2. Existem vidas difíceis e existe a minha vida

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Se orgulhar do emprego de sua mãe é a obrigação de cada filho, Beatriz assim como milhares de outras crianças se orgulhava do trabalho que sua mamãe fazia

Até começar o bullying... A excluição, os comentários maldosos e os remédios

- o trabalho da sua mãe não é digno - Beatriz soltou a fumaça pelos lábios - o que aquelas crianças da sexta série sabiam?

"Leve seus colegas ao trabalho do papai ou da mamãe" as palavras da professora deixou a pequena loira animada, mas não a sua mãe que negou até cansar a visita de toda a sala a seu local de trabalho, mas Beatriz era teimosa e acabou convencendo sua mãe Camila

- pelo menos não foi você que levou todos ao sanatório - Claire ri bebendo um pouco do que sobrou de sua garrafa de vodka

~°~

Quando todos os colegas entraram no local de cor escarlate olharam admirados, o lugar era coberto por luzes neon, bancos e mesas cor de vinho e um palco com três longas barras de ferro, a mãe de Beatriz Thompson trabalhava em um lugar tão lindo! Mas as professoras... Essas praguejaram sobre Camila

"as prostituta vivendo na perdição" palavras maldosas que machucaram-na e a fizeram chorar, assim como sua filha que chorava assustada sem ao menos saber o significado daquela palavra

- UH - uma pequena morena de olhos azuis se manifesta segurando o ombro da loira chorona - adoraria que minha mãe trabalhasse aqui, é tão bonito... Sua mãe é cantora?

- Não - Beatriz funga dando um riso - do que sua mãe trabalha?

- De doença psicológica - A morena diz orgulhosa pelo trabalho de sua mãe e claro, por ter dito uma palavra difícil, se direcionando as professoras ela puxa a saia de dona Ana - a vez do trabalho da minha mãe... Minha tia deu o endereço

~°~

- então minha doce Claire, a sua mãe trabalha aqui? - Professora Dulce pergunta um pouco assustada de entrar em um sanatório

- Sim, vamos tia Dulce - a velha de cabelos tingidos de vermelho, é puxada pelas mãos por uma pequena sorridente - minha mãe nos espera

A pequena Claire corria pelo "quintal" do sanatório citando nomes e mandado beijos, procurando pela sua mãe, ela para ao ver a louca loira vestida de branco tomando chá - mamãe?

- pequena Claire! Venha... Venha aqui tomar chá conosco - a louca chama a pequena com a mão, a moreninha logo pega sua nova amiga pelo braço e vai em direção a sua mãe - mas quem é essa loirinha linda?

- Vai responde! minha mãe não morde! - entusiasmada a morena incentiva Beatriz, mas o resto da sala observava admirados o local, parecia o paraíso! Todos de branco, flores e verdes por todo o lado... Todos brincavam juntos e sorriam trocando os bonecos

- Me chamo Beatriz Thompson - as crianças ao redor já não ligavam para o que as três conversavam, estavam criando a própria diversão no paraíso

- Me chamo Alice Liddell, muito prazer querida - a loira levanta sua xícara de chá, fechando seus olhos enquanto dava um sorriso para a pequena

- com quem tomamos chá mamãe? - sentando sobre os joelhos, Claire sobe em uma cadeira branca com detalhes de flores

- Oh - a louca ri - esqueci que você não os vê... Ao seu lado está a Hakala, ela é uma falsa tartaruga... Oh não Hakala! Você é uma tartaruga de verdade, eu sei! - a dona de olhos azuis levanta os braços em forma de rendição, voltando a olhar para sua filha ela estica a mão para a cadeira vazia a direita - E esse é o grifo... Sente-se ali pequena Bia

Um pouco assustada com a conversa louca que mãe e filha engataram, a loirinha havia esquecido que ainda estava parada observando-as e ao ver o braço estendido da louca, ela se senta ao lado de Claire - Dona Alice como é um grifo?

- um grifo... É lindo e poderoso! Ele tem cabeça e asas de águia e um corpo de leão- a louca que estava com um olhar sonhador, despeja de forma delicada o chá em duas xícaras, logo entregando as pequeninas - e com as grandes asas, ele voa alto, muito alto...

- E o seu amigo é assim? - a pequenina pergunta apoiando a cabeça nos braços, entusiasmada com o animalzinho que dona Alice conhecia muito bem, e que ela queria conhecer também - seu amigo voa alto

- Ah claro que sim! - Dona Alice bate palmas alegre - e as assas deles são lindas, pena que não podes ve-la

~°~

- preciso dar o remédio da minha mãe Bia - Claire levanta um pouco zonza por ter tomada a metade da garrafa - apaga isso aí e sobe pra tomar um banho... A minha cabeça já está doendo

- Sua fraca - a loira ri jogando o cigarro no chão, pisando em cima dele, ela entra atrás de sua amiga que ia em direção ao armário onde ficavam os remédios de sua mãe

NOTAS DA AUTORA

Aquele momento chato em que você descreve a personagem como loira dos olhos castanhos, e acha imagens de loiras de olhos verdes ou azuis -_- affs

Viva na loucura,
Seja feliz

Sr. CoelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora