Parte II

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A espada cai com um baque abafado pela terra e pela grama. O príncipe ainda estava armado com seu punhal, mas antes que pudesse tentar pegá-lo, uma mão rápida o tira de seu cinto. Com o punhal do príncipe e a lâmina da adaga, o príncipe é empurrado para ficar de frente à sua captora.

Ele não consegue evitar um sorriso exibido frente a jovem que lhe aponta as armas de forma extremamente bem treinada. Seus olhos cor de violeta brilham mesmo na luz fraca da floresta e mechas do seu cabelo cor de palha, soltas da longa trança que prende seu cabelo, lhe emolduram a face.

- Não esperaria menos de uma donzela vestindo calças.

- Porque diz algo tão estúpido? – A garota rebate.

- A visão que tenho já me é suficiente para morrer feliz. – Diz Phillip, com um sorriso generoso. – Sou príncipe Phillip, a seu dispor, senhorita? – Diz ele, fazendo uma pequena reverência, sem se preocupar com as laminas afiadas que lhe são apontadas.

- E o que um príncipe faz na Grande Floresta, está perdido, alteza? – A seriedade dá lugar ao tom de sarcasmo na voz da jovem.

- Não estou perdido, procuro por um assassino. – É a primeira vez que o sorriso some do rosto do príncipe.

- E porque crê que esse assassino, esteja aqui? Ninguém vem à floresta. – Retruca a jovem, ainda com as pontas afiadas apontadas para o príncipe.

- Aparentemente eu e você estamos aqui, o que não poderia ser descrito como ninguém. – Diz Phillip, já achando o tom da conversa bem divertido.

A garota lança o punhal de Phillip em uma árvore, passando perigosamente perto da cabeça do príncipe e aponta sua adaga mais uma vez para ele.

- Siga sempre em direção ao norte, junto ao rio, três dias e estará na estrada a caminho de casa, alteza. Não se perca novamente.

Dizendo isto, a garota parte em direção ao cervo e começa a amarrar suas patas.

O príncipe volta sua espada para a bainha e, não sem dificuldade, tira seu punhal da árvore.

- Este cervo também me pertence. Minha flecha também o acertou. – Ele diz se aproximando da garota, que trabalha com agilidade e rapidez.Ela para por um instante e o encara.

- O que quer aqui príncipe? – Ela parece apenas cansada neste momento, sob os olhos do príncipe.

- Dividir. – Ele responde, se agachando à sua frente. – Estou com fome e só vou embora daqui quando encontrar quem eu procuro.

- Certo. Acamparemos aqui esta noite. Acenda uma fogueira. – Rapidamente diz a jovem, de modo autoritário, enquanto saca novamente sua adaga e perfura a carne do animal.

Por mais que o príncipe já tivesse participado de inúmeras caçadas, sempre voltava para casa e comia a carne devidamente assada e preparada. Fingindo não se importar, ele sai de perto da jovem e começa a recolher madeira para a fogueira e traz seu cavalo de volta consigo quando se aproxima novamente do local do abate.

Acender a fogueira era uma tarefa fácil e, mesmo sob o olhar inquisitivo da jovem, o príncipe consegue fazê-lo com presteza. Logo ambos estão sentados em volta da fogueira, um de frente para o outro, com as chamas da fogueira crepitando a carne do cervo. O príncipe não cansa de encarar a jovem, seus cabelos estão reluzindo um brilho dourado devido à luz do fogo e ela está detida afiando uma pequena lança de madeira que estava fazendo a partir de um dos galhos que ele apanhara.

- Qual o seu nome?

- Me chamam de Briar Rose.

- Algo como roseira-brava? – Ele pergunta, sorrindo, enquanto ela continua séria e calada e não responde à pergunta, começando a cortar a carne do cervo que já está a ponto de queimar.

Aurora (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora