Capítulo 2

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Acabei me perdendo nos meus pensamentos e nem vi a hora do almoço chegar. Minha mãe me chamou, um pouco impaciente.
Desci meio desajeitado e sentei à mesa.
Senti que alguém me observava, e quando levantei a cabeça, vi Rafaela me olhando com uma incerteza estampada em seu rosto. Patricia estava me encarando com o queixo apoiado na mão e a cabeça virada meio de lado. Medo 2. Continuei comendo para esquecer que haviam duas meninas, muito bonitas por sinal, me olhando.

Sei que eu disse que não estava interessado em namorar e nem nada do tipo, mas... Eu não sei cara! É tudo tão confuso. Aquele toque de mãos de manhã foi algo "novo" para mim.
Todas as meninas que iam para minha casa se hospedar ficavam com um olhar de safadeza para mim. Me sentia uma presa pequena e frágil diante de um monte de ursos com salto alto e maquiagem. Mas a Rafaela era diferente. Ela apenas me olhava e tenho certeza que não pensava em safadezas como as outras meninas que conheci. Parecia que ela, de verdade, pensava algo diferente sobre mim e isso me chamou a atenção. A Patricia é esquisita, ela me olha de cabo a rabo com um olhar esquisito como se eu fosse de seu interesse ou algo assim. Ela é igualzinha as outras. Tenho que tomar mais cuidado.
Assim que terminei a janta, não pensei duas vezes e subi para meu quarto. Bati a porta e me tranquei lá.

Esquecia de mencionar que toco guitarra? Pois bem, eu costumo tocar algumas músicas de rock para me acalmar, me deixar mais leve.
Peguei ela e sentei na minha cama. Comecei a fazer um instrumental de uma música do KISS, uma banda de rock. O nome da música era "Rock in Roll all night".

Me sentia uma estrela do rock, apesar de minha voz não ser grossa como da maioria dos cantores de rock.
De repente, alguém bate na porta e eu paro imediatamente de tocar e grito:
– Quem é?
Demora.
– Sou eu, Rafaela.– eu levantei da cama em um pulo. Atendi a porta.– Oi.
– Oi.
– É... eu ouvi você tocar uma música lá de baixo.– falou sorrindo.– Você toca bem.
– Valeu...– cocei a nuca.– Ninguém nunca falou algo legal assim para mim.– "Por quê geralmente todas as garotas que conheci só falavam merda pra mim."– Meu pai me paga para parar de tocar ás vezes, admito.

Ela riu. O sorriso dela era simplesmente perfeito! Ela ria com uma doçura contagiante... Eu acabei por rir também.

– Minha avó, geralmente, não me deixa tocar a minha guitarra em casa.
– Você toca?– perguntei ansioso, abrindo passagem para ela entrar.
– É só um hobby, nada profissional.
– Eu também. Toco por diversão.

Ela entra e eu opto por deixar a porta aberta. Rafaela joga a franja para o lado com um movimento da cabeça e depois solta um grito que eu quase fico surdo.
– Ai! Que foi garota?!
– Mentira!– ela retira de trás da minha mochila meu CD com música gravada dos Beatles.
– É. Eu escuto. Me ajuda a passar o tempo.– disse eu rindo.
– Aah! Tem "Help"!– ela admira o CD.– Caramba! Você gosta de tudo que eu gosto. Parecemos até...– ela para de falar na hora.

Mentira que ela ia dizer isso...!

– Até...?– pergunto curioso.
– Er... irmãos! Eu quis dizer irmãos!– ela diz, envergonhada. Mesmo sabendo que ela disse "irmãos" sabia que ela ia falar outra coisa.
– Caleb? Rafaela? Vocês estão aí em cima?– pergunta meu pai, gritando.
– E-estamos! O quê houve?– respondi.
– Ah, nada. Só queria saber.

Eu me viro para Rafaela que sentou no chão e ficou vendo meus CDs.
Eu olhei para ela e sorri.

Agora, parando para pensar... Por quê ela ia dizer "a outra palavra que começa com A e termina com S"? Ela sentiu que tivemos um tipo de ligação também naquela manhã?

Ah, não sabe que palavra é essa que Rafaela ia dizer?

A palavra é, sem duvidas, "Almas Gêmeas".
E eu estou feliz por não ser o único a sentir algo de diferente entre eu e ela.
Sei que parece esquisito e que nos conhecemos de manhã mas...
Seria obsessão minha falar que eu talvez teria cometido o mesmo erro se estivesse no lugar dela? Eu teria dito a palavra "Almas Gêmeas". Mas eu não teria disfarçado. Eu diria para ela que TALVEZ algo estivesse acontecendo entre nós...

Eu disse que DIRIA. Não que eu VOU falar. Deu vontade, mas não quero que ela pense que sou um esquisitão obsessivo. Eu vou falar para ela no momento certo...

SE eu falar para ela.

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