Capítulo 5

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Sentados no sofá da biblioteca em frente a luz de uma lareira, eu tomava uma xícara de chá enquanto o homem de capuz tomava coragem para me contar sobre ele.

-Primeiramente...

-Me diga seu nome... - choramingo como um pedido, mas logo me recomponho pedindo desculpas e tomando mais um gole do chá.

-Tudo bem, me chamo Robert Northerf.

-Robert. - repito sorrindo ao saber seu nome. - Não sabe o quanto vai ser bom não ter que te chamar de homem do capuz.

-Homem do capuz? - indaga fazendo uma careta.

-É como eu te chamava... Por causa do... Capuz... - digo e ele se atreve a sorrir me deixando sem jeito.

Uau!Será que ele tem noção do quanto é bonito quando sorrir?

-O que foi? - indaga e pisco meus olhos aturdida.

-O que foi o quê?

-Você estava sorrindo de um jeito bastante singular.

-Ah! - tomo mais um gole do chá. - "É que você fica tão lindo quando sorrir, que podia admirá-lo por horas."- isso foi o que queria ter dito, mas o que saiu foi. - Essa é a primeira vez que vejo você sorrir.

-Pelo que me parece Bela, essa é a primeira vez que conversamos civilizadamente por mais de 30 segundos.

-Costumava contar os segundos? - indago cerrando meus olhos.

-Quando se vive muito tempo sozinho, bem...Isso importa? - pergunta cerrando os olhos como eu, me fazendo rir.

-Porquê sempre usa uma armadura para se proteger das pessoas? -pergunto.

-Bom, tenho motivos...

-E vai me contar?

-Como já disse... Sou Robert Northerf. Era o caçula de dois irmãos e morava em um castelo longe daqui, com meus pais.

-Porque está falando no passado? - interrogo.

-Porque todos eles estão mortos. - minha boca se abre e sugo o ar com força.

-Sinto muito Robert... Deve ter sido um momento difícil para você.

-Por mais cruel que isso vá parecer, não foi difícil. - sua voz volta a ser fria e seus olhos não demostrava emoção.

-Por que tanto rancor?

-Desde que eu nasci fui deixado de lado. Minha mãe queria uma menina,mas engravidou de mim. Ela me falava todos os dias que eu nunca deveria ter nascido e meu pai sempre concordava. Até hoje posso ouvi-la gritar que eu era um fardo e que nunca faria parte da família.

-Minha nossa... - arfo espantada. - Como eles tiveram coragem de fazer isso? Eram seus pais!

-Eles riam de mim, todos eles. Meus irmãos mais velhos sempre faziam coisas erradas e colocavam a culpa em mim. Perdi a conta de quantas vezes fui espancado e agredido por todos eles. Quando completei 17 anos, me tornei um pouco rebelde. Nunca bati em meus pais, porém toda vez que meus irmãos implicavam comigo, eu revidava em porradas.Desejava todos os dias que eles morressem e o inferno que eu vivia pudesse acabar.

-Por que não foi embora?

-Eu não tinha para onde ir, era muito novo, por mais que eu quisesse sumir, não tinha como.

Bela - O amor pode transformar.Onde histórias criam vida. Descubra agora