Capítulo 1

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Como qualquer outro dia de chuva, meu psicológico me obrigou a ir à faculdade... Infelizmente ele estava certo, até porque faltavam poucas aulas até o fim do segundo semestre (e aí, Férias...).
Mariana iria passar em minha casa para pegarmos o ônibus a dois quarteirões de onde moro, mas ele sairia em dez minutos... Onde está Mariana? Enquanto mergulhava em pensamentos aleatórios desci às escadas em direção a geladeira para pegar uma jarra de suco, que preparei logo após o meio dia.

-Droga, Mariana! Faltam sete minutos, onde está você? - As palavras saíram quase como um sussuro de minha boca, quando a campainha dá um alerta de que tem gente na porta mega atrasada, e que alguém furiosa estava indo atender.

- Eu precisei ir no mercado pra minha mãe e você sabe bem que fica longe de casa. Desculpe. - A porta mal se abriu e eu já escutei isso vindo de minha amiga (o que podemos chamar de "milagre", por Mariana ser muito orgulhosa e sempre dizer que não deve satisfação a ninguém) que apesar de estar sendo uma fofa e eu ter vontade apertar suas bochechas, ainda estava brava por estarmos atrasadas.

-ALELUIA MARIANA! Achei que não viria... - respondi, realmente aliviada - precisamos ir depressa, o ônibus sai em três minutos. - Mariana assentiu e nós saímos.

Como rotina eu e Mariana iríamos direto para o café da esquina da minha casa, para eu comprar o meu tradicional café descafeinado (com mais leite do que café) de todos os dias, então eu não pude deixar de brincar com a Mari no caminho.

- Ai mulher, eu não acredito que você fez eu perder o meu café! - Falei, forjando uma careta triste e brava ao mesmo tempo. Mas não pude evitar gargalhadas.

- Eu já pedi desculpas, mesmo sendo culpa da sra. Michelle, quer o que mais? - disse Mari, também forjando caretas falhas de decepção.

Quando estávamos chegando, avistamos o ônibus partindo. Foi o momento em que nos olhamos e o "COOORREE" veio involuntariamente... E corremos. O sr. Martínez (motorista do ônibus) parou ao nos ver. Um verdadeiro anjo.

- Muito obrigada mesmo, senhor Martínez! - Falamos em uníssono, totalmente sem ar.

- O que eu não faço por essas bonecas. - Ele falou soltando sua típica gargalhada contagiante.

Todos rimos, e ele acelerou o ônibus, depois de ter certeza que já tinhamos ocupado nossos assentos.
No caminho, por ser longo, Mari acabou dormindo... E eu com meus fones, como sempre me perdi em meus pensamentos. Olhei a chuva caindo constantemente no vidro e as gotas rolando como lágrimas de uma pessoa com o coração partido. Talvez estivesse me sentindo assim, pois foi o único motivo que consegui pensar para lágrimas rolarem.
Em todos os meus relacionamentos, sempre acabei assim: de coração partido...

- Se preparem "crianças", estamos chegando! - Avisa seu Matínez, interrompendo meus pensamentos e acordando Mariana.

- Olá, Bela Adormecida! - falei ironicamente.

- Olá! - Ela respondeu com um sorriso, meio dormindo.

Descemos do ônibus e seguimos em direção a sala de aula. Quatro horas depois, de volta para a casa, no mesmo ônibus de ida. Aquela rotina. Com fones no ouvido se emocionando com "When I Was Your Man". Era quase impossível não se emocionar.
Já mergulhada em minha cama, hora de imaginar a vida perfeita e dormir depois disso. Sempre acontece.

Sábado, e adivinha quem esqueceu de desligar o despertador? Sim, eu mesma! Assim que o desliguei, me obriguei a levantar. Com um calção curto e uma regata, cabelo totalmente bagunçado. Sigo direto até a cozinha pegar uma caneca de chá e... Netflix. Sábado é o dia de passar afundada no sofá em frente a tevê. Até meu celular resolver tocar... Quem estaria me ligando essa hora da manhã em pleno sábado?

Quase um Acaso Onde histórias criam vida. Descubra agora