Henrique - Capitulo 8

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Vim pra lhe encontrar, dizer que sinto muito

Você não sabe o quão amável você é

Tenho que lhe achar, dizer que preciso de você

E te dizer que eu escolhi você

Conte-me seus segredos, faça-me suas perguntas

Oh, vamos voltar pro começo

(Coldplay - The Scientist)

***

Fernanda passa a noite no hospital. Liguei novamente para Vinicius para saber se ela estava melhor. Ele me garantiu que sim. Não consegui dormir a noite. Virava de um lado para o outro na cama, abraçado com o travesseiro da minha mulher. Seu cheiro estava por todo lado. No travesseiro, nos lençóis. Eu não sei o que vou fazer da minha vida sem Nanda. Eu vacilei, mas foi uma estupidez, não senti nada por Samanta, nem tesão, absolutamente nada. Estava tão fadado à rotina, e acabei cometendo uma burrada que pode colocar meu casamento a perder.

O celular desperta me avisando que preciso me arrumar para o trabalho. Hoje tem uma reunião importante na empresa e não posso faltar

. Além disso, preciso contratar uma nova secretária para organizar meus compromissos. Prevejo um dia de merda. Urgh! Justo hoje que eu preciso falar com minha mulher, não posso faltar ao serviço. Levanto da cama, tomo um banho e vou pra cozinha preparar um café.

A sensação é esquisita. Sempre pela manhã tomo meu café sozinho, porque Nanda acorda um pouco mais tarde, mas hoje é diferente. Sinto um aperto no peito. Uma solidão que me aflige. Decido espantar esses pensamentos. Não vou perder a Nanda, não vou. Faço o que for preciso pra que ela me perdoe.

Termino meu café e tento ligar pra Nanda. Caixa postal. Penso várias vezes se devo ligar pra Vinicius. Será que ele ainda está com ela no hospital? Resolvo ligar! Chama umas três vezes e ele atende.

-Henrique – ele diz já sabendo que sou eu.

-Como vai Vinicius. Tem notícias da minha esposa?

-Então, ela já ganhou alta. Eu me ofereci pra leva-la em casa, mas ela recusou. Disse que ainda não iria pra casa. Eu não sei pra onde ela pode ter ido.

Suspiro cansado. É lógico que ela não quis vir pra casa. Eu no seu lugar não iria querer também.

-Tudo bem Vinicius, agradeço sua ajuda. Depois nos falamos. Até logo. – e desliguei o telefone.

O dia na empresa é corrido. Uma reunião super demorada e estressante. Nem consegui almoçar e também nem estava com apetite. Precisei resolver algumas coisas da minha agenda, já que estava sem secretária. Passei no setor de RH e informei a necessidade de uma nova pessoa me ajudando. Tentei ligar pra Nanda no decorrer do dia, mas não tive êxito. Meu expediente estava quase no fim. Iria pra casa, torcendo pra encontra-la e enfim poder me explicar.

Quando deu 18h, desligo meu computador e vou para o estacionamento. Faz tempo que não fico até mais tarde resolvendo problemas e adiantando as coisas. Não é fácil, minha função exige muito de mim, uma responsabilidade tremenda e Pedro sempre pede minha ajuda, quando necessita o que acaba me dando mais tarefas.

Depois de alguns minutos no trânsito congestionado, chego em casa. A luz está acesa, então suponho que Nanda esteja em casa. Meu coração dispara. Meu estômago tem milhares de borboletas inquietas. Abro a porta, e a vejo. Está distraída olhando pela janela. Quando ela percebe que cheguei, vira e me olha. Um olhar que nunca vi. Um olhar frio, que me quebrou. Ali eu soube que também tinha quebrado a mulher que eu amo!


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