Capítulo 3

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Estávamos na sala quando mamis chegou. Ficamos espantados, ela estava radiante e super produzida, que alegria! Essa festa da vovó veio em boa hora, mamãe estava precisando disso. Passei um momento muito bom com minha família, e como eu imaginei, mamãe já tinha tudo esquematizado, iríamos todos de helicóptero para Campos do Jordão.

Fui para casa ansiosa para encontrar com o Guilherme, precisava contar da viagem, afinal, precisaria ficar quatro dias fora.

De repente, escutei um barulho estranho no carro. Diminuí a velocidade, mas ainda assim ele continuou. Estacionei e quando saí para verificar, vi que o pneu havia furado.

Ótimo! A uma hora dessas, e em numa rua escura! Ninguém merece... – pensei frustrada.

Eu até saberia como trocar, mas achei que não seria seguro. Ainda estava pensando no que fazer, quando escutei o meu celular tocar. Um alivio surgiu quando vi que era Guilherme.

— Oi.

— Esqueceu de mim?

— Claro que não! – sorri — É que estou com um probleminha.

− O que houve? – Notei, com um pouco de prazer, o imediato tom de preocupação em sua voz.

− Meu pneu furou, e logo numa rua escura! Tem como você vir me ajudar?

— Diga-me onde está e já chego aí, e por favor, fique dentro do carro, em hipótese alguma saia daí.

— Ok.

Guilherme só pode ter ido voando de tão rápido que chegou. Quando estava comigo, ligou para o seguro e se certificou que eles resgatassem o meu carro e o deixassem em minha casa. Voltamos no seu automóvel.

Chegando em casa, corri para tomar um banho, enquanto ele abria um vinho e servia em duas taças.

— Nossa, Guilherme. Senti um pouco de medo – falei, sorrindo. — Obrigada por ter ido me salvar, meu herói.

— Não precisa agradecer, faria qualquer coisa por você, assim como você faria por mim – disse, sorrindo e me entregando minha taça.

Sentei no sofá e cruzei minhas pernas, com a mão, dei algumas batidas no estofado, indicando um local pertinho de mim para ele se sentar.

— Conte pra mim o que te perturbou hoje – ele simplesmente encostou sua cabeça no meu ombro, e ficou em silêncio.

— Leninha, alguma vez você se apaixonou? Já olhou para alguém com a certeza de que aquele alguém poderia ser o seu feliz para sempre?

— Não. Nunca me preocupei com isso. Acho que essa paixão, esse amor, é como uma batida de carro: você tá com sua vida tranquila dirigindo pro trabalho, quando de repente, acontece a colisão – sorri com minha teoria maluca. — Assim como foi com meus pais, eu dirijo muito bem, até agora ninguém bateu em mim, quero dizer, deram uma encostadinha – ele me encarou com expectativa. – Mas por que você está me perguntando isso?

— Eu também nunca me apaixonei, como você sabe. Mas acho que deram uma encostadinha também no capô do meu carro – caímos na gargalhada. — Por isso estava estranho hoje, sabe como é, né? Homem não gosta que mexam em seu carro.

— Sei, engraçadinho! Me deixou preocupada, não gostei de conhecer esse lado seu – resmunguei, fazendo biquinho e o chamando para um abraço. E que abraço! Parece que tudo fica bom quando estamos juntos.

Contei sobre a viagem, e ele ficou feliz por minha mãe e minha avó.

Terminamos o vinho combinando como ficaria a empresa na minha ausência, e rimos muito falando bobagens.

— Tenho que ir – falou, levantando-se.

— Verdade, ainda tenho que arrumar minha mala. Eu te acompanho até a porta.

— E não se preocupe com seu carro. Apenas divirta-se com sua família.

—- Sim, meu herói – sou puxada por ele, e nos abraçamos novamente.

Caminhei à sua frente até a porta, e quando ele já estava do lado de fora, segurou o meu rosto com suas mãos e se aproximou tão sutilmente que nem percebi quando tocou meus lábios e, num beijo calmo, nos envolvemos. Quando nos separamos, ele apenas sussurrou:

— Opa, outra encostadinha – e saiu, deixando-me atordoada.


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