O chão debaixo de meus pés

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          — Amor, sou mesmo um idiota por não valorizar esse corpo maravilhoso! — Eu estou parado na porta, meio torto, com o ombro encostado. Tinha ido pegar o sabonete e o shampoo para tomarmos banho, quando voltei ao banheiro deparei-me com aquela cena incrível. Acho que não é bem normal que depois de tantas noites dormindo juntos, o marido ainda se impressione com o corpo de sua esposa, mas o que posso fazer. Ela estava de costas, um pouco curva, com um pé levantado, e passando por ele, sua minúscula calcinha preta rendada.

          Num primeiro momento eu apenas fiquei quieto, observado aquela peça. Devia ter uns um metro e setenta de altura, alguns centímetros a menos do que eu. Seu cabelo tinha sido alisado, mas depois da chuva acabou voltando ao normal: lindos cachos negros. A cada movimento do seu corpo os cachos pulavam, dançavam e brilhavam na luz fraca do banheiro. Tentando respirar por debaixo deles, havia uma nuca de pele dourada. A moça é uma brilhante mistura de branco, preto e vermelho. Os olhos são verdes, como os de seu pai, e refletem os mares navegados pelos seus ascendentes europeus. Os cabelos e os lábios são as sombras das florestas africanas, seus segredos e seus tesouros. Já sua pele é o retrato da coragem dos índios, lutando contra os colonizadores.

          Toda essa bagunça converte para as estonteantes curvas de seu corpo, que aproveita o melhor de cada idade que teve ou terá. O humor e o brilho nos olhos são coisas que só encontramos em menininhas que ainda não conheceram as dores do mundo. Os seios fartos, que alimentariam uma manada, me dizem que Amanda será uma boa mãe. O quadril chamativo, mas não muito largo, lembra-me que Amy é uma mulher de corpo maduro. Enquanto isso, os braços e pernas fortes, temperados por meia dezena de copos de leite, predizem o futuro e contam-me que ela viverá para sempre.

          Após meu comentário tudo que ela pôde dizer foi para que eu deixasse de ser tarado e de ficar olhando-a daquele jeito. Mas é difícil para um homem não apreciar a beleza de uma mulher, mesmo que essa seja a sua mulher.

          Eu a tomo em meus braços. E enquanto ela pede com uma voz fraca e baixa para que eu pare, eu continuo beijando-a. Começo pelos seus lábios, mordendo o superior e então, o inferior. Seu gemido me encoraja. Minha mão desce sua bunda alcançando seus joelhos. Eu ergo minha esposa no ar encostando-a a parede. Sua pele treme com o frio, e eu mordo levemente seu pescoço, enquanto suas mãos tateiam meu peito e soltam os botões de minha camisa. Suas unhas arranham minha pele, descendo pelos braços e tirando a peça de roupa. Eu esfrego minha cabeça na sua e cheiro seus cabelos e sua pele, pensando que rosa alguma superaria tal perfume. Ela salta como uma gatinha nervosa no meu colo, prendendo-se com as pernas, mas dando folga para que retire a calça e o resto.

          Caminhamos, aos toques e beijos para o chuveiro. A água morna cai entre nossos corpos dominados pelos deuses do amor. Eu a beijo, e beijo-a de novo, e mais uma vez, e outras tantas. Amy se abre e se entrega a mim. Eu a recebo e, mais uma vez, lhe faço mulher. Nosso enlace é longo e quando acaba, começa outra vez. Cinco, seis, não poderia contar, pois nesse momento tudo que havia em minha mente era Amanda, seu cheiro, seu gosto, seu corpo.

          Não sei quanto tempo estivemos no bainheiro. Foi o suficiente para enrugar meus dedos, mas não para aplacar minha paixão. Ela está bem na frente agora. Nua, dançando em frente a cama e chamando-me para possui-la de novo. Eu espero. Deixo-a dar seu show. E que show! Seu corpo balançando para um lado, seus cabelos voando para o outro, e meu coração batendo mais alto do que a música que embala a performance.

          Eu me ajoelho. Ela dá-me o pé, eu o beijo, e depois a canela, vou subindo até as coxas, e então o que há entre elas. Amy delira. Suas pernas fraquejam e eu delicadamente a coloco na cama. Subo em cima dela, e Amanda aperta meus braços, encarando meus olhos. Nós nos beijamos e nos entregamos ao amor uma vez mais.

          Acho que já são umas cinco da manhã. Eu não consegui dormir depois de todo aquele exercício. Amy dormiu há uma hora e meia, talvez. Estava aqui pensando sobre esta montanha. A Montanha Solitária é chamada assim porque não pertence a uma cadeia, ela está sozinha a milhões de anos, sem nenhuma outra para lhe fazer companhia. Eu fico aqui me perguntando como um lugar tão isolado, em todos os aspectos pode inspirar tantos bons sentimentos. Quando estávamos no pé da montanha Amanda me perguntou:

          — Querido o que você vê quando olha para o alto? — Ela pronunciou cada palavra com um indescritível brilho no olhar. E eu, como professor que sou, respondi:

          — Ora, uma montanha, formada a alguns milhões de anos, não sou especialista, mas o chão parece ser formado por muitos metais. — Eu parecia o professor pardal falando.

          — Haha! Você é um gênio! Quando eu olho para o alto, amor, eu vejo esperança. Esperança para nós dois. — Só pude me calar, e tocar sua mão.

          E agora, encarando o teto escuro acima de mim, acredito firmemente que as esperanças de Amanda se tornaram realidade. Nunca percebi de forma tão clara o carinho dela por mim, seu cuidado, sua preocupação. Um homem só pode ser mesmo um completo idiota para deixar que problemas exteriores afetem seu casamento. Chega! Não deixarei mais que lute sozinha por nós, meu amor. A partir de agora eu prometo, aqui nesta montanha, que zelarei por este matrimônio tanto quanto você, meu bem. Obrigado por me mostrar a verdade Amanda.

 Obrigado por me mostrar a verdade Amanda

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