O Amigo

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Minha mãe pegou o telefone que ficava ao lado da geladeira e ligou para o homem da carta.

- Alô? – falou uma voz pelo telefone.

- Oi, boa tarde! Eu gostaria de falar com o... Deixe-me ver aqui – ela deu uma rápida olhada na carta - Carlos, eu gostaria de falar com o Carlos.

- Ele não está aqui nesse momento, mas você pode deixar um recado.

- Ok, depois eu ligo de vol...

-NÃO! – eu interrompi, pois sabia o que ela diria, "depois eu ligo de volta, obrigada e boa tarde!", e nunca mais iria tocar naquele telefone – Por favor, pergunte onde é e vamos até lá.

- Mas e se for longe? É melhor deixar para fazer isso depois. – minha mãe respondeu.

- Por favor! – pela primeira vez em minha vida eu fiz uma cara de cachorro triste para conseguir algo, afinal, toda ajuda era bem vinda!

- Onde vocês estão localizados? – perguntou minha mãe.

- Nós estamos em Manhattan. Caso queira fazer uma visita para conversar com o Sr. Carlos você deve marcar um horário.

- Ok, moramos no Queens, a localização não é um problema.

- Então, vocês querem marcar um horário? – perguntou a mulher que estava do outro lado da linha.

- Sim! Por favor, se possível, amanhã em um horário depois das duas horas. – disse minha mãe.

- Possuímos um horário às três e meia. Você possui e-mail?

- Sim. – respondeu minha mãe

- Ok, me passe seu e-mail e eu enviarei o local exato para ele.

Minha mãe começou a passar as informações para a mulher que estava do outro lado do telefone. Eu fui para o meu quarto com um sorriso de orelha a orelha. Acho que nunca havia ficado tão feliz na minha vida.

Eu peguei meu celular e liguei para meu amigo William, que eu costumava chamar de Will. Ele era um dos meus melhores amigos e, como minha mãe não iria comigo para a viagem, eu resolvi que iria chama-lo. Will era um pouco mais alto que eu, ele era negro e tinha cabelos muito curtos (quase careca), ele adorava usar todo tipo de chapéu, principalmente bonés.

Ele demorou um pouco, mas atendeu minha ligação.

- Fala cara, como você está? – ele perguntou.

- Olá Will, eu estou ótimo cara! Mano, eu tenho uma coisa muito boa para te contar! – eu sentei na cadeira do meu computador e o liguei.

- Fala logo cara!

- Eu ganhei uma viagem e, se tudo der certo, eu vou levar você comigo!

- Que demais man! Aonde nós vamos? – ele perguntou.

- México! Mais especificadamente para o "Laberinto de los Muertos"! – Eu estava abrindo o navegador do meu computador quando Will me respondeu.

- Cara... Não sei se minha mãe vai deixar... Na moral, como sua mãe deixou?

Nesse momento eu me senti um idiota. É claro que a mãe dele não deixaria... Eu nem mesmo sabia se minha mãe ia deixar! A questão era: como fazer nossas mães deixarem dois garotos irem sozinhos para o México? Por incrível que pareça, eu tive uma solução.

- Cara, eu posso chamar o Leonardo! Ele com certeza vai querer ir! – Leonardo era um primo que morava á mais ou menos dez minutos da minha casa. Ele tinha vinte e cinco anos e estava fazendo uma ótima faculdade de história. O sonho dele era conhecer cidades Maias e seus mistérios. Ele era loiro e de olhos incrivelmente azuis, características comuns em minha família, porém, eu não herdei nenhum desses dotes.

Heroes: And the Four  KnightsOnde histórias criam vida. Descubra agora