O sol ainda não havia aparecido quando ao longe avistei o castelo que papai havia falado. Foi uma surpresa para mim, saber que morava alguém ali, isso parecia abandonado. Continuei seguindo seus passos até por fim chegar na entrada do castelo.
Papai já havia entrado e eu ainda estava ali de pé como sempre ficava toda vez que passava por aqui, hipnotizada e admirando as poucas flores, árvores, gramas, estátuas de pedra e um chafariz que ficava no centro fazendo dali, um lugar mágico.
Passei pelo portão já enferrujado, tomando cuidado para não pisar ou tocar em nada que anunciasse minha presença. Ao subir alguns degraus para entrar no castelo, escuto bem baixo a voz de papai não entendo nada do era dito, pois a porta grande e grossa impedia a passagem do som.
Aproximei-me ainda mais, e devagar pus meu ouvido na porta na tentativa de ouvir alguma coisa. Foi só assim que escutei uma voz grossa e alta retumbando pela casa, parecia estar zangado e duvidando do que papai falava. Respiro fundo tomando coragem para entrar e enfrentar quem quer seja, devagar empurro a porta pesada me revelando para os dois homens que discutiam.
-Bela! - ofega papai em desespero e tento sorrir para tranquilizá-lo na tentativa dizer que tudo está sobre controle.
-Mas o que é isso! Eu deixei claro que não queria outra pessoa! - viro-me na direção da voz vendo o homem de que papai havia contado, não acreditando no que vi.
O homem estava de costas e usava um capuz longo e preto. Pude até não reconhecer a voz por estar intimidada e com medo, mas reconheceria aquele capuz de longe.
-Desculpe meu senhor... - pediu papai e juntei minhas sobrancelhas ao ver como papai se dirigiu ao homem. - Não sabia que ela estaria me seguindo.
-Mentiroso! - esbravejou. Minha respiração acelera ao relembrar que ele havia um dia me ajudado. Olho para papai vendo o medo tomar contar de si, nunca tinha o visto assim e não seria hoje. Aquieto minha respiração e tomo coragem enfrentando-o.
-Quem é você para dizer o que é verdade ou mentira? Como ousa tornar alguém prisoneiro por ter pego uma simples rosa? - esbravejo de volta, sem tentar controlar a raiva em minha voz.
O homem virou-se levantando um pouco a cabeça e cerrei meus olhos tentando enxergá-lo ou ao menos ver sua reação ao saber que eu era a garota que ele havia ajudado dias atrás. Mas o capuz cobrindo seu rosto e o ambiente escuro que preenchia o lugar, deixava isso impossível.
-Você é a Bela? - pergunta friamente e não me deixo abater.
-Não interessa quem sou.
-Filha... - papai me chama, mas continuo fitando o homem. - Por favor...
-Não pai, se é a maldita rosa que ele quer de volta, aqui está! - digo jogando a rosa no chão do grande salão. - Não faço questão de ter comigo, algo que seja dele...
-Você não sabe com quem está falando, sabe? - retruca e dou um leve sorriso sarcástico. Agora me arrependo do que lhe disse ontem. Eu definitivamente não gosto dele.
-Isso interessa? Conheço bem as pessoas da sua espécie.
-Minha espécie? - indaga desacreditado e continua. - Quer saber, mudei de ideia... - diz enquanto passeia pelo salão.
-Vai nos deixar ir embora? - questiona meu pai esperançoso e cresço meus olhos a espera.
-Isso não passou pela minha cabeça. - ele para sua andança e completa. - Vou querer sua filha como prisioneira.
-O quê? - ouço a voz de papai falhar e arfo. Meu plano era livrar meu papai e não piorar a situação.
-Tenho uma proposta.