.agora.

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    Eu estava atrás do volante de meu carro velho.
    Antes estávamos indo pra Califórnia, mas os planos mudaram. Leo mudou eles.

    No momento em que ele me contou todas as verdades que já sabia, fiquei sedenta de orgulho.
    Queria bater nele, queria o atirar do carro, queria jogar o carro em um precipício, mas sabia que não viveria sem ele. Não valeria à pena.

    Mas uma vez a cena repetia, me sentia suja por nunca mudar. Me sentia suja por ainda sentir vontade dos lábios dele em mim, novamente. Me sentia com raiva, queria o odiar.

    Não admito, não admito MESMO, sou orgulhosa de mais para tal proeza. Sou doente de orgulho.

    Olhei uma placa do lado da avenida e reparei no número 405 desenhado de vermelho na madeira branca. A avenida estava vazia.

    Eu e ele.
    Emily e Leo.

    Olhava atentamente para cada resquício de vida, não havia nada. Só nós dois em uma carro antigo.

    Leo não reclamava. Se reclamasse sabia que eu daria uma de louca e diria coisas só pra o rebaixar. Jogaria em sua cara, tudo que fez para mim. Tudo que não fez por nós.

    O rádio tocava alto uma música do tal Justin Bieber, Sorry era o nome. Irônia?
    Ele só cantava junto como se servisse como forma de "desculpas". E não serve. E eu comecei a cantar também. É inevitável.
    Queria o irritar mais que tudo. Queria o ver implorando por perdão, o único problema é que ele é orgulhoso demais.

    A música acabou e fiquei refletindo que nunca iríamos dar certo, somos tão diferentes. Tão errados um para o outro.
    Somos tão iguais, que discordamos um do outro só de gracinha.

    Ouvi ele rir, ironicamente, claro. Mas era só mais uma lembrança de tudo que Leo já me fez passar um dia. Ele não imagina o quanto já me senti fútil por isso, já pensei em me matar, mas como nada dá certo na minha vida, nem isso deu.

    E mais uma vez estava naquela estrada sem fim, sem rumo. Estava com pensamentos à mil, todos nele.
    E ele, no banco do passageiro, agia como se nada tivesse acontecido.

    A avenida iluminada por postes e estrelas dançando no céu. Leo desligou o rádio e me olhou profundamente, mesmo com o olhar na estrada deu pra perceber.
    Ele balbuciou um " desculpe" e ligou o rádio novamente.

    Agora sim, sentia todas as lágrimas que segurava rolando pela minha face. Elas dançavam em companhia a música do rádio, onde a única regra é deixar cair. E eu não segurei.
    Ele não as limpou como sempre faz. Ele simplesmente fingiu não se importar é continuou batucando no vidro da janela do carro.

    Sei que Leo queria voltar pra casa, ou ir até Califórnia, mas não. Iria dirigir por quanto tempo quisesse, e o forçaria a vir comigo.

O que foi que aconteceu?
Não era para ser pra sempre? Aonde foram parar todas as juras que me fizeste?
Por que pulamos para parte triste, sendo que a feliz vale mais à pena?
Cadê o amor?

Drive || #Projeto BadlandsOnde histórias criam vida. Descubra agora