Quando os Olhares se Cruzam

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Já fazem duas semanas que estou aqui... A escola como sempre é um porre, mas, hoje algo me chamou a atenção. E mais uma vez um anjo.

Porém, dessa vez era um anjo com asas negras, de acordo com seus cabelos, seus olhos eram da mais pura paz, mas so encará-los melhor tive a sensação de estar sendo engolida por chamas verdes que ardiam e refrescavam-me por inteira.

Ela andava rumo ao banheiro quando me viu. Achei que iria vir para cima de mim com unhas e dentes por estar a encarando. Mas para minha surpresa, somente sorriu, e continuou o caminho que já havia decifrado.

Mais tarde, depois de uma longa conversa com o vice-diretor, sobre as normas da escola, fui levada até a porta da sala pelo mesmo, que me alertara segundos antes de que a porta se abrisse:
— Tome cuidado, viu? Boas garotas como você, não merecem certos... Tipos de comportamento que estamos acostumados a ver por aqui... Bom... É... Uma boa aula!
  A porta se abriu.
Havia um lugar vazio no fundo da sala, então, tomei-o, e sem demora, me arrumei no lugar. Todos me olhavam.
Então, a professora, que pelas anotações a giz no quadro negro, deduzi que lecionava física, disse:
— Atenção todos! Esta é a nova aluna... Senhorita... Err... Ora, vamos se apresente, minha querida...

Levantei, e com uma tomada de ar profunda, prossegui:

— Olá a todos, meu nome é Camila e vim de Lafayette com a minha mãe. Tenho 16 anos e... E acho que é só...

A esse ponto já estava ficando vermelha, quando uma garota que estava sentada ao meu lado – fato esse que nem havia reparado – levantou e disse:
— Professora, posso ir ao banheiro agora??

Todos riram. Foi uma ótima distração e uma perfeita oportunidade para que eu pudesse sentar sem que todos reparassem ao mesmo tempo.

— Não! Acabamos de voltar do intervalo, sta. Jauregui!
— A professora! - reclamou a garota - Eu estou apertada!
— Está bem, mas volte logo que irei passar um trabalho em duplas.

Então, sem mais delongas, a garota, que estava com uma jaqueta de couro preto saiu.
Passaram-se uns 20 minutos até que ela voltasse.
Todos já estavam agrupados em pares, de acordo com a afinidade. Todos amigos, e eu, sobrei.

— Sta. Jauregui, sente-se com a aluna nova. Ela está sem dupla, e como ela não tem a matéria, preciso que você a ajude.
— Está bem! - disse a menina, que ao virar-se para mim, reparei que era a menina de antes. O anjo negro, que sorriu para mim, enquanto caminhava para o banheiro.

Fiquei sem reação. E calada, sentei-me junto a ela, que apenas sorriu novamente.

— Camila, não é?
— Sim... E você é...?
— Jauregui. Lauren Jauregui... Prazer!
— O prazer é meu...

Ela sorriu. Começamos a fazer o trabalho proposto pela professora. O sinal da escola tocou e fui caminhado em direção a saída da escola. A aula havia terminado mais cedo naquele dia.

— Espere, espere! - Alguém gritava enquanto corria. Porém nem dei bola, poderia ser pra qualquer pessoa.
De repente algo toca meu ombro. Sentia a respiração ofegante, e percebi de quem se tratava. Lauren.

— Oi, - disse sorrindo após um pequeno susto - o que precisa?

— Oi... Você mora para aquele lado? - disse Lauren, apontando para o lado leste da cidade.
— Sim... Mas não sei me localizar direito ainda... Não saio muito.
— Bom, então isso acaba hoje! Olha, me passa seu número e mais a tarde te mando uma mensagem. Vou ser sua guia turística!

Cheguei em casa e logo as mensagens começaram a chegar. Eram 10 no total e 6 delas, eram de Lauren.

Lauren: Oieee!! Vamos sair hoje, então???

Me: Oi! Vamos sim... Aonde vc pretende me levar hj, minha guia? Kkkk.

Lauren: Bom, isso nós ainda veremos. Só me encontre na praça perto da escola. ;D

Me: Ok! Às 14:30, então?

Lauren: Isso! Pra mim está ótimo! Te vejo lá, flor!

Então, como o combinado, cinco minutos antes do horário marcado já estava chegando no ponto de encontro. Lauren não havia chegado ainda, então, sentei-me um banco de concreto revestido de uma fresca sombra de árvore alta e vistosa, até que ela chegou.

— Oi! Desculpa o atraso... Não foi por querer, eu juro! – disse Lauren com uma respiração ofegante.
— Ah, que isso! – retruquei – acabei de chegar mesmo!
— Então! Vamos?? Vou te levar num lugar simples mais é o melhor da cidade!
— Ótimo! – disse empolgada com o passeio – Você poderia pelo menos me falar aonde vamos?
— Não! É surpresa, e vê se não estraga! – disse Lauren rindo enquanto olhava para mim.

Então, após uns 10 minutos andando vagarosamente por debaixo das sombras das árvores, que se uniam como se fossem uma só pela rua principal da cidade, chegamos a um pequeno quiosque de onde podíamos ver a praia, um pouco longe, mas ainda sim, estava lá.

— Um quiosque! – disse, realmente surpresa com o que via – E essa vista! Gente que lindo!
— Aí Camila! – Lauren começou a gargalhar freneticamente. Não era pra menos, a situação que ambas estávamos foi realmente engraçada.

Sentamos numa mesa de madeira, que proporcionava uma vista ampla e majestosa daquela paisagem praiana.
Eu realmente estava me divertindo muito até quele momento.
Lauren me olhava, enquanto eu olhava para o mar, apontava para as nuvens e sorria. Então, Lauren segurou firme em minha mão e disse:

— Camz... Err... Camila! Vamos, andar na praia?
— Oh, mas é claro!! E pode me chamar de "Camz"! – eu nunca havia ganhado um apelido antes. Achei realmente fofo da parte dela.

Então, levantamos e fomos andando em direção ao mar. O sol não estava tão quente como pensávamos.
Em momento algum, Lauren soltou minha mão, e, de mãos dadas caminhamos por quase toda a orla da praia, deixando somente as pegadas de nossos pés.
O sol já estava quase se pondo quando paramos e sentamos próximas a algumas pedras para admirar a vista do sol poente, quando Lauren deitou-se em meu colo. Sorrimos uma para a outra.
Estávamos incertas do que iria acontecer daquele momento em diante, porém a partir daquela hora, a única certeza em nossos corações foi revelada com um beijo suave, que nos despertou para o novo amanhecer de nossas vidas.

Like The Green of Your EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora