Árvore Irrequieta

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A receberem o calor vindo da lareira, protegendo-se assim da noite gelada, Rui, Miguel e João, três irmãos pediram incessantemente ao seu avô para lhes contarem uma pequena história. 

- Era uma vez uma fada muito bonita... 

- Oh avô não queremos esse tipo de histórias. - Pediu Miguel. 

- Sim, nós queremos histórias de fantasmas! - Esclareceu João

- Têm mesmo a certeza? 

Responderam os três em simultâneo: 

- SIIIM!! 

- Bom - fez uma pausa - sendo assim. Numa vila do litoral o povo acredita que existe uma árvore muito estranha. Os mais antigos afirmam mesmo que já viram aquela árvore a fazer coisas do diabo mesmo. É claro que os mais jovens não acreditam em árvores que fazem coisas do diabo, mas a realidade é que os mais velhos contam sempre esta história. Há uma árvore na floresta dessa vila, uma entre as centenas de pinheiros que por lá habitam. Uma árvore diferente, uma macieira. Acontece que, quando a noite é de lua cheia esta fica com comportamentos estranhos capazes até de assustar os lobos, javalis, carneiros e todo o tipo de animal que habita naquela floresta. Diz a Dª Gertrudes que quando era mais nova, aí pela casa dos 13 anos, que a sua mãe - cética - tinha-lhe obrigado a ir buscar cogumelos para o jantar à floresta, ignorando tudo o que se havia dito entre os habitantes daquela pacata vila. A Dª Gertrudes já ouvira o que se dizia sobre ir para a floresta à noite e ainda por cima em noite de lua cheia. Bastava anoitecer - diziam - e coisas más acontecerão a quem lá entrar. Mas, sem qualquer voto na matéria viu-se obrigada a ter mesmo de ir à floresta. Cheia de medo, foi atravessando árvore atrás de árvore até chegar a uma zona de baldio. Aí pôs-se a observar tudo à volta sempre com as histórias que lhe haviam dito na aldeia. A dado momento, reparou na existência de pequenas plantas castanhas claras em formato de guarda-chuva com bolinhas esbranquiçadas. Apercebeu-se que tinha encontrado os cogumelos que a mãe pedira. Arrancou-os e guardou-os na sacola que trazia ao ombro. Preparou-se para ir embora e aí começou o turbilhão de acontecimentos. 

- Que aconteceu? - Perguntou cheio de curiosidade o Rui. 

- Conta-nos avô. - Implorou o Rui. 

- Bem, a zona de baldio, deixara de o ser. Tinham crescido macieiras naquela zona. A Gertrudes lembrou-se logo do que lhe tinham contado sobre a macieira. De repente deu por si sobressaltada a lutar com forças sobrenaturais. Começou a ouvir risos fantasmagóricos que pareciam sair daquelas árvores. De seguida as macieiras começaram a dar fruto. E tão depressa que cresciam, tão depressa amadureciam. As maças começaram a cair de todas as macieiras. E a Dª Gertrudes jura que viu nascerem dentes nas maças antes de se porem todas atrás dela. Com o corpo cheio de adrenalina começou a correr desalmadamente pela floresta fora mas as maças pareciam estarem a ganhar-lhe terreno. Ela não tem a certeza de quantos segundos passaram, mas a dada altura viu uma casa toda ela em madeira aparentemente habitada. O morador o senhor Joaquim apercebeu-se da aflição de Gertrudes e do motivo de tal aflição e depressa lhe abriu a porta de sua casa, onde ser viu forçada a permanecer durante a noite até tudo voltar a ficar seguro para a Gertrudes ir para casa. A mãe de Gertrudes jurou por Deus nunca mais lhe mandar à floresta pela noite fora e prometeu nessa manhã nunca mais duvidar da sabedoria dos velhos.


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⏰ Última atualização: Oct 18, 2016 ⏰

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