O impossível possível

2.

Ele era ótimo de papo, mas na minha cabeça eu ainda tinha guardo em mim que não teríamos exatamente nada. Eu ia apenas "usar e abusar e depois jogar fora" como diz aquela frase popular de pessoas que estão sofrendo por amor, e querem desesperadamente desapegar e esquecer de tudo o que passou.
Hoje em dia é muito, muito fácil se comunicar, afinal os meios de comunicação estão cada vez mais se modificando e criando meios para facilitar isso.
É, vamos lembrar que ele me adicionou em todas as redes sociais possíveis, porém quem tomou a iniciativa de chamá-lo foi eu. Um boa noite como quem não quer nada, simples, curto e respondido com sucesso logo em seguida com o pedido do número do meu celular. Bingo!
Se nós conversamos? Talvez 24 horas fosse pouco para nós dois, tinha poucos dias desde que eu o havia sentado na mesma mesa que ele, e não parávamos de nós falar desde então. Não demorou muito e ele me chamou pra sair, pra ir me ver na faculdade. E eu? Há, não pensei duas vezes e logo aceitei o convite. Desde então, me peguei ansiosa por isso. Continuamos a conversar, coisas normais de pessoas que estão começando a se conhecer, começamos a conversar sobre nossas vidas e descobrindo um pouco mais um sobre o outro. Ele era alguém comum, legal, extrovertido, parecia inteligente, tinha um papo bacana, que era muito interessante inclusive, não faltava assunto, na época tinha 19 anos, e já tinha uma filha, já tinha sido casado, morava com os pais e no momento estava desempregado.
Se eu me importei com essas informações? Não! Eu nunca fui de ligar pra isso, o que me importava era como a pessoa era comigo, como ela me tratava, e como eu me sentia quando estava com a pessoa. Até o momento não poderia dizer muito, porém, eu tinha gostado dele. Mas, na minha cabeça não teríamos nada demais. Apenas uns beijos e aquela conversa que seriamos ótimos amigos.
Passou-se mais alguns dias e o dia do primeiro encontro chegou. Eu realmente estava ansiosa não sabia com que roupa ir, como me comportar, porque tenho que confessar, não sou uma garota tímida, mas quando não conheço alguém e vejo esta pessoa pela primeira vez, isso me deixa um pouco retraída e tímida. Pois é quem diria que a Clara seria tímida uma vez na sua vida.
Era um dia de muito calor, pra ser mais exata 8 de outubro de 2015, o horário de verão estava ativo, então imagine que o calor estava insuportável. Ok. Decidi ir de vestido, não era muito curto, era confortável e eu estava me sentindo bem com ele. Estava escolhida a roupa. Ufa!
Neste mesmo dia um amigo viria de uma cidade fora, para uma festa e pediu para que eu fosse vê-lo, disse que tinha um compromisso e logo depois iria com toda certeza vê-lo e participar da tal festa. Meus planos com o Henrique era no máximo uma hora, estourando uma hora e meia, tempo suficiente para ficar com alguém. Mas como sempre nada saiu como eu planejei.
Não estudo na mesma cidade que faço faculdade, viajo todos os dias, então meu tempo era contado. Sai de casa cheguei na faculdade e logo recebi uma mensagem dele
"Vou me atrasar cinco minutos"
Ótimo! Pensei, já começou bem, odeio atrasos. Mas tudo bem, não podia exigir nada dele. O combinado era as 19 horas, cheguei um pouco antes e fiquei no local combinado, um lugar onde não teria como ele não me achar. Sabe o que foi mais impressionante? Quando olhei no relógio 19:05 ele estava lá. Com isso já tinha ganhado pontos mega positivos comigo, pontual. Fomos para a frente da igreja, que tem no campus da faculdade, ficamos sentados em uns branquinhos, conversamos um pouco, e quando faltou assunto adivinhem? Ele me beijou! Droga. Maldita hora. Que beijo era aquele? Será que alguém podia me explicar? Porque MEU DEUS, não havia fôlego, porque ele me tirará todo, não havia mais batom, ele já havia tirado também, meu cabelo? Mais descabelada impossível. Nossa, imperdoavelmente incrível. Nosso primeiro beijo foi maravilhoso, nosso primeiro encontro foi maravilhoso, conversamos tanto, ele me fez tanto carinho, eu fiz tanto carinho nele, ficamos abraçados, ele deitou no meu colo, eu mexi no cabelo dele, ele quase dormiu, ficamos contando fatos da vida, contando histórias sobre nós, nosso passado, coisas que vivemos. Estava tudo lindo, maravilhoso, quando penso que não meu celular toca. Lembra do meu amigo? Pois então, o dito cujo. Eu tinha me esquecido completamente dele, estava tudo tão maravilhoso que não prestei mais atenção e nada. Mas e aí? Agora o que eu faria? Bom, como eu estava numa fase de rebeldia não me importei nem um pouco, mesmo estando tudo incrível soltei na lata:
— Um amigo meu me ligou, ele não mora aqui e veio para uma festa e eu combinei de ver ele. Me perdi na hora, jaja tenho que ir embora, preciso pelo menos dar um abraço nele. Tudo bem pra você? Você se importa?
Ele fez uma cara de alguém que não ficou muito satisfeito porém não mostrou negatividade para que eu não fizesse isso. Apenas disse:
— Tudo bem, não quero atrapalhar.
E logo respondi:
— Ei, você não está atrapalhando, está tudo maravilhoso, porém é que eu já havia combinado com meu amigos. Teremos outros dias para ficar juntos. Pode ter certeza disso.
Isso foi o que eu falei, mas na cabeça estava comigo que não passaria daquilo.
Fui ver meu amigo, a festa estava ótima, tiramos fotos juntos, eu bebi, e me diverti com o pouco tempo que me restava ante de ir embora.
Mandei mensagem para o Henrique falando que estava indo embora, como foi lá, e tudo. Para a minha surpresa até que ele estava normal, mas, um pouco seco.
Fui embora para casa e quando chego tinha a seguinte mensagem.
"Desculpe, mas não aguentei esperar você chegar, foi ótimo hoje, amei, quero te ver novamente, você me deu tanto carinho, como nunca. Ninguém nunca me tratou da maneira como você me tratou hoje. Você é maravilhosa. Obrigada linda."
Visualizei e respondi da seguinte maneira.
"Realmente foi maravilhoso, espero que tenhamos outras oportunidades. Durma bem, beijos."
Afinal, eu precisava mostrar quem estaria no comando. Mal sabia eu que essa toda minha marra, não iria chegar tão longe, que logo eu perderia o controle de toda a situação, por um longo tempo.