Capítulo 1

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E quando as últimas palavras não podem ser ditas?
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- Lina! - sinto alguém me sacudir - Linaaaaa acorda meu!
Era minha irmã, respondi furiosa:
- me deixa caramba!
- Você vai perder a hora, tem que fazer sua matrícula.
Levantei assustada, gritando:
- POR QUE NÃO ME ACORDOU ANTES? QUE HORAS SÃO ??
- Calma, ainda são oito da manhã.
- Droga Lúcia, então porque me acordou assim? Achei que estava atrasada!
- Para você não se atrasar, ingrata!
Revirei os olhos e sai andando em direção ao banheiro. Hoje vou finalmente fazer minha matricula na
universidade, vou cursar jornalismo.

Tenho certeza que papai estaria orgulhoso se estivesse aqui. Ele morreu num acidente de carro quando eu tinha treze anos, e minha mãe me " largou " quando eu tinha quinze, sumiu do mapa sem mais nem menos. Desde então minha irmã mais velha, Lúcia, cuidou de mim. Desde quando tudo isso aconteceu ela mudou muito, mas como ela não é muito aberta para conversar, não sei ao certo o que ela sente.

- Li, tem certeza que quer se hospedar na universidade? Ouvi falar que tem um pessoal da pesada lá...
- Tenho - afirmei com firmeza - estou precisando recomeçar!
- Uii, parece até que tem muita experiência pra querer recomeçar. Nem sabe por onde começar - e deu uma risada sarcástica -.
- Como você é chata! - revirei os olhos outra vez - assim que fizer minha matrícula, já vejo qual será o meu quarto. Posso pegar seu carro?
- Pode sim.
Desci para tomar café, coloquei um vestidinho de ceda e fui.
Ao chegar lá, falei para a moça que estava na secretaria:
- Bom dia, vim fazer minha matrícula para o primeiro semestre.
- Bom dia. RG por favor.
- Aqui está.
Ela me olhou desconfiada, e em seguida disse:
- Senhorita Lina, seu nome não está na lista dos classificados...

A última cartaOnde histórias criam vida. Descubra agora