Capitulo II - O Nome

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Confesso que estava nervoso, faltavam algumas horas para me encontrar novamente com Lilith. Para ser sincero, não saberia lhe dizer o porquê da ansiedade. Talvez pelas histórias prometidas, talvez por deixar uma maluca entrar na minha casa, talvez por finalmente ter um encontro com uma mulher após meses, mesmo que de trabalho: - de trabalho ou não... vou comprar um vinho, pensei.

Peguei um Chardonnay, minha uva preferida, muito usada em espumantes, mas eu preferia o vinho. Apesar da origem francesa, nos mercados são vendidas boas produções brasileiras baratas, para um leigo como eu, de qualidade suficiente. Eu não poderia fazer uma janta, não era o que combinamos. Então decidi fazer umas deliciosas brusquetas que havia aprendido com Ricardo, um velho amigo de dotes culinários incríveis. Contava os centavos para comprar o que precisava: geleia de morango, abacaxi, pimenta, baguete francesa, outra coisa francesa só no nome. Faltava o dolorido preço do gorgonzola.

- Me consegue uma promoção de gorgonzola? – perguntava para a promotora de uma fábrica de queijos, que cedia degustações no mercado, ao mesmo tempo em que eu deslumbrava de sua aparência encantadora.

- Tenho um perfeito para você, nossa linha especial. Feito com leite cru, nada de pasteurizado. Curado em grutas, com tons bem azulados.

Eu não escutei nada do que ela falou. O tempo que fiquei distante de belas garotas estava sendo recuperado. Eu olhava sua pele branca em contraste com os belos cabelos bem pretos, um sorriso que quando findava continuava no cantinho direito da boca. Olhos castanhos lembrando mel para o ursinho Puff hipnotizado, detalhe: olhos puxados, nossa! Eu me enlouqueço por mulheres de olhos fechados. Eu estava pronto... para virar um stalker (perseguidor) tarado, melhor voltar à realidade.

- Ah, sim! Perfeito. – olhei para o preço... Nada mais barato? Eu gostaria de faazer brusquetas para um encontro com uma mulher. Encontro, não... sim, mas de trabalho! Eu não tenho encontros, to solteiro, super solteiro.

Entendo. – Seus olhos levemente apertaram-se e ela soltou um sorriso enquanto inclinava sua cabeça para frente e para direita, ou seja, certamente ela não entendeu.

Pegou um mussarela, tirou a etiqueta do preço colocou no gorgonzola, me entregou e, enquanto dava uma piscadinha com aqueles belos olhos nipônicos que tinham duas leves e encantadoras ruguinhas de um lado quando se espremiam, disse:

- Nosso segredinhoo!

- Obrigado. Muito obrigado. - agora era eu quem soltava um sorrisinho de lado de boca.

Enquanto eu ia em direção ao caixa pensei e voltei.

- Desculpe, só faltou uma coisa muito importante: Qual o seu nome?

- Alessandra, ta aqui no crachá. E o seu?

- Tiago, pode me chamar de VVilla ou Travolta... não sei por que estou dizendo todos meus apelidos... – melhor eu ficar quieto, que mico! Virei e fui saindo.

Eu pulava de alegria por dentro, depois de meses finalmente tinha conseguido o nome de uma garota, logo na primeira tentativa, sério, eu sou demais! Certamente, vou ligar para ela... se eu tivesse pedido o telefone, é óbvio! Que burro!

Já na cozinha de casa, enquanto não esquecia minha estupidez, cortava algumas frutas para colocar na taça de vinho. Tocou a campainha, chegava a hora de voltar às histórias mirabolantes de Lilith.

- Eu trouxe um vinho, Carbenet, meu preferido!

- Que bom que pensamos o mesmo, eu comprei um Chardonnay.

- Chardonnay? Que mulherzinha você é. Só falta colocar pedacinhos de fruta na taça.

- ... – me resumi ao embaraço.

Srta ConspiraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora