A Crônica de Alucídio

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Está frio... Tão frio que eu sinto até a última vertebra da minha coluna congelar, mas eu tenho que continuar correndo se quiser viver. Eu não sei exatamente quem ou o que está me perseguindo, mas isso com certeza não é o que importa agora. Quanto mais eu corro mais ele se aproxima. E como se não bastasse isso, eu tenho somente a luz do luar para guiar-me por dentre várias árvores na escuridão da noite. Estou ofegante... Tão Ofegante que mal engulo em seco a saliva que não tenho mais e já me desespero em continuar o dito processo de atual necessidade física imediatamente. Eu poderia tentar esconder-me atrás de uma dessas árvores distribuídas nesse vasto breu quase sem fim? É, até poderia tentar, mas sería caguetado pela minha propria ofegância.

Frio, ofegância, perseguição, morte...
Tudo o que me resta fazer é continuar correndo dessa criatura que me persegue de forma implacável. Não! Olhar pra trás não é uma opção, nunca, jamais! Se eu virar o rosto para a direção oposta agora posso encontrar o olhar de meu impetuoso perseguidor à cinco centímetros do meu próprio. Pelo menos, se for para morrer, que não seja vendo um close da face do meu assassino.

Continuo correndo, correndo e correndo... Driblando árvores e vários outros obstáculos dispostos em meu caminho enquanto contínuo a ouvir os gritos ferozes e grosseiros daquela criatura hostil me instruindo, de forma nada generosa, para que eu detivesse meus passos, pelo menos é assim que interpreto esses berros.

Ah Não! Droga! A criatura me alcançou. Mas então ela para e produz um som um tanto diferente dos anteriores, que me faz olhar para trás involuntariamente. Vejo a tal criatura com as palmas das mãos apontadas para minha direção e suas pernas semiflexionadas enquanto termina de expressar-se.
Tento entender o que aquilo significa, porém, não duro mais de 1 segundo nesse processo, pois choquei-me em um muro e caí. De onde isso veio?

Antes de desfalecer completamente ainda consegui escutar um pequeno diálogo entre meu perseguidor e um outro que estava chegando logo atrás:

- De novo esse cara a essa hora da noite? Como ele saiu da camisa?

- Não faço idéia. Vista o uma nova camisa, e reajuste as doses de remédio. Esse é um dos pacientes que mais dão trabalho.

A Crônica de AlucídioOnde histórias criam vida. Descubra agora