Foi-se o caderno laranja.
Ah, o famoso caderninho laranja.Agora há outro caderno
segurando as rédias,
aguentando minhas lágrimas
e meus orgasmos.
Sempre madrugando
a bordo de emoções extremas,
regadas a álcool, hormônios,
sorrisos e saudades.O caderno laranja tá sempre lá
pra quando eu preciso dele,
seja pra matar a saudade
ou escrever algo novo.Claro que ainda estou
vivendo o caderno laranja.
É muita tinta pra deixar do nada.
Mas meu novo caderno,
moreno, de pouca melanina,
me invadiu com o pé na porta
e uma revolução nos lábios.
Cantando justiça, levante,
resistência,
mas antes de tudo, amor.Claro que eu,
tolo simbolista,
acredito que ele represente
uma nova fase.
Claro que eu,
tolo vagabundo,
assim como encho os dois cadernos
do mais sincero amor
também os encho de insegurança
quanto ao outro caderno.
Claro que eu,
tolo sentimentalista,
me derreto todo
e tento consertar
o eco do meu coração.
Mas simplesmente
não seria eu
se fosse de outra forma.Enfim, decidi manter
ambos os cadernos.
O laranja, como a lembrança
de uma grande obra-prima vivida,
e como grande amigo.
E o moreno,
como meu novo efetivo,
ao qual me dedico
quase que integralmente,
pronto pras grandes aventuras
que estão por vir.Pronto!
Acho que tá bom assim.
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Cicatriz - Pele, Colágeno, Sangue e Suor.
PoetryCorre, apenas! Remonta. Traz tudo aquilo de volta, como uma fênix narcisista e embriagada...