Um Novo Mundo

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Fomos tratadas como monstros desde o nascimento, todos tinham medo de nós, ninguém ousava se aproximar, nem mesmo olhar... Eles não se importavam com nossos sentimentos, até por que, éramos somente armas...
Se passaram 100 anos após o fim da guerra, fomos desativadas e deixadas no laboratório para apodrecer até a terra nos consumir, mas... Alguém nos encontrou...
[19 de novembro de 2435]
~Alba On~
-Unidade 1 ligada-
Alba: O-O que...? Quem... Quem me ativou?
Comecei a olhar ao redor, estava em um lugar estranho, deitada em uma espécie de cama, parecia uma casa, mas bem colorida, calma e quente, bem diferente do laboratório. Ao meu lado Vitae dormia:
Alba: Vitae acorde, fomos encontradas.
-Unidade 2 ligada-
Vitae: A-Ahn? Alba? Onde estamos?
Alba: Eu não sei, acabei de ser ativada, parece que fomos descobertas...
Vitae: D-Descobertas? E agora?! Eles vão nos matar? Nos desmontar?
Acabei rindo baixinho, Vitae sempre foi medrosa e por isso sempre tive que protege-la de tudo:
Alba: Calma... Nada vai acontecer, eu estou aqui para te proteger, lembra?
Eu a abracei e ela se encolheu atrás de mim puxando minha blusa enquanto assentia com a cabeça. Pouco depois alguém abriu a porta, nós nos encolhemos debaixo do cobertor com medo:
???: Bom dia meninas, eu trouxe café para vocês, pensei que estariam com fome...
Ele nos olhou, estávamos assustadas, escondidas em baixo das cobertas, abraçadas uma na outra:
???: Desculpe, esqueci de me apresentar, me chamo Miguel, eu encontrei vocês dormindo na rua e fiquei com dó de deixa-las lá então acabei as trazendo para minha casa.
Alba: O-O que você quer de nós! Diga a verdade!
Miguel: Eu só quero ajudar...
Alba: Você... Quer ajudar? O que é "ajudar"?
O homem sorriu e começou a se aproximar de nós com a bandeja estranha:
Miguel: "Ajudar" é quando uma pessoa precisa de algo e você da esse algo para essa pessoa, nisso você está a ajudando.
Vitae: E o que você vai nos dar? Não precisamos de nada...
Miguel: Vocês pareciam precisar de uma casa, então eu dei a minha.
Alba: Nós não precisamos de sua ajuda...
Vitae: Mas Alba... Eu, eu estou com fome...
Miguel: Aqui, pega isso daqui.
O homem ofereceu uma espécie de pão redondo meio estranho:
Alba: N-Não pegue! Ele pode ser um daqueles homens do exército.
Miguel: Exército? Eu sou médico, nunca fui pro exército.
Vitae: Alba...
Vitae me olhou triste, ela estava tão magra, não comíamos nada a anos e mesmo sendo "maquinas", precisávamos comer de vez em quando:
Miguel: Eu só te peço uma mordida, apenas uma, tenho certeza que mudarão de ideia assim que provarem.
Ela pegou o pão estranho meio suspeita e deu uma mordida:
Alba: Vitae! Eu disse que não!
Ela fazia caras estranhas enquanto mastigava, fui tomada pelo medo "E se estiver envenenado?! Eu não posso perde-la!"
Alba: Vitae cospe isso agora!
Ela engoliu e olhou para mim com uma cara meio enjoada:
Vitae: Alba...
Meu peito apertou, se ela morrer vai ser tudo culpa minha e eu nunca me perdoaria:
Vitae: É MUITO GOSTOSO! VOCÊ TEM QUE PROVAR!
O homem riu da reação de Vitae:
Alba: Não fale tão alto! Vai chamar a atenção das pessoas de fora.
Miguel: Não se preocupe, mesmo que ouvissem algo, o que é muito difícil, não teriam como entrar.
Vitae: Viu Alba! Ele é legal e esse lugar parece bem seguro! É um bom lugar para nós!
Miguel: Não só parece, é seguro, essa casa é como um forte.
Alba: E o que me garante que você está dizendo a verdade e isso não é uma armadilha?
Vitae: É! O que gabante?!
Ela disse de boca cheia espirando comida por todo lado:
Alba: Vitae, não fale de boca cheia...
Eu disse baixinho olhando para ela:
Miguel: Bem, se você duvida da segurança da casa, você mesma pode testa-la. Além de que não tem nenhum motivo para fazer uma armadilha para vocês.
Alba: Irei testar depois. Mas só de curiosidade o que tem nesse pão estranho?
Miguel: Esse "pão" se chama rosquinha, é feita de farinha, fermento, leite, açúcar entre outras coisas.
Vitae: Faguinha? Azucar? O que são essas coisas?
Eu me limpei dos pedaços de comida que Vitae tinha cuspido e me virei para o homem que nos olhos e começou a rir:
Miguel: Vocês nunca saíram de casa ou o que? Até parece que nunca viram outra coisa além de pão.
Vitae: Nós só comíamos pão no laboratório.
Alba: Eles diziam que outros alimentos nos fariam mal.
O homem nos olhou sem entender, mas depois com dó e carinho abriu um leve sorriso:
Miguel: Vocês ainda tem muito o que experimentar, existem muitas outras comidas gostosas como essa.
Vitae: Mais gostoso que isso?!
Vitae disse com os olhos brilhando enquanto apontava para a tal rosquinha em suas mãos:
Miguel: Muito mais do que isso.
A Vitae estava com um sorriso enorme no rosto enquanto conversava com o homem, eu nunca tinha visto ela sorrir assim... Senti um aperto no peito:
Alba: Você...
O homem voltou seu olhar para mim:
Alba: Você vai mesmo nos ajudar, né?
Miguel: Claro, vocês podem morar comigo a partir de hoje se quiserem.
A Vitae puxou minha blusa e me olhou com os olhos brilhando e ainda sorrindo:
Vitae: Alba por favor, vamos dar uma chance para ele... Nós estamos fugindo a muito tempo, já é hora de tentarmos de novo.
Alba: Vitae, eu...
Vitae: Por favor Alba...
Os olhinhos dela encheram de lágrimas:
Alba: Tudo bem! Nós vamos ficar por enquanto, mas se algo nos acontecer, nós vamos te matar.
O homem nos olhou meio confuso, pensou e respondeu com um sorriso:
Miguel: Pode deixar, vou cuidar bem de vocês.
Vitae: Eba! Obrigada Alba, você é a melhor!
Ela me deu um forte abraço com um enorme sorriso no rosto, ao ver aquele sorriso prometi a mim mesma que eu manteria esse sorriso em seu rosto o máximo de tempo possível, não importa o que acontecesse ou o que eu tivesse que fazer, eu nunca mais deixaria aquele sorriso desaparecer.

As GêmeasDonde viven las historias. Descúbrelo ahora