The Ashley Diaries

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"Someday, I'll be big enough so you can't hit me
and all you're ever gonna be is mean"

(Taylor Swift – Mean)

Muitas pessoas podem achar que a vida de uma garota adolescente é e sempre vai ser dentro dos padrões impostos pela sociedade: estudar, namorar, sair com os amigos, fazer festas do pijama e por aí vai. Eu, Ashley Cooperfield digo que não é bem assim.

Quando eu era pequena, gastava todo o meu tempo assistindo às séries da Disney. Adolescentes felizes, com a vida perfeita. Mal podia esperar para chegar nessa fase. Onde tudo mudaria.

Sempre estudei na mesma escola desde pequena. Eu era vaidosa, gostava de usar rosa em excesso. Rosa aqui, rosa ali. Eu era o tipo de garotinha pela qual as meninas chamavam de "patricinha". Me orgulhava pelo título. Afinal, as patricinhas dos filmes eram maravilhosas, não é mesmo? Quem é que resiste a uma Sharpay Evans?

O pesadelo começou quando deixaram de notar o Pink para dar atenção à minha altura, minha magreza, minha pequenez em geral.

"Olha como Ashley é pequena!" pequeno Damian gritava e a sala inteira gargalhava.

Confesso que, de começo, não aprovei o modo como o garoto me tratou. Também não gostei de ser alvo de piada, fazer todos rirem. Porém, para mim, era apenas uma brincadeira boba.

Mas isso não passou e a situação começou a se agravar com o passar do tempo. Eu tinha dez anos, estudava no Tampa Palms desde os quatro e não conseguia entender por que ninguém falava comigo.

Com isso, acabei me tornando uma garota reservada, amante dos livros, viciada em músicas e histórias. Sorte que havia encontrado três melhores amigas que compartilhavam do mesmo gosto que eu: Becca, Hannah e Lilian. A companhia delas era o suficiente para esquecer as brincadeiras maldosas e ter assunto rendendo por séculos.

Rebecca era a Barbie do grupo. Popular, bonita, gentil e o sonho de todos os garotos. Era o tipo de pessoa que, aparentemente, pensamos não ter defeito algum. Tratava todas as pessoas com gentileza.

Lilian era a japonesa mais esperta da escola. Sempre delicadamente grosseira comigo. Falava coisas desagradáveis á meus ouvidos. Reprovava minhas roupas, cabelo, maquiagem. Fazia-me sentir mal a toda hora, mas eu podia viver com isso. Afinal, morávamos no mesmo prédio, éramos amigas desde pequenas e jamais estragaria isso.

Hannah era a garotinha mais legal do mundo, nos conhecemos no berço. Ser considerada apenas minha amiga é um insulto pra ela. Somos irmãs para a vida toda. Todos os dias ela chegava com algum tipo de música nova e me apresentava a várias bandas diferentes. Era nosso passatempo favorito.

Havia outras quatro garotas na escola. As malvadinhas inalteradas. Molly, Olive, Georgia e Tris. Elas se sentiam as rainhas da escola. Todos as apoiavam, não importava o motivo. Eu era seu objeto de diversão. Viam vantagem em mim pelo simples fato de ser fraca e, assim, não conseguir me defender fisicamente. Damian era seu aliado.

Xingamentos saltavam de suas bocas, como se não fosse nada, como se achassem que não iria me abalar. Sentia-me cada vez mais distante de ter uma vida normal naquela escola.

O que custava todos fingirem que eu não existia? O que custava me deixarem em paz? E pensar que Tris já foi minha amiga e depois se sujeitou a isso.

Olive, como sempre foi desesperada pela aprovação e atenção dos outros alunos, espalhou um boato sobre a própria "melhor amiga", Tris. Imagina o que essa garota não faz com as inimigas?!

Olive fazia esse tipo de coisa regularmente. Por ter o corpo fora dos padrões impostos, procurava chamar atenção para outras coisas. Todos temiam em ser a próxima vítima. Com isso, Tris acabou se sentindo obrigada a mudar de escola com tamanha humilhação.

Acho que teria feito o mesmo se todos começassem a me olhar mais estranho do que o normal pelo simples fato de realmente acreditarem que eu tirei foto nua aos dez anos. Pobre Tris.

Os anos se passaram. Acabei me mudando para um sobrado, num local ainda perto da escola, porém muito melhor. Fiquei triste por não poder mais ir à casa de Lilian todas as manhãs antes da aula, mas foi algo que, para meus pais, era necessário.