único

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Durante a licença de descanso da Enterprise, quando o capitão finalmente pensara se ver livre de todos problemas, o universo dá um jeito de lhe desapontar. Depois de descer a terra firme de um planeta pacífico no sul da galáxia, suas moléculas nem ao menos tinham se ajustado no devido lugar quando o loiro avistou seu ex - problemático - tendo uma discussão violenta com um garçom.

Pelo visto depois de quase quatro anos o sujeito não mudara nada; a certeza de que o dito cujo lhe atormentaria a paz assim que batesse os olhos em si atingindo-o como um tapa na cara.

Puta merda.

Quase deu uma cambalhota para atrás de uma coluna quando o homem de tez morena se virou em sua direção e seus olhares se cruzaram, o coração palpitando com a lembrança da dificuldade que foi se livrar do relacionamento ligeiramente conturbado que compartilhavam. O sexo era ótimo, apesar dos pesares.

O viu andar até si com os olhos arregalados de surpresa - ou talvez descrença? Jim não queria saber, só queria fugir. Foi o que fez. Assim que se viu perfeitamente a salvo dentro do banheiro de um dos milhares de bares espalhados por aquela parte da cidade, sacou o comunicador e sem pensar duas vezes - o que era um pouco preocupante - apelou para o seu primeiro oficial.

– Spock! Você tem que me ajudar!

– Aconteceu algo, Capitão? - a voz do vulcano era indiferente e ao mesmo tempo alarmada.

– Não, nada relacionado aos assuntos da nave, mas eu continuo em apuros! Desce aqui.

– É mesmo necessário?

– Spock, pelo amor de Deus!

Na verdade, a ajuda de Spock não era tão requerida e Jim não sabia porque, mas sempre sentia estar 100% confiante da resolução de todos os problemas do mundo se tivesse ele ao seu lado.

Não demorou muito até ver, pela janela do banheiro, o vulcano se materializar quase no mesmo ponto em que ele se encontrava antes. Olhou para os arredores e nem sinal do ex - o destruidor. Saiu do banheiro como um raio, checando os lados a frente atrás todos os lugares até se ver fora do estabelecimento e correndo até o amigo.

Spock parecia confuso a respeito de sua presença numa licença de passeio, aparentemente inútil aos seus olhos e às suas sobrancelhas que pareciam responder 97% de qualquer pergunta que lhe era feita. Importante frisar que uma das metas de vida do loiro era definitivamente tocá-las.

– Meu ex está aqui!

O vulcano lhe encarou com sua expressão de absolutamente nada por pelo menos 5 segundos.

– Perdão? Ex?

– Eu te explico no caminho!

– Caminho? Capitão, eu confesso não estar entendendo exatamente o problema com o qual o senhor est-

– Spock, eu quero que você flerte comigo! - O loiro largou a sentença no ar, fitando a sua frente como se estivesse vendo um fantasma. Lá estava ele, encarando-o com aquela expressão inquestionável de reconhecimento.

– Capitão, eu não estou enteden-

– Me dá sua mão, rápido, por favor. - Jim não esperou por uma resposta ao se apressar e entrelaçar sua mão a do vulcano, pedindo desculpas silenciosas logo que sentiu o calor irradiando do outro e suas bochechas verdes de vergonha.

– Jim, isso é extremamente inapropriado.

O tom de reprovação e seriedade quase fizeram o loiro hesitar. Quase.

Sentou-se em um dos bancos do balcão e implorou através do olhar pidão de cachorrinho que o outro se sentasse ao seu lado. E como Bones sempre dizia, Spock não conseguia resistir a eles, sentando-se sem titubear.

A arte do flerteOnde histórias criam vida. Descubra agora