Capítulo 2 - Rap Monster

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Acordar de manhã com dor de cabeça é sempre uma boa desculpa para não ir para escola, e realmente, minha mãe aceitou que eu ficasse em casa e ligasse se me sentisse mal. Aproveito a chance para relaxar sentada no chão da sala.

"Ok, talvez não tão no chão. Eu havia colocado um colchão na frente da TV, eu gostava de jogar assim mas normalmente não jogo sozinha."

Pauso o jogo ao ouvir minha barriga roncar, deixo o controle de lado e me jogo no colchão, logo me enrolando no edredom quentinho, alcanço o controle e mudo para algum canal de filmes, abaixo o volume e viro de costas pra TV.

"Ah, sim...eu deveria ter tentado dormir antes, por que não pensei nisso antes...?"

Dou de ombros, acabando com meu diálogo mental e percebo que as cobertas já estão quentinhas, fecho os olhos sentindo o maravilhoso sono chegar, lá fora a chuva fraca que havia começado desde cedo, parece estar aumentando.

"Perfei..."

Antes mesmo que eu pudesse completar meu pensamento, escuto a campainha da porta da frente da casa tocar.

-Mas não é possível, dessa vez eu nem abri a boca...

Resmungo pra mim mesma ainda enrolada no meu ninho de coberta.

"Ah...foda-se, a pessoa provavelmente vai achar que não tem ninguém em casa se eu ficar na minha e vai embora"

Essa ideia parecia ser ótima até que escuto a voz familiar me gritar do lado de fora.

-S/N eu sei que você está em casa, pelo amor de Deus, vem abrir o portão, está chovendo e frio aqui fora.

Fecho os olhos por um instante e respiro fundo criando coragem para sair dali, soltando um grunhido irritado ao jogar as cobertas para o lado e levantar, no caminho pego um chinelo meu para não sair descalça, assim que abro a porta sinto o vento frio.

"Mas que merda."

Vou correndo até o portão sentindo os respingos da chuva que são trazidos pelo vento batendo em meus braços e rosto descobertos, abro o portão com cara de poucos amigos, mas minha expressão muda ao perceber o quanto ele já está encharcado.

-Meu Deus Namjoon, você tá muito molhado... - falo puxando ele pelo braço pra dentro e fechando o portão atrás de mim.

-Se eu tô assim, a culpa é sua que me deixou aqui fora na chuva esse tempo todo, nunca vi uma pessoa demorar tanto.

Ele começa a reclamar mas eu não dou ouvidos e puxo ele até a porta, mas ainda não deixo ele entrar e coloco as mãos na barra do casaco ensopado dele.

-Tira isso primeiro, você não vai entrar assim e molhar a porra toda. - Deixo ele terminar de tirar o casaco e entramos, pego uma toalha que estava em cima da mesa da cozinha, junto com algumas roupas limpas que eu já deveria ter levado mais cedo para organizar nos armários.

Fico na ponta dos pés e jogo a toalha em cima da cabeça dele e começo a tirar o máximo de água que consigodo seu cabelo descoloridoele apenas deixa as mãos caírem ao lado do corpo e me deixa terminar.

-Ok, agora você pode subir pro meu quarto e olhar no meu armário, acho que tenho algumas roupas suas que peguei emprestado. - falo jogando a toalha pra ele segurar e dando as costas indo para a sala.

-"Emprestado" você diz, raptadas, foi isso que aconteceu com elas. - escuto ele resmungar enquanto sobe às escadas.

Dou risada e me jogo no colchão voltando a me enrolar no cobertor que por sorte ainda está quentinho. Nao demora muito para que eu escute seus passos descendo as escadas e em seguida o som do mesmo se jogando no sofá, abro um olho e o observo.

-Você ainda não me disse o que está fazendo aqui.

Ele inclina a cabeça para o lado e me olha com um sorrisinho pequeno.

-Vim ver você. - Ele da de ombros enquanto me olha - Eu ouvi quando avisaram à professora que você não iria hoje por que estava passando mal, sabia que sua mãe iria trabalhar e que você ficaria entediada sozinha.

Reviro os olhos diante de como ele sabia de tudo mesmo sem eu precisar explicar nada.

"Até mesmo a parte de estar entediada."

-Tudo bem, mas estava chovendo desde de cedo você não deveria ter vindo assim na chuva. - reclamo com ele e me levanto do colchão arrastando o cobertor comigo e me jogo em cima dele no sofá.

-Aí, S/N você vai me machucar assim... - é a vez dele de reclamar enquanto eu me ajeito ficando contra as costas do sofá e com ele na minha frente, coloco o cobertor sobre ele também.

-Bem melhor assim. - falo abraçando ele, que suspira quando retribui o abraço.

-S/N...- ele me chama e eu só resmungo ainda de olhos fechados sem vontade de continuar nossa conversa.

-S/N, olha pra mim. - seu tom de voz parece diferente e eu olho pra ele que está sério, fico confusa.

-O que f...- as palavras são interrompidas quando ele me beija e agora eu estava de olhos arregalados, completamente surpresa com a atitude inesperada dele.

Suas mãos que antes me abraçavam gentilmente, agora seguram minha cintura com firmeza me pressionando contra seu corpo, não demora muito para a minha surpresa inicial passar e logo me vejo correspondendo. Até que ele se afasta, interrompendo o beijo e fica apenas me olhando, com uma mistura de insegurança, nervosismo e ansiedade, parecendo esperar que eu entendesse.

-Por que...?- Não consigo dizer nada além disso, não me sentia ofendida com seu gesto ou a ponto de sair correndo de perto dele para nunca mais voltar, como parecia ser o que ele temia.

Me sentia apenas curiosa, desde que nos conhecemos eu nutri algum sentimento além do que deveria por ele, em certos momentos até acreditei que ele poderia se sentir da mesma maneira. Porém, havíamos chegado em um ponto de nossa amizade que eu acreditava que nenhum dos dois iria tentar algo, mas aqui estava ele me surpreendendo novamente e, apesar de ja imaginar o motivo que o levou a fazer isso desejava ouvir ele dizer. O sorriso dele traz borboletas ao meu estômago, me dando mais certeza de qual será sua resposta. Ele estende a mão e passa pelo meu rosto apenas as pontas dos dedos e então pergunta com o sorriso brilhante que deixando sua covinha a mostra.

-Mesmo depois disso você ainda não entendeu que eu gosto de você?

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