corrupted

Two.

   Sinto a fina garoa cair sobre meu corpo despido enquanto abro os meus olhos lentamente. Observo os troncos de árvores gigantes e retiro algumas folhas secas de minha pele. Me levanto e com meu casaco em mãos cubro o meu corpo nu, ajeitando o pano pesado ao meu redor.

Minha audição se amplia fazendo com que eu tenha total noção de tudo o que acontece ao meu redor. Um sorriso aparece em meu rosto assim que escuto uma voz fina e doce ecoar em meus ouvidos, meus pés se movem lentamente em direção ao barulho enquanto meus sentidos se normalizam aos poucos.

"Eu sei Elena, mas não posso o iludir."

    Assim que o nome da duplicata é pronunciado minha expressão se torna séria. Acelero os meus passos sem olhar para trás enquanto termino de abotoar o  casaco em volta do meu corpo. A garota de cabelos louros está encostada em uma árvore, seus braços pousados sobre sua cintura enquanto sua mão direita segura o seu aparelho celular próximo ao seu ouvido. Seus olhos azuis esverdeados são rapidamente direcionados para os meus pés descalços, ela sobe o seu olhar rapidamente para a minha face e me encara assustada.

"Te ligo depois."

  Ela balança a cabeça negativamente interrompendo o que a garota por detrás da linha iria falar e bloqueia o celular, o guardando em seu bolso. Minha audição é ampliada, me possibilitando ouvir o seu coração bater forte contra o seu peito enquanto ela fecha a mão claramente amedrontada, tentando demonstrar confiança.

"Estava ligando para minha amiga, mas não preciso mais da ajuda dela porque eu encontrei um cavalheiro que será bondoso e me ajudará, não é?"

Seus olhos piscam finalmente depois de tanto tempo paralisados, ela inclina o seu corpo para frente caminhando calmamente em minha direção com cautelosidade, ajeitando os seus cabelos lisos de uma maneira habilidosa e rápida.

"Errado."

Sinto o incomodo em minha gengiva assim que meus caninos começam a crescer. As veias abaixo dos meus olhos aparecem deixando o meu rosto ainda mais assustador, por fim, as pupilas dos meus olhos são dilatadas e um tom amarelado as invade, deixando a minha aparência sombria.

"Seus olhos..."

Sua mão é levada  aos seus labios, ela caminha para trás em passos rapidos assim que o meu sorriso se abre, deixando a garota ainda mais confusa. Inclino minha cabeça para o lado ao ver a mesma cair no chão, a loira acabou de tropeçar em um galho seco. Seu corpo se força rapidamente para se levantar e os seus olhos marejados fazem com que eu deseje ainda mais o seu sangue.

"Corra".

A hipnotizo em longa distância, vendo o seu corpo criar coragem para correr. Seus pés se movem rapidamente na direção oposta, solto um suspiro esperando o momento certo para atacar minha presa.

"Está perdendo o seu tempo, Niklaus." Meu subconsciente se esforça para me lembrar que o meu real querer não é perseguir garotas pela floresta e sim me libertar.

  Elevo o meu rosto para o alto assim que sinto gotas gélidas cair sobre o mesmo. Está chovendo. O frio começa a rondar a floresta e a velocidade das gotículas de água aumentam, formando uma tempestade catastrófica para a garota que corre em direção a estrada.

    Me esforçando para segui-lá devido a minha fraqueza pela transformação, eu me movo rapidamente, fazendo as árvores serem apenas feches aos meus olhos. Paro no meio da estrada sentindo agora o meu corpo completamente molhado e solto um suspiro, esperando pela garota.

"Você se atrasou, amor."

   Sinto o seu corpo se chocar contra o meu na estrada, estava correndo sem olhar para frente, ela se vira imediatamente me olhando enquanto tira desajeitadamente o seu cabelo de seu rosto.

    Encaro a feição assustada da humana e o seu cabelo dourado ainda grudado em seu rosto devido a umidade. Ela dá um passo para trás tentando fugir mas minha mão rapidamente segura o seu braço, a impossibilitando de correr.

"Por favor."

    Ignoro o seu pedindo e cravo os meus dentes em seu pescoço. Seu sangue invade minha boca e eu me delicioso com aquele gosto diferente, há algo nele que me faz querer cada vez mais. Por fim, quando me sinto forte o suficiente, meu aperto se afrouxa, deixando que o corpo fraco da bela moça caía na rodovia inundada por água.

  Observo atentamente ela tentar estancar o sangramento com sua mão, tremendo uma vez ou outra. A chuva se intensifica, levando embora os rastros do sangue em meus lábios, me tornando assim, apenas um homem normal novamente.

Me abaixo ficando próximo da moça e enfio minha mão em seu casaco verde escuro, retirando de lá o seu telefone. Abro o mesmo visualizando o número da minha próxima vítima na tela e um sorriso estampa o meu rosto quando o coração da garota para de bater.

"Que comecem os jogos."