Aquelas Confissões

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9 de dezembro de 2013

Sentindo: ……………...

"40 % de bateria"

Eu tenho só alguns minutos com você antes que a tela apague e a luz se vá, o resto de luz. Os únicos instrumentos que sobraram foi o meu carro/rádio, o meu Smartphone (que graças a Deus não me deixou ficar completamente perdido nessa situação) e o notebook, todos eles irão se apagar uma hora ou outra, como eu, como você que está lendo, como qualquer outro ser humano.

Faz alguns dias que não saio da mesma playlist do celular, aquela onde as músicas melancólicas tocadas ao piano ou ao violão são mais que bem vindas, são necessárias, onde a voz doce daquela mocinha ecoa pelo quarto e comove o coração, aquela mesma playlist que fiz pensando...(deixemos esse espaço em branco para pensarem o que for mais romântico, louco, criativo, triste e até depressivo). Férias, foi época de fazer listas, lista de filmes que eu TENHO que ver no cinema, a quantidade de livros que eu TENHO que ler, época de criar metas e uma delas foi olhar-se no espelho e gostar do que vê, é passar um tempo comigo mesmo e ver onde isso vai dar. Além de ser uma época de metas também é a época do conhecimento, do auto conhecimento.

O dia foi em família, cheio de peculiaridades, presentes, esforço/sacrifício, conversas e um pouquinho de consumismo desvairado, foi um dia quente, daqueles que parecem um forno ou como várias tirinhas do Facebook disseram “Como abraçar o Sol”. A meteorologia não é exata, há acertos e há erros, mas hoje foi um acerto, prometeram chuva e ela veio ao anoitecer. Apagão. Banho gelado, escuro, música (aquela playlist do começo do texto). O banho foi estranhamente relaxante, dei férias para os tormentos e deixei as bagagens no chão por um instante, é aquele momento da viagem que você desacelera, abre os vidros e sente a brisa. Tudo tornou-se turvo, sem forma, sem cor, nada, guiado somente pelo tato, olfato...chega de detalhes, eu quero chegar...

O Espelho, o antagonista, a bruxa, o facínora, o temido e o amado, a peça fria que constitui o mundo que existe dentro de um quarto, tão importante quantos os livros e dvds, o complemento do armário e da penteadeira, o mundo as avessas, o espelho. Não havia muita luz, havia a lanterna/celular, a janela aberta de onde entrava a luz que a noite podia oferecer, eu. Eu, turvo, com a mesma cor dos móveis e do chão, eu apenas extensão do piso e complemento das paredes, como o meu amigo espelho, eu sem detalhes, eu essência, eu por mim e mais ninguém. Belo, sorri, pois aquelas formas eram minhas, eram lindas, meu rosto era muito mais que as imperfeições ou espinhas, meus olhos eram mais que os óculos que os escondem, meu cabelo era o que tinha que ser, era eu e ainda é. Jantar a luz de velas, comigo é claro, porque não. Uma vez li em um livro que deixo a mostra para que possa consultá-lo sempre que necessário, ele dizia que quando se amou de verdade deixou de contentar-se com pouca coisa, eu ainda estou tentando encontrar o equilíbrio entre a arrogância e o auto desprezo, mas quem sabe com o tempo...

Não pode ser eu se não citar “você sabe quem” e a coisa, aquela pequena vela que se acende com as suas mensagens, a pequena chama que eu escondo, felicidade. Eu não me permito ser feliz e isso me incomoda, é um pouco de medo com uma pitada de insegurança, é culpa. Eu estou feliz, mas eu fico triste porque eu não “deveria” ficar feliz por esse motivo, o que me faz feliz deixa-me triste, depois a pontada de culpa, quanto tempo será necessário para isso se tornar um arrependimento ?

(...)

Não escrevi nem uma página e sinto como se já estivesse escrito um livro.

São tantas coisas compactadas em parágrafos miúdos,

Em palavras pequenas, em suspiros e garfadas,

Em pequenas lágrimas derramadas.

Em um corpo seco porém esbelto

nessa fagulha que é apaixonar-se por si mesmo

sem ao menos ver-se na fria superfície de um espelho.

É, é engraçado ver-se pela primeira vez, sem receios, sem vergonha, sem culpa

Pois feliz é aquele que permite ser feliz, que dá espaço para a tristeza

E que lida bem com aventura de apaixonar-se.

Não por um reflexo, mas pela desventura de outro ser

Onde há poder para destruir-se, mas oportunidade de crescer.

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⏰ Última atualização: Dec 14, 2013 ⏰

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