Aurora

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Há coisas na vida que sempre parecem nos surpreender. Algumas coisas parecem tão difíceis de ouvir, que ao passo, podemos perder tudo, em questão de segundos. Antes de conhecer o Trem da meia-noite, ainda viajei até Delain no Remmy.

Quando eu embarco no Trem, a magia acontece, sou transmutado por trilhos surreais em forma espiral, contornando-se ao azul do céu, e se escondendo nas nuvens de outrora. Meu vagão, tinha pinturas decaídas, rumo ao rústico antigo. O estofado de couro, e uma mesinha no centro, separando os dois estofados.

Na parte da frente, coloquei alguns desenhos de cidades frias, e chuvosas, e viajo quando quero para aqueles lugares quando tudo parece complicado demais.

Pela janela, a paisagem mais linda do mundo, a grama esverdeada, as borboletas, as enormes árvores de eucalipto, e o céu pegando tons carmesins. O reflexo do sol sobre o vagão, penetrava o meu rosto, fecho olhos, uma luz forte, ensurdecedora. E pronto!

Eis que está Delain. O vagão para. A buzina ecoou, avisando para todas as criaturas, que o humano chegou. Desci do vagão. Olhei o Remmy. (Remmy é o condutor, tem o tamanho de um rato, e usa um Blazer, olhos gigantes.)

- Sr. Remmy, obrigado! - Agradeci!
- Sr. Steve, tenha um bom sonho - retrucou.

O Trem seguiu o seu trilho, desaparecendo na aurora boreal. Respirei fundo. Encantado como todas as outras vezes com o lugar magnífico. E então ao longe eu vi Pink. Um coelho cor-de-rosa, saltitante.

- Stive! - Gritou o Coelho.

Eu apenas sorri.
- Aonde estão os outros? - perguntei.
- Estão no palácio da princesa Lion.

Princesa Lion, essa sim, era a princesa em que eu gostaria que embarcasse comigo. Pense por um minuto, viajar pelo Trem por 3 horas parando em cidades diferentes, em reinos diferentes. Concretizar o eterno, em que só existe em livros.

- O que tem por lá? - perguntei mais uma vez.
- Hoje é a cerimônia de noivado, com o príncipe Leonard de Lancaster. Tá tendo um festão!

Meus sonhos, se fecharam. Como flash, rápido e envolvente, penetrando em meu coração com uma dor terrível, dolorosa.

Comecei a retroceder, estava acordando.
O Trem voltava. Eu queria sair dali, como nunca pensei antes. Voltei!

Acordei. Deixei o vagão. Remmy me olhou no fundo dos olhos.

- Eu sinto muito Sr. Steve.

E então ele desapareceu, o Trem continuou ali, voltou a ficar envelhecido, sujo, imundo, abandonado. Senti uma lágrima escorrendo sobre meus olhos. Sentei no velho banco, pensativo, atônito.

E por um segundo, pensei.
"O café da Srta. Margareth cairia bem agora...".

O Trem da Meia NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora