A garota que vai morrer

*3

15 dias antes de sua morte

Cheguei na escola e a primeira pessoa que vi foi Helena,ela estava linda como sempre e então veio falar comigo:

- E ai ruivinha preferida,como se sente hoje?

- Pior impossível - Respondi de imediato

Ela era incrivelmente bonita,tinha cabelos loiros,olhos pretos como carvão e a pele branca como a neve,estava sempre arrumada como se estivesse indo para uma festa.

Com muita dificuldade assisti a primeira aula que era de história,e o professora falava algo sobre "a igreja católica e todas as suas mentiras", eu costumava gostar, mas agora era como se viver fosse por obrigação, e de certa forma era.

Passei a hora do intervalo todo tentando não pensar nas pessoas que me olhavam com aquela cara que eu tanto odiava,de pena . Depois do acidente é assim que todos me olham, não queria que sentissem pena de mim, claro que não está sendo fácil mas aqueles olhares me deixavam ainda pior.

~Em casa~

Quando cheguei em casa me deparei com mesma cena de sempre, meu pai estava sentado no sofá bebendo enquanto a tv estava em canal nenhum, era sempre assim.

-Eu me sinto triste -Falei

Tudo permaneceu em silêncio,então ele se virou olhou em meus olhos e voltou a focar na tv que estava simplesmente chiando.

-POR QUE VOCÊ NÃO LIGA PARA A MINHA EXISTÊNCIA UMA VEZ NA VIDA??! -Gritei um pouco alterada

Então ele começou a chorar, não entendi o porquê mas eu estava com raiva, então subi para meu quarto e me tranquei.

Antes costumávamos ser uma família unida, ele era um pai presente e sempre brincávamos na praça ou jogávamos vídeo game, mas depois que minha mãe se foi é como se tudo estivesse quebrado e como se ele me culpasse por isso.

Então fiz a coisa mais normal que alguém varia, chorei. E eu estava com medo das crises retornarem então tomei os remédios que meu psicólogo havia recomendando, tomei até demais, desmaiei na cama e só lembro de tudo estar escuro, então eu a vi, lá estava ela, minha mãe. Ela sorria e dizia para mim que tudo iria ficar bem, ela me abraçou e então eu senti por instante que era real,mas não era, e eu sabia disso, ela estava morta, eu mesmo tinha suas cinzas em cima da estante da sala. Dormi e quando acordei lá estava eu, sozinha na escuridão, de novo.