direto pra casa mocinha, nada de andar por aí, papai disse que quer a todos nós reunidos em casa antes do Sol estar no topo do céu.

- Tá bom, chau então. - disse já indo direto à casa.

Enquanto caminhava observava as três casas que haviam por ali. Eram grandes, na sua maioria feitas de madeira de árvores, com folhas de bananeira e outras coisas que conseguíamos usar que a natureza nos dava. Uma das casas pertencia ao chefe da Ilha, senhor Thirlwall. Eu não sei bem como foi que a família dele foi escolhida para liderar, mas desde muitos anos, muitos anos mesmo, a família do senhor Thirlwall governa tudo. É algo de geração em geração. Até agora ninguém contestou seu direito, afinal, acho que todos estão satisfeitos em como vão as coisas.

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