One

241 26 3
                                    

     Logo após deixar uma trilha de corpos do Oregon até a Virginia, eu decidi que Mystic Falls seria minha próxima parada. Eu mataria quem estivesse em meu caminho e quem atrapalhasse  minhas tentativas de criar novos híbridos (que foram todas falhas por sinal). Nesse meu trajeto eu induzi  três bruxas à me contarem o que eu deveria fazer  para criar uma linhagem de híbridos, porém o mais próximo que eu cheguei de algo foi quando a ultima bruxa citou minha cidade natal, Mystic Falls.

     Minhas botas pesadas se arrastam pela floresta coberta por lama, as árvores grandes cobrem praticamente toda a claridade causada pela lua, mas ainda assim, alguns feixes de luz conseguem atravessar aqueles troncos gigantes.

     Fiquei vinte anos sem pisar em Mystic Falls mas parece que foi ontem que eu saí daqui. Nada mudou, exceto as pessoas que ficaram mais velhas. E em questão de segundos, começo a correr e a ganhar velocidade, graças ao meu reflexo desenvolvido, desvio dos troncos rapidamente, fazendo os mesmos se tornarem apenas vultos devido ao esforço  que minhas pernas e meus braços fazem. Eu era rápido , muito rápido , mais veloz que um leopardo correndo atrás da sua presa.

    Minha velocidade é reduzida assim que eu vejo a estrada, fazendo com que eu caminhe calmamente pelo local. O cheiro de álcool e sangue ficam cada vez mais evidente conforme eu me aproximo do bar no final da estrada. As ruas estão desertas e há pouca iluminação.

    Minha mão empurra aquela porta de madeira velha com força e eu sorrio de lado ao ver quantas pessoas bêbadas tem ali.

    Mas eu não gosto de pessoas bêbadas, eu gosto quando elas estão lúcidas, gosto de  ver o sofrimento delas, de persegui-las e ver o medo em seus rostos. Caminho em direção a uma garota (bem jovem por sinal) e me sento a sua frente.

"Escuta querida,qual é a sua idade?" Eu pergunto e espero pacientemente que ela me responda, mas a única coisa que garota faz é rir.

    Pego o garfo de aço que está ao seu lado e finco em sua mão, consigo ouvir o mesmo atravessar a mesa. A morena grita de dor e eu sorrio para ela, algumas pessoas me olham assustadas e tentam ir até a porta na falha tentativa de fugir.

A moça coloca a sua outra mão sobre o garfo e tenta puxar o mesmo, ela me olha assustada enquanto eu mantenho o meu sorrio.

"Depois que eu sair você vai colocar fogo neste local."

A hipnotizo ainda sorrindo, o medo e a dor presentes em seus olhos me faz querer mais e mais.

"Eu vou chamar a polícia."Um homem grita, minha expressão fica séria e eu vou até o mesmo com a minha velocidade de vampiro, segurando o velho pelo pescoço.

Meus olhos ficam amarelos e eu sinto as veias abaixo dos mesmos aparecem, meus dentes crescem e num piscar de olhos eu tenho eles fincados na garganta do homem.

"Não vai mais."

Dreno a maior parte do seu sangue e o deixo cair no chão, eu levo a palma da minha mão até os meus lábios limpando o restando do sangue que sobrou da minha mais recente alimentação.

Esse lugar me deixa enjoado, saio sem dizer nenhuma palavra e volto para as ruas desertas e monótonas, eu não tenho muito tempo até o lua cheia chegar no alto.

Depois de um certo tempo andando eu paro em frente a um outro bar, Mystic Grill. Ele tem as suas paredes revestidas de um vermelho escuro e fechado, entro no estabelecimento e dessa vez por uma porta de vidro qualquer, uma verdadeira cópia barata de um lugar refinado.

Caminho pelo local, agora com pessoas sóbrias e contentes, reviro os olhos e vejo Katerina, fazendo com que eu sorria para mim mesmo.

"Dia de sorte." Penso comigo mesmo e caminho até ela.

A mesma não parece se assustar e me olha como se não me conhecesse, paro de andar e a minha expressão se torna seria assim que eu percebo o que está acontecendo.

Ou ela está fingindo não me conhecer para fugir, ou é uma nova duplicata.

Ela me encara e franze as sobrancelhas sem entender, uma garota loira e um pouco atraente toca em seu braço,desviando a sua atenção de mim.

"Elena,você não vai acreditar."Ela diz em alto e bom tom.

A garota tem a voz fina, porém atraente, eu me pego a observando demais e olho para o local onde estão as bebidas.

"O que foi dessa vez?"A garota diz quase rindo e ai eu percebo que não é Katerina, eu caminho até ela apressadamente.

"Me ofereça o seu sangue,por gentileza."

   Eu a hipnotizo e ela confirma,fazendo um sinal positivo com a cabeça, a duplicata me estende o seu pulso e eu encaro a garota loira que também me observa.

"Vai passear."

Ela sorri ridiculamente para mim e sai de perto, pego o braço da garota e mordo o mesmo, sentindo o gosto forte de sangue, ela faz uma cara de dor e eu a solto rapidamente.

"Uma duplicata humana, hoje realmente é um dia de sorte."Meus pensamentos gritam para eu começar logo um ritual,mas não hoje,o tempo corre rapidamente e em poucos segundos eu serei controlado por algo mais forte do que eu.

"Esqueça o que aconteceu aqui." Ordeno e encaro as pessoas vazias e suas bebidas.

Caminho calmamente até o balcão e sorrio para o garçom, o mesmo balança sua cabeça positivamente me cumprimentando e empurra uma garrafa de Bourbon em minha direção.

Seguro firmemente o copo recém-usado ao meu lado e preencho o mesmo com o líquido marrom, levo o copo até minha boca sentindo o cheiro forte de um perfume feminino, semelhante ao da garota que estava com a duplicata. Molho os meus lábios com o líquido e deixo que o mesmo entre em minha boca, causando uma leve e quase nula queimação.

"Verbena." Sorrio com o meu pensamento e tomo todo a bebida do recipiente, deixo o copo sobre a mesa e me afasto indo em direção ao grupo de jovens que insistem em jogar sinuca.

Minha atenção é tirada dos adolescentes assim que eu sinto o osso do meu braço quebrar, eu saio para fora em passos rápidos e olho para o céu.

Está na hora.

O mesmo osso se quebra novamente,dessa vez deixando a minha mão esquerda virada, como a de um lobo.

Ando rapidamente em direção a floresta tirando o meu casaco pesado e grande rapidamente. Meus pés se arrastam pela rua deserta, prendo a respiração assim que a minha perna se entorta, caio no chão e tento não gritar mas não tem como, não tem nada mais doloroso que sentir os seus ossos se quebrarem em toda noite de lua cheia.

Me deito no chão e respiro ofegante, já passei por isso milhares de vezes e cada dia fica mais intenso. Meus olhos de híbrido aparecem e eu olho para a lua, os meus caninos crescem de uma forma rápida e dolorosa, eu rio baixo ao me lembrar do estrago que fiz na noite passada e deixo a maldição me controlar.

corruptedOnde histórias criam vida. Descubra agora