A casa de meus pais permanecia da mesma forma que sempre foi.
Simples, porém sofisticada.
Talvez a única diferença fosse os brinquedos jogados por todo o tapete.
Certamente eram de meus sobrinhos, os quais eu nunca vi pessoalmente. E não por falta de tempo, acredite.
Continuei minha trajetória pela casa e ao subir os degraus que levavam até os quartos, fixei meus olhos no quarto do final do corredor.
Meu antigo quarto. Meu quarto.
Hesitei, por alguns segundos, em ir até lá.
— Vamos, Pandora. Vamos.
Tentei me encorajar e, felizmente, deu certo. Em poucos segundos eu estava ali, estática, segurando firme na fechadura, esperando a coragem chegar e me fazer entrar ali, após tantos anos.
Suspirei fundo. Eu consigo. Eu consigo.
Num ato rápido, abro a porta e abro os olhos velozmente.
Meu coração aperta dentro do peito. Meu quarto ainda era... Meu quarto?
Pronto. De novo a cachoeira resolveu brotar em meus olhos.
— Merda. — murmuro em meio há soluços estrondosos. — Que merda é essa, Pandora?
Sinto um arrepio percorrer todo o meu corpo e, no exato momento em que giro meu corpo para encarar a porta de meu quarto, vejo alguém parado, os olhos fixos em mim.
— Que por...
— Que boca mais suja, Pandora!
Uma voz fina agonizante soa e tudo que eu faço é gritar.
Muito alto.
O mais alto que consigo. E não sou a única a fazer isso.
— Q-Quem é você? Vá... Vá para a luz, coisa ruim!
— Coisa ruim? — Vejo que é uma criança. Uma criança extremamente familiar. — É, talvez sejamos mesmo.
— Sejamos?
— É, tendo em vista que eu sou você, se está dizendo que eu sou uma coisa ruim, automaticamente está dizendo isso de si mesma.
— Você... O que?
A garotinha baixinha tenta andar na minha direção, mas eu recuo.
— Eu sou você, Pandora. Até parece que você não sabe.
— Não, eu não sei. — digo nervosa.
— Você está pálida. Parece até que viu um fantasma.
— É porque estou olhando pra você.
— Eu não sou um fantasma! — ela berra, irritada. — Eu sou você!
— Como você pode ser eu, se eu sou eu e eu estou bem aqui?
A garotinha franze o cenho.
— Que vergonha de ser você. — ela murmura descrente, revirando os olhos em seguida.
— Eu... Olha só, eu...
— Eu sei que está assustada. Não é todo mundo que vê sua própria versão de quando era criança, tá legal? — ela fala cheia de si. — Mas se eu estou aqui, é porque você precisa de mim.
— Não. Eu não preciso de você.
— Se não precisasse, eu nem estaria aqui.
— Olha só, isso é um pesadelo. Com certeza é. Meu dia está sendo terrível nesse pesadelo, mas eu vou me beliscar e a realidade virá à tona. — sorrio satisfeita. — Ótimo. Um... Dois... E...

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Pequena Mulher.
Historia CortaPandora é uma mulher bem sucedida. Além de linda e extremamente talentosa. Ela tem plena convicção de todos os adjetivos que lhe cabem. Ela é, ela pode e ela consegue o que quer, a hora que quiser. No seu aniversário de trinta, porém, Pandora se dep...